Márcia Scapaticio
O “Silêncio de Lorna” é um dos filmes que compõe a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido pelos irmãos Jean – Pierre e Luc Dardenne possui uma abordagem ácida da condição humana, falando mais alto, nesse caso, a questão dos imigrantes, representados por Lorna (Arta Dobroshi) em sua busca pela cidadania belga. O que podemos sacrificar em nós e nos outros para conseguirmos algo? O comportamento de Lorna perante as situações e a música de encerramento do filme talvez tragam luz à discussão, porém, o seu final torna confusa a nossa experiência como espectador da obra.
Inserir a contrastante vivência do imigrante a seus limites pessoais é uma das chaves narrativas, não há como representar o próprio desejo quando se está submetida aos mandos e desmandos dos verdadeiros donos da vontade; nenhum sentimento de Lorna é considerado e os seus parceiros de cena são absorvidos por isso. A personagem é chamada muitas vezes durante o filme, ouve-se: “Lorna!”; “Lorna?”, e a resposta possível é o silêncio, a única atitude é obedecer.
O modo de filmar com a câmera fechada, centrada nas ações dos personagens, reforça o sentimento de estar sem saída. Resta agir e não contestar. Das cenas, não se exige emoção, contudo, quando ela se faz, é em seu caráter mais extremo. Todos esses detalhes e nuances podem dificultar a aceitação do filme ou provocar um desejo de que ele vá além, entretanto, é essa a proposta oferecida pelos diretores e, assim como Lorna, o espectador pode escolher entre “dar o silêncio” ou “dar a resposta”. Para tal, basta aceitar o desafio e conferir a sessão.
Locais e horários:
Reserva Cult. 1 – Sáb (18), 22h20min
Cine TAM 3 – Seg (20), 21h
Esp. Unib. 3 – Sexta (24), 17h10min
Unib. Pompéia 1 – Dom (26), 22h00
Leia mais sobre este filme: Solitário Silêncio, por Mariana Franco