Na última terça-feira (14) os atletas da elite do surfe se reuniram na Praia de Supertubos, em Peniche, para decidir os campeões do MEO Rip Curl Pro Portugal. Essa foi a terceira das cinco etapas antes do corte de meio de temporada, que ocorrerá após as duas disputas em solo australiano (Bells Beach e Margaret River), em abril.
Mesmo perdendo a final da etapa de Portugal para João Chianca, Jack Robinson permaneceu na posse da lycra amarela e da liderança individual do ranking, com 23.665 pontos, seguido por Chianca, com 22.170. A campeã feminina Caitlin Simmers passou a dividir o segundo lugar da tabela com Carissa Moore, com 17.355 pontos, ambas atrás de Molly Picklum, com 19.490.
Final feminina
A veterana Courtney Conlogue enfrentou a rookie Caitlin Simmers, de apenas 17 anos, pela final do MEO Rip Curl Pro Portugal. No caminho até a última disputa, Courtney derrotou a havaiana Gabriela Bryan, pelas oitavas de final, a australiana Sally Fitzgibbons, pelas quartas, e a brasileira Tatiana Weston-Webb, com uma virada no último minuto da semifinal. Já a novata Caitlin começou o Finals Day enfrentando a compatriota norte-americana Caroline Marks. Depois, venceu as australianas Sophie McCulloch, nas quartas de final, e Macy Callaghan, na semifinal.
A bateria final começou em alto nível. Courtney Conlogue conseguiu nota 9.00 em sua primeira onda, após surfar um belíssimo tubo. Ela ainda conquistou uma nota 3.83, o que fez com que Simmers precisasse de 12.83 pontos — bem acima da combinação 2.57 (1.50 + 1.07) da jovem.
Foi apenas quando o relógio marcou os 12’ restantes que Simmers encontrou sua boa onda. Com um bom tubo e duas manobras, a novata conseguiu nota 7.17, quebrando a combinação. Com isso, ela passou a precisar de 5.67 pontos.
A virada veio logo. Apesar de Courtney ter a prioridade, Caitlin aproveitou uma deixa, surfou ao longo da onda e esperou para fazer duas manobras na parte mais crítica da formação. Com a nota 6.33, ela virou a bateria e deixou Courtney precisando de 4.50 pontos nos 5’ restantes, o que não aconteceu. Essa foi a primeira vitória em etapas do WT da jovem norte-americana Caitlin Simmers.
Final masculina
João “Chumbinho” Chianca enfrentou o australiano Jack Robinson pela final da etapa de MEO Rip Curl Pro Portugal. Além dele, o brasileiro enfrentou outros três competidores — todos australianos — no quarto e último dia de surfe em Portugal. Nas oitavas de final, venceu Ethan Ewing em uma bateria equilibrada. Nas quartas, deixou Connor O’Leary para trás. Na semifinal, conseguiu a maior somatória da competição, 17.10 (9.43 + 7.67), para vencer Callum Robinson.
Do outro lado da chave, Jack Robinson começou o dia derrotando o compatriota Ryan Callinan pelas oitavas de final. Nas quartas, venceu o indonésio Rio Waida com tranquilidade, após abrir quase oito pontos de vantagem. Na semifinal, encontrou um colega de treinamento: Jack Robinson e Yago Dora têm como técnico Leandro Dora, pai do surfista brasileiro. Apesar da proximidade, o australiano foi superior e chegou à grande final.
No começo da bateria, os dois atletas receberam notas baixas pelas tentativas falhas de surfar alguns tubos. A primeira boa onda surfada foi um tubo de Jack Robinson, de nota 6.17. Logo depois, Chianca surfou uma excelente onda: ele permaneceu nas profundidades do tubo e conseguiu sair com a onda ainda aberta. Apesar de não ter finalizado perfeitamente, recebeu nota 7.83. Pouco depois, Chumbinho corrigiu seu erro: surfando um bom tubo, realizou bela manobra na junção e finalizou em pé, o que lhe rendeu nota 8.50.
As boas ondas de João Chianca deixaram Jack Robinson em uma situação complicada. Apesar de restarem 17’ no relógio, quase metade da bateria, o australiano precisava de 16.33 pontos na somatória. Tentando o mínimo de 6.33 para sair da combinação, Jack surfou um tubo por bastante tempo, saiu num dog door “fabricado” e recebeu nota 5.67.
Enquanto Jack sofria, Chianca demonstrou calma e muita habilidade. O brasileiro surfou um tubo espetacular, permanecendo muito profundo e conseguindo a maior nota da bateria, 9.07. Além de ultrapassar sua própria marca da maior somatória do evento, ele deixou o oponente precisando de uma combinação ainda maior: 17.57 pontos.
Após ter uma onda “roubada” por Chumbinho, que utilizou a prioridade, Jack surfou um tubo logo em sequência e recebeu nota 8.97, o que gerou muita controvérsia entre a torcida brasileira. Assim, o australiano passou a precisar de 8.61 pontos a dois minutos do fim da bateria. Restando 1’, Chianca usou sua prioridade em uma onda que não conseguiu surfar. Apesar de ter ficado com a prioridade, Jack Robinson não encontrou boa onda e o título da etapa de Portugal ficou nas mãos de João Chianca.
O campeão João Chianca abraça seu técnico Luiz Henrique “Pinga” [Foto: Reprodução/WSL]
*Imagem de capa: Reprodução/Instagram @wsl