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As Branquelas: o amado sucesso farofa faz 15 anos e já é clássico da comédia.

Por Beatriz Cristina beatrizcristina.sg2000@gmail.com Acha mesmo que tudo que aconteceu nos anos 2000 deve ficar nos anos 2000? Achou errado. Assim como as pochetes e as blusinhas croppeds ainda estão nas passarelas das grifes, As Branquelas (White Chicks, 2004) ainda continuam fazendo sucesso e sendo lembradas como aquele filme que não cansamos de assistir pela …

As Branquelas: o amado sucesso farofa faz 15 anos e já é clássico da comédia. Leia mais »

Por Beatriz Cristina
beatrizcristina.sg2000@gmail.com

Acha mesmo que tudo que aconteceu nos anos 2000 deve ficar nos anos 2000? Achou errado. Assim como as pochetes e as blusinhas croppeds ainda estão nas passarelas das grifes, As Branquelas (White Chicks, 2004) ainda continuam fazendo sucesso e sendo lembradas como aquele filme que não cansamos de assistir pela milésima vez. Mesmo com críticas negativas pela mídia especializada em cinema, o público não se abalou com as características típicas da comédia besteirol, cantando  A Thousand Miles freneticamente e atualizando os memes relacionados à produção cinematográfica.

15 anos após sua estreia, o filme ainda é sucesso entre o público. [Ilustração: Tiago Medeiros – Comunicação Visual/Jornalismo Júnior]

O que é uma comédia besteirol?  

Segura o meu poodle que eu vou explicar: comédias besteirol são baseadas num humor escrachado e apoiado em estereótipos. As Branquelas se encaixam nesse subgênero porque fazem piadas de duplo sentido e usam o estereótipos do homem negro em cenas do filme, especialmente representadas no personagem Latrell Spencer (Terry Crews). E por incrível que pareça, ainda tem uma galera que acha que existe racismo reverso no filme pelo fato de dois homens negros representarem duas socialites brancas. Outros pontos que as críticas especializadas adoram apontar no filme são o roteiro baseado nas trapalhadas dos protagonistas e na falta de uma discussão reflexiva ao espectador (até porque os críticos esperavam os espectadores derrubando o sistema após a exibição do filme). Para se ter uma ideia, no site americano de críticas a produções cinematográficas, Rotten Tomatoes, a aprovação foi de apenas 15% e nota 3,5 numa escala de 0 a 10.

Marcus e Kevin Copeland são dois atrapalhados agentes do FBI especialistas em disfarces [Imagem: Reprodução]

Socialites fúteis, irmãos Wayans como agentes atrapalhados do FBI, um grupo de amigas e nosso amado pai do Chris são a mistura que deu certo.

Na produção, Kevin e Marcus Copeland (Shawn e Marlon Wayans, respectivamente) são agentes do FBI que estão a ponto de serem demitidos por trapalhadas em serviço. Mas antes disso eles devem participar de uma missão: levar para um glamouroso hotel, as fúteis socialites Brittany e Tifanny Wilson (interpretadas por Anne Dukek e Maitland Ward). As personagens foram inspiradas nas Irmãs Hilton, socialites famosas nos anos 2000 que perderam espaço na mídia recente para as Kardashians. No meio do caminho, acontece um acidente protagonizado pelo cachorro das irmãs, deixando-as sem “condições de seguir em frente”. Então, resta aos irmãos assumirem seus lugares com a incrível caracterização delivery (com duração real de sete horas para ficar pronta) e que absolutamente ninguém se deu conta da diferença entre as irmãs Wilson fakes e originais.

Se não bastasse a caracterização, as novas “irmãs Wilson” ainda precisam agir como as originais, conviver com as Irmãs Vandergelt – inimigas declaradas cujo pai está envolvido em esquemas financeiros – lidar com o risco de demissão e perda do caso para outra dupla de agentes e, ainda, o ciúme da mulher de Marcus e os flertes de Latrell Spencer. Para conseguir completar toda essa missão sem ter um ADP (famoso Ataque de Pelanca, que é tipo um surto), há o grupo das patricinhas amigas das Wilson, mostrando aos agentes que não são 100% Bolsas Prada e futilidades. Elas também conseguem sofrer por embustes e até (spoiler:) fazem Marcus valorizar sua esposa após ele sentir o que as mulheres sentem em relação ao seus crushs.

[Imagem: Reprodução]

A dublagem consegue dar mais humor ao filme.

Vocês que adoram reclamar de filme dublado, saibam que nem tudo é tão horrível e que não estamos em Portugal, onde o título do filme é Loiras à Força. As cenas memoráveis oferecidas pela icônica dublagem brasileira são alguns dos pontos de sucesso do filme. Isso acontece, por exemplo, na afrontosa ofensa de mães entre Wilsons e Vandergelts, com a vitória garantida das “Caipiranhas de Beverly Hills” mandando um “Sua mãe é tão velha que sai leite em pó das tetas dela!” e assoprando um pó branco (talvez seja o leite em pó mesmo) na cara delas.

Outra cena é a da loja de roupas. Enquanto Tiffany está tentando experimentar uma roupa super apertada, a falsa Brittany elogia o corpo de Tori, uma amiga das Wilson, mas acaba recebendo a visão cheia de complexos de sua amiga sobre o próprio corpo: “Olá! Eu sou a Sally Celulite e olha meu culote! Mas quem é que disse isso?! Foi a Kelly, a baleia assassina! Oi muito prazer, eu sou a Orca, a baleia assassina! Alguém manda de volta a baleia pro Oceano!”. Nisso, a roupa da Tiffany acaba rasgando e o botão quebra o espelho!

[Imagem: Reprodução]

A Thousand Miles

“Makin’ my way downtown / Walkin’ fast, faces pass / And I’m homebound”. Se você leu esse trecho cantando, sabe do quê estamos falando. Apesar de a música de Vanessa Carlton ter estreado em Legalmente Loira (Legally Blonde, 2001), seu sucesso absoluto foi alavancado após a participação na trilha sonora de As Branquelas. Cantada e tocada em vários momentos ao longo do filme, quando os personagens estão muito descontraídos, dá uma nostalgia nos espectadores e uma certa vontade de cantar também. As cenas onde a música está presente se tornaram clássicos da produção, por exemplo, no carro das garotas (com as Branquelas errando totalmente e letra e partindo para um rap) e no encontro de Tiffany com Latrell.

A Thousand Miles era tema do grupo das garotas e, além disso, aumentou o sucesso da música nas paradas de 2004. [Imagem Reprodução]

A batalha de dança

As cenas da boate são uma mistura de tudo que consideramos engraçado no filme em um único lugar. A batalha de dança entre o bonde das Wilson e das Vandergelt tem algum conceito naquelas coreografias inseridas em Crazy In Love que até hoje ninguém conseguiu sentir a proposta. As Vandergelts estavam quase cantando vitória quando as “Irmãs” tinham uma arma secreta, o break dance em It´s Trick. “Ah, mas você tá esquecendo de algo?” Pois é, o que seria dessa cena sem o Latrell dançando freneticamente com apito e pulseiras neon, após colocar uma “substância suspeita” na bebida da Tiffany e tomar por engano.   

Brittany e Tiffany não só merecem palmas, como o Tocantins inteiro depois de humilhar e colocar as Vandergelts nos seus devidos lugares. [Imagem: Reprodução]

O desfile

O desfecho não passaria batido. Se o filme inteiro teve humor, o final também. As revelações sobre a investigação dos agentes culminando em um tiroteio, a fantasia de cisne durante o desfile, as Vandergelts caindo na própria armação e, ainda, as falsas irmãs sendo desmascaradas pelas verdadeiras, porque as mesmas descobriram que não estavam na capa de uma revista.

As irmãs Wilson desmascaram as falsas irmãs no meio do desfile, mas serviu de gatilho para a confusão onde o pai das Valdergelts revelou seus esquemas criminosos. [Imagem: Reprodução]

E é claro, deixamos o melhor pro final: Latrell Spencer

Nosso eterno pai do Chris, ou melhor, Terry Crews, é conhecido pelos seus papéis cômicos na televisão e no cinema. Na produção, ele rouba a atenção em todas as cenas que aparece, muitas vezes conseguindo ser mais lembrado do que os personagens dos Irmãos Wayans.

Seu personagem, Latrell Spencer, é um famoso, rico e bombadão jogador de basquete, mas também totalmente sem noção e obcecado por pessoas brancas (quem assistiu a versão sem cortes sabe do que eu estou falando), especialmente por Tiffany (Marcus) sem se dar conta que ela é, na verdade, um agente do FBI disfarçado. Sabemos que a composição do seu personagem é baseada no estereótipo do homem negro como objeto sexual, mas em várias cenas isso cai por terra (por exemplo, ele cantando A Thousand Miles e protegendo a falsa Tiffany de uma bala), fazendo o personagem ser engraçado pela sua falta de noção e ego inflado.

Sua louca paixão pela falsa Tiffany protagoniza as cenas que o público mais gosta de relembrar, como no leilão em que a “comprou’’ jantar, os maus modos dela intencionalmente pensados para Latrell ficar enojado, mas que o deixou mais apaixonado e as duas outras cenas já citadas acima. Até mesmo quando seu personagem não estava em cena, ele estava lá, como quando Kevin se passou por Latrell para impressionar a repórter Denise Porter (Rochelle Aytes) e levá-la à casa do jogador dizendo ser sua, mas chegando lá havia um Rottweiler e uma foto gigante do atleta em pose sensual na parede.

Podemos dizer que o filme é totalmente dele. [Imagem: Beatriz Cristina – Jornalismo Júnior

Com o passar desses 15 anos, o filme é uma das produções farofas que mais gostamos de assistir. Mesmo com a enxurrada de críticas negativas, a voz do público é quase a voz de Deus. Sendo assim, a falta de compromisso e seus personagens carismáticos acabam divertindo aqueles que não querem estar críticos ou esperando aquelas produções cult, fazendo você rir e esquecer dos problemas por 114 minutos e querendo assistir de novo toda hora. Se está fazendo sucesso entre nós por 15 anos, com certeza ainda fará por mais 30 ou 45.

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