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Rio das Ostras Jazz&Blues Festival

Nos últimos dois fins de semana aconteceu o 12º Rio das Ostras Jazz&Blues Festival. Foram 10 dias de atividades, sendo 6 de shows. E tudo de graça. O festival nasceu do Projeto Rio das Ostras Instrumental – apresentações mensais nas praias da cidade durante os anos de 2001 e 2002. A receptividade da população e …

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Nos últimos dois fins de semana aconteceu o 12º Rio das Ostras Jazz&Blues Festival. Foram 10 dias de atividades, sendo 6 de shows. E tudo de graça.

O festival nasceu do Projeto Rio das Ostras Instrumental – apresentações mensais nas praias da cidade durante os anos de 2001 e 2002. A receptividade da população e o aumento considerável do turismo nas datas do evento instigaram os organizadores a investir em algo mais ousado. Em 2003, surgiu o Rio das Ostras Jazz&Blues Festival. O objetivo é levar música de qualidade à população local e ainda incrementar o turismo.

Atualmente, é considerado um dos dez maiores festivais de jazz e blues, gratuitos, do mundo e o maior da América Latina. Em 2013, o público estimado foi de 15.000 pessoas por dia. Esse ano não foi diferente.

Estrutura

O festival conta com 4 palcos:

Cidade do Jazz e do Blues (Praia de Costazul) – contém o palco principal, onde ocorrem os shows nas noites de sexta-feira e sábado; praça de alimentação; pontos de vendas de artesanato, CDs, revistas e camisetas; telão que transmite os shows ao vivo; e a Casa do Jazz e do Blues, onde artistas iniciantes e bandas alternativas se apresentam, além de ter mostra de documentários e exposição de fotos.

Praia da Tartaruga – considerado o palco mais charmoso por localizar-se sobre uma pedra que invade o mar, de onde, além de assistir ao show, é possível admirar o pôr-do-sol, já que lá os shows ocorrem no fim da tarde.

Lagoa do Iriry – anfiteatro ao ar livre em meio à restinga, onde é possível ficar bem perto do artista.

Concha Acústica da Praça de São Pedro – palco para apresentação dos novos talentos do jazz e do blues. Fica ao ar livre, de frente para o mar.

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Entrada da cidade do Jazz. Foto: Divulgação.

O primeiro fim de semana

No primeiro dia, 8 de agosto (sexta-feira), os shows tiveram início no palco de Costazul. A banda Jamz, participante do programa Superstar da Rede Globo, abriu o festival. O guitarrista, Paulinho Moreira, é natural de Rio das Ostras e ficou emocionado ao tocar no palco principal na sua cidade. Em seguida, a Orquestra Kuarup, formada por jovens músicos da região, homenageou Dorival Caymmi e contou com a participação do Balé Baia Formosa. Depois, Carlos Malta e Pife Muderno animaram a plateia com suas flautas e repertório dançante. Quando Marcus Miller, um dos mais importantes e influentes baixistas elétricos do mundo, entrou, mais de 2h da madrugada, e deu seu “Boa noite” em português, o frio foi esquecido e o público delirou. Por fim, Pepeu Gomes encerrou a noite às 4h da manhã, sendo ovacionado pelos fãs.

No segundo dia, 9 (sábado), os shows já começaram às 11h da manhã no palco da Praça São Pedro, com Duca Belitani. Às 14h15, Pepeu Gomes apresentou-se novamente, mas dessa vez na Lagoa do Iriry e, às 17h15, Marcus Miller na Praia da Tartaruga. O dia foi chuvoso, mas isso não impediu os fãs de irem aclamar seus ídolos mais uma vez. À noite, novamente no palco de Costazul, foi a vez de banda Afro Jazz, que mistura os ritmos africanos com o brasileiro. Larry McCray, guitarrista de blues-rock e cantor soul. Raul Midón, deficiente visual que conquista qualquer um com sua voz suave, seu dedilhado no violão e improvisos, fazendo dele uma orquestra em um homem só. E Rick Estrin & The Nightcats, mistura de jump blues, rockabilly e surf rock que coloca todo mundo para dançar com a gaita de Rick Estrin e sua simpatia. No último dia do primeiro fim de semana, 10 (domingo), os shows eram limitados à parte do dia. De manhã, Angelo Nani, à tarde Rick Estrin & The Nightcats e, por fim, Raul Midón.

No último, foi possível contemplar um lindo pôr-do-sol disputando com uma lua gigante meio escondida por trás das nuvens.

O segundo fim de semana

Na sexta-feira, dia 15, os shows começaram às 20h no palco principal. Adriano Grineberg, marcado pelo seu carisma e bom humor, considerado um verdadeiro “showman”, abriu a noite. Logo depois, Badi Assad e Marcos Suzano mostraram a que vieram, a primeira com sua incrível técnica no violão e a percussão, além dos efeitos sonoros que faz com a boca, e o percussionista com seu jeito peculiar e swingado de tocar pandeiro. Em seguida, a banda holandesa The Jig colocou todo mundo para dançar com seu “funk sound”. Randy Brecker impressionou a todos com seu trompete e participação do baixista brasileiro André Vasconcellos. E, por fim, o guitarrista Popa Chubby e sua mistura de rock, Hendrix e blues.

No sábado, 16, durante o dia apresentaram-se Zuzu Moussawer Trio, Popa Chubby e Randy Brecker. À noite, no palco principal, Taryn, Toninho Horta e Rio Jazz Orquestra abriram a noite. Em seguida, HBC – Super Trio com Scott Henderson, Jeff Berlin e Billy Cobham contemplaram o público com toda a sua experiência e técnica. Al Jarreau, grande aguardado da noite, foi aclamado, apesar do problema no som, que atrapalhou sua apresentação. Por fim, Rockin’ Dopsie Jr. & The Zydeco Twisters viraram a Cidade do Jazz e do Blues de ponta cabeça com sua animação e simpatia, encerrando a noite em grande estilo.

No último dia, 17 (domingo), apresentaram-se Glaucus Linx & Ancestrais Futuros de manhã, Rockin’ Dopsie Jr & The Zydeco Twisters, que lotaram a Lagoa do Iriry, e HBC – Super Trio com Scott Henderson, Jeff Berlin e Billy Cobham, sob um pôr-do-sol lindo.

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Cidade do Jazz. Foto: Gabriel Salles/Secom Rio das Ostras

Além dos palcos

O que chama a atenção no festival, além das atrações incríveis, são os artistas independentes que se apresentam nas ruas entre os shows principais.

Na própria Cidade do Jazz e do Blues, a Orleans Street Jazz Band e a Monte Alegre Hot Jazz Band tocavam entre as apresentações, andando entre o público.

Ao sair na rua entre qualquer um dos shows, com certeza haveria uma banda tocando para quem quisesse ouvir. No primeiro fim de semana, a banda Bagunço (que também se apresentou na Casa do Jazz) animou a população com sua energia contagiante e interatividade, fazendo todos que passavam pararem para conferir. No segundo fim de semana, o grupo La Fantastica Percusion tocou no final dos shows, além do grupo de cortejo Amigos da Onça, que levavam quem quisesse acompanhar para o píer na praia.

A semana entre os finais de semana

Quem pensa que a vida continuava normalmente entre os dias de festival está muito enganado. As atividades continuaram a todo vapor.

Durante a semana, a Cidade do Jazz recebeu shows de música instrumental, festival de música para novos talentos, dança, oficinas técnicas e visitas guiadas. Além disso, essa edição contou também com o primeiro concurso de bandas do Rio das Ostras Jazz&Blues Festival. Nos dias 12, 13 e 14, 35 bandas se apresentaram no palco de Costazul para três jurados. A vencedora foi Segundo Set, que, como prêmio, abriu a última noite de shows e já integra o casting da edição de 2015. Nos 3 dias de apresentações, atrações como Larry McCray e a banda The Jig encerraram a noite.

Além das atividades organizadas pela própria produção do festival, os alunos de Produção Cultural da UFF (Universidade Federal Fluminense) de Rio das Ostras também fizeram sua parte. Na Casa do Jazz, celebrando o dia Nacional das Artes, foi realizado o sarau e concurso de poesias PoesiaÊ?!. Nele houve também uma exposição das ilustrações para o um livro resultante do projeto, o qual conterá todas as poesias concorrentes Além disso foram realizadas recitações de poemas, venda de camisetas personalizadas com uma poesia e sua respectiva ilustração, exibição do curta “Pedra” de Pedro Panesi, lançamento do livro “Apontamento sobre o delírio” de Daniel Pereira de Mello e show de voz e violão com André Uruguay. Na quinta-feira, houve o Blues de 5uinta, evento semanal que busca fortalecer o cenário de jazz e blues na cidade, com participação da banda Tree.

Para encerrar o último dia do festival em grande estilo, aconteceu o Lá-Tá-Rolando, evento também elaborado e produzido pelos alunos de Produção Cultural da UFF, na Concha Acústica. Houve recitação de poesias com o grupo Poesia JAH, projeções mapeadas com Doninha Projeções Mapeadas, discotecagem com a DJ Luíza Cruz e shows das bandas Bacon Blues, Smooth, FacçãoCaipira, Tree e o cantor solo Big Washington.

O clima e a organização do festival são admiráveis, fazem a experiência valer à pena. Ter a oportunidade de assistir a shows de qualidade, em mais de um palco, de graça e ainda descobrir artistas novos é algo único. Ano que vem tem mais e promete ser ainda melhor.

Por Lana Ohtani Spolle
lanaohtani@gmail.com

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