A dupla Anavitória, que vem conquistando cada vez mais espaço no cenário musical brasileiro, estrela nos cinemas de maneira divertida, delicada e moderna. Ana e Vitória (2018) promete ser uma “comédia musical sobre relacionamentos modernos” e cumpre isso de forma surpreendente nas telonas.
O filme é uma autoficção que retrata a escalada de sucesso das cantoras rumo ao que são hoje. Mostrando desde o momento em que que as duas garotas do interior do Tocantins resolveram gravar músicas juntas até o alcance do estrelato, a narrativa aborda a história real de Ana Caetano e Vitória Falcão. A parte ficcional do filme fica por conta dos encontros e desencontros que as personagens vivem no amor.
Aliás, o amor é o cerne de todo o filme. Desde a grande amizade entre Ana e Vitória, que vemos se formar diante das telas, aos relacionamentos românticos vividos por elas com diferentes pessoas, sempre tratado de maneira delicada e identificável. Questões como relacionamentos abertos, sexualidade e corações partidos são retratados com grande empatia e não caem em nenhum tipo de estereótipo.
É um filme feito para jovens: a presença das redes sociais como ferramenta de relacionamentos interpessoais é muito explorada ao longo de toda a história, e conferem ao longa-metragem um ar muito contemporâneo.
Os pontos fortes são muitos: embora aparente ser só mais uma comédia romântica qualquer, Ana e Vitória tem muito a oferecer ao espectador. A direção de Matheus Souza foi fundamental para conferir a leveza e fluidez que o filme precisava. A produção executiva de Felipe Simas – empresário do duo dono do hit Trevo (Tu) – também contribuiu muito para que a narrativa parecesse mais próxima da realidade quanto possível.
As atuações também surpreendem positivamente. Mesmo sem nenhuma experiência anterior em atuação em uma produção tão grande quanto a película, tanto Ana quanto Vitória conseguem construir uma conexão muito forte com o público. Algo que possibilitou que isso se tornasse realidade foi que as meninas fizeram adaptações no roteiro para que as falas ficassem muito naturais, do jeito que elas diriam na vida real.
A fotografia também representa um ponto alto inesperado na produção. O uso da câmera se transforma, muitas vezes, em uma forma de construção de metáforas na narrativa. Um exemplo disso são as cenas de Ana e Cecília (Clarissa Müller): em boa parte delas, as atrizes performam uma música que conta mais sobre o estado do relacionamento das personagens e, todas as vezes, parece que se está assistindo a um videoclipe da canção interpretada.
Por falar nisso, as músicas também são parte indispensável do filme. Toda a trilha sonora foi produzida por Tiago Iorc e Rafael Langoni, e a composição ficou por conta de Ana Caetano. Essas novas canções têm uma pegada mais pop e letras, como sempre, profundas e tocantes. Vários sucessos de Anavitória também aparecem, como a música Chamego Meu, primeiro single lançado por elas.
O uso da linguagem tecnológica como recurso fotográfico também foi feita de maneira certeira e representa uma tendência no universo do cinema. Pode-se citar como exemplo o constante uso de caixas de texto representando mensagens, o uso de filtros divertidos como no Snapchat e Instagram, entre outros. Na maioria das vezes esses elementos aparecem de forma poética, mas em outros momentos, se tornam cansativos. Entretanto, funcionam para manter a atualidade dos meios de comunicação e redes sociais usadas pela juventude de hoje.
Ana e Vitória conta com vários atores em ascensão no cenário cinematográfico nacional. O elenco é formado também por Bruce Gomlevsky (Deus é Brasileiro (2003), Chico Xavier (2010)), Erika Mader (Somos Tão Jovens (2008), Apenas o Fim (2008)), Thati Lopes (Porta dos Fundos (2015-)), Bryan Ruffo (Tim Maia (2014), Linha de Passe (2008)), Caíque Nogueira (Amor Veríssimo (2014-2015)), Victor Lamoglia (Carlinhos e Carlão (2018), Gaby Estrella (2016)), o humorista Hamilton Dias e Clarissa Müller, influenciadora digital, que atua e canta no filme.
Em suma, o longa-metragem que representa a estreia de Anavitória nos cinemas funciona para o público alvo, que com certeza irá se identificar com as situações vividas pelos personagens, sendo que o grande trunfo fica por conta do jeito que os relacionamentos modernos são tratados.
Para conferir a produção de F/SIMAS e Galeria Distribuidora, é só esperar até o dia 2 de agosto, ou verificar as datas das pré-estreias no site e nas redes sociais de Anavitória. No dia da grande estreia, nas sessões de 21h30, após o término da exibição haverá a transmissão ao vivo de um pocket show da dupla. Fica a dica! O trailer do filme é esse aqui:
As meninas cederam uma entrevista ao Cinéfilos e falaram mais sobre o processo de estrear na sétima arte com um filme sobre elas. Dá o play aí para conferir!
por Laura Alegre
lauraalegre@usp.br