Jornalismo Júnior

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“Sonhei em Português”: uma exposição que reflete o elemento mais básico de um povo, a língua

Após a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, quase cinco anos depois do museu ter pegado fogo, a Jornalismo Júnior realizou uma visita ao Museu para conferir uma de suas novas exposições temporárias: “Sonhei em Português”. Com curadoria de Isa Grinspum Ferraz, a exposição, que ficou em cartaz até o dia 12 de Junho, havia …

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Após a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, quase cinco anos depois do museu ter pegado fogo, a Jornalismo Júnior realizou uma visita ao Museu para conferir uma de suas novas exposições temporárias: “Sonhei em Português”. Com curadoria de Isa Grinspum Ferraz, a exposição, que ficou em cartaz até o dia 12 de Junho, havia buscado realizar um estudo sobre a questão da migração contemporânea brasileira através de um fator comum que une todos os migrantes: a Língua Portuguesa.

Na entrada da exposição, éramos apresentados com a primeira sala conhecida como “Deslocamentos Cruzados”, em que mostrava a língua e as pessoas em constante movimento e bastante dinamicidade. Além disso, os visitantes também eram contemplados com as histórias de vida desses imigrantes logo na entrada da exposição, através de relatos e muita interatividade.

Uma das experiências interativas na exposição é uma espécie de “jogo de tabuleiro”, em que os jogadores são representados por imigrantes e os visitantes vão acompanhando suas histórias de origem e migração enquanto movimentam os peões no mapa-múndi.

Logo após entrarmos na exposição e termos contato com as experiências e relatos de vida desses imigrantes, somos convidados a embarcar em uma espécie de jornada migratória para nos sentirmos como se fôssemos um imigrante. O primeiro passo dessa jornada ocorre na sala “Tanto Mar”, em que somos apresentados por uma obra de arte que representa a travessia de um oceano, um dos primeiros passos que milhões de migrantes têm que tomar diariamente em suas vidas.

 

A instalação “Travessia”, feita pelo artista Leandro Lima, busca evocar uma experiência sensorial de uma verdadeira travessia no oceano nos sentimentos dos visitantes através de tecnologia, luzes, sons e movimentos.

Depois que completamos nossa “travessia” pelo oceano e conseguimos chegar em uma nova terra completamente desconhecida, precisamos buscar documentos que irão facilitar nossas vidas nesses novos países. E esse é um dos assuntos que a próxima sala , apelidada de “Para esta cidade”, irá abordar através de 12 caixas com elementos importantes para os migrantes, dentre eles, estes pequenos pedaços de papéis que fazem uma grande diferença na vida migratória.

 

Após conseguir chegar no país destinado, um documento importante para os migrantes é o passaporte, já que ele garante uma estadia legalizada e segura neste novo país, sendo um objeto de desejo e adoração de muitas pessoas.

 

Outro objeto de muita importância para os migrantes são os aparelhos de celular, já que eles facilitam a comunicação com os familiares e amigos que ficaram no país de origem e auxilia em muitas informações na sua nova moradia.

 

O último objeto que os migrantes buscam ao chegar em um novo país é um pequeno pedaço de papel chamado currículo, já que ele facilita a vida dessas pessoas a conseguir um emprego e a iniciar a sua nova vida em um novo país.

Após ter conseguido se estabelecer no seu novo país de destino, tendo conseguido uma moradia, um aparelho de comunicação e um emprego, a saudades de casa e dos amigos/familiares que ficaram para trás começa a apertar no coração. E é sobre esse sentimento que as outras caixas da sala buscam explorar, um sentimento que muitas vezes só possui nome no português: a saudades.

 

A saudades de casa, dos amigos e da família é sempre uma angústia para todos os imigrantes e uma grande dor no peito que acompanhará eles em sua jornada inteira no novo país, e que nem mesmo porta-retratos irão suprir esse sentimento.

 

A saudades de casa, dos amigos e da família é sempre uma angústia para todos os imigrantes e uma grande dor no peito que acompanhará eles em sua jornada inteira no novo país, e que nem mesmo porta-retratos irão suprir esse sentimento.

 

A nossa própria cultura é algo que nos conecta como povo de um país e que deixa a sua marca de saudades em nossas peles quando não temos mais contato com elas, e nesse momento, percebemos o quanto um simples brinquedo pode fazer falta da nossa casa tão longe.

 

Assim como as memórias dos entes queridos e a saudades de nossa cultura típica, a literatura é algo que podemos levar conosco na nossa malinha pelo oceano e que nos teletransportará para a nossa casinha.

Não podemos esquecer das nossas crianças, que são tão afetadas pela travessia quanto os adultos, sofrendo com a mesma saudades de casa que nós. E a exposição possui algumas caixas reservadas para esse sentimento infantil, muitas vezes esquecido e menosprezado, mas que é tão importante e doloroso quanto qualquer migração.

 

Uma parede repleta de desenhos feitos por crianças migratórias para representar a cidade natal e tentar matar um pouquinho da saudades de casa que habita no coração de cada um desses pequenos viajantes.

 

Bilhetinhos deixados por migrantes para as suas famílias

Após realizar uma volta pelo íntimo dos migrantes, descobrindo as suas dores e angústias, entrando fundo em suas histórias e origens, acabamos voltando para a sala inicial. E mais uma vez podemos observar como a língua é algo muito dinâmico e que viaja pelo mundo todo, mas que ao mesmo tempo é capaz de conectar todos os povos e todas essas pessoas que passam pela mesma situação: a migração.

 

Tapeçaria feita pelo artista Edmar Almeida representando as bandeiras dos países e como elas estão “entrelaçadas” entre si, mostrando como o próprio povo está “entrelaçado” e um fator que entrelaça é a língua

 

Em uma vitrine bem na entrada da exposição, letras de vários alfabetos do mundo inteiro flutuam para representar a dinamicidade da língua, sempre viajando e em constante migração.

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