Alvorada. É o nome da residência oficial do Presidente da República que intitula o documentário das cineastas Anna Muylaert (Que horas ela volta, 2015) e Lô Politi (Jonas, 2015). Longe de tentar explorar todos os fatos que circundam o maior acontecimento político de 2016, Alvorada (2021) acompanha os dias que antecedem o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
O documentário começa com a inesquecível e perversa fala que antecedeu o voto de Jair Bolsonaro, então deputado federal pelo PSC, no processo que culminou na impugnação do segundo mandato de Rousseff. Mas após ouvir exaltações a um dos maiores torturadores da Ditadura Militar, o telespectador é transportado para meses antes do impeachment e pode aos poucos entrar no Palácio da Alvorada pela porta de trás. Isso porque, ao invés de mostrar a fachada do palácio, como é comum, é por meio da rotina dos funcionários que o longa começa a explorar o dia a dia da residência presidencial.

Uma das maiores qualidades do documentário é a construção da figura da presidente. Sem optar por heroísmos exagerados, mostra Dilma como uma pessoa séria, equilibrada e com grande determinação ao enfrentar algo que certamente foi uma das maiores provações de sua vida política. Mais do que isso, Alvorada busca humanizar Rousseff, que reluta ao ser transformada em personagem, trazendo nuances e emoções que normalmente são difíceis de enxergar nas figuras presidenciais.

Mas Alvorada não é um documentário triste. Muito pelo contrário, faz questão de marcar momentos de descontração e vivacidade entre as personagens, bem como de mostrar todo o empenho e força exigidos da assessoria, equipe jurídica e aliados políticos da presidente durante maio e agosto de 2016.
Alvorada estreia hoje nos cinemas. Confira o trailer:
*Imagem de capa: Reprodução/África Filmes, Dramática filmes e Cup Filmes