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Adolescência, família e Kant

“De acordo com Kant, o amor existe quando se coloca o objeto acima do sujeito”. Essa é a primeira resposta dada pelo renomado – e atrapalhado – cientista Phillippe Le Tallec, personagem de Daniel Auteuil, à sua filha adolescente e, aparentemente, apaixonada. O filme em questão é o francês “Quinze Anos e Meio” (15 ans …

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“De acordo com Kant, o amor existe quando se coloca o objeto acima do sujeito”. Essa é a primeira resposta dada pelo renomado – e atrapalhado – cientista Phillippe Le Tallec, personagem de Daniel Auteuil, à sua filha adolescente e, aparentemente, apaixonada. O filme em questão é o francês “Quinze Anos e Meio” (15 ans et demi), que relata o desafio enfrentado por Phillippe ao voar de Boston, onde vive, para a França, a fim de passar três meses com a jovem Églantine (Juliette Lamboley).

A trajetória é previsível, nem por isso menos cativante. O pai até então ausente choca-se com o estereotipado universo juvenil: boletins, namoros, festas e piercings. O mesmo mundo, explorado em tantos filmes norte-americanos, também foi alvo das câmeras brasileiras este ano em “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodansky, o que nos deixa a impressão – ou certeza – que jovem da classe média só muda mesmo de endereço.

Os filmes apresentam inúmeras semelhanças entre si, principalmente no que tange à vida dos jovens protagonistas: pais separados, primeiros contatos com o sexo, paixão pela garota/garoto mais popular, dificuldade de diálogo na família, constrangimentos e a descoberta do amor que estava ao lado. Essas semelhanças são justamente o ponto fraco de ambos os longas, que exploram a imagem cinematográfica padrão do adolescente. O estereótipo, como qualquer outro, não foi criado do nada, mas condiciona personagens muito mais previsíveis que seus correspondentes reais.

O melhor dos filmes, portanto, é o que possuem de diferente. Ou seja, aquele toque brasileiro ou francês que dá o charme e a graça final, inexistentes nas comédias românticas estadunidenses. Em “Quinze Anos e Meio”, particularmente, a sexualidade tratada com despudor (nos diálogos em que o pai revela o ciúme sentido pela filha) e as intervenções surreais (como as aparições do amigo imaginário de Philleppe, ninguém menos que Albert Einstein) são por sua vez os pontos fortes.

Foge à regra de pontos fortes e fracos, talvez, a semelhança entre ambos de que, embora não apresentem novidades ou suscitem debates inéditos acerca da adolescência, bem valem a tarde de domingo. Personagens e situações interessantes, que fazem parte de nossa rotina, porém que apenas no cinema adquirem a dimensão universal e o caráter cômico dos desencontros familiares e dos dramas juvenis.

Por Beatriz Montesanti

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