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Baronesa, gênero luta

Vencedor na categoria de “melhor longa-metragem” da Mostra Aurora pelo júri da crítica e também do Prêmio Helena Ignez para destaque feminino na 21° Mostra de Cinema de Tiradentes, Baronesa (2017) é um filme majoritariamente produzido por mulheres e que se propõe a contar a vida de outras duas. Com roteiro e direção assinado por …

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Vencedor na categoria de “melhor longa-metragem” da Mostra Aurora pelo júri da crítica e também do Prêmio Helena Ignez para destaque feminino na 21° Mostra de Cinema de Tiradentes, Baronesa (2017) é um filme majoritariamente produzido por mulheres e que se propõe a contar a vida de outras duas. Com roteiro e direção assinado por Juliana Antunes, nesta que é sua primeira película, o que se vê na obra é um misto multifacetado de ações diretas, narrativas individuais e, fundamentalmente, do protagonismo da mulher negra e periférica.

Estacionado na fronteira entre o universo do cinema e do documentário, Baronesa é uma idealização de valor irrefutavelmente vivo e orgânico e que consegue imergir o espectador em um ambiente de microdramas que são, ao mesmo tempo, particulares, por estampar terceiros, e universais, por suscitar empatia e fazer refletir sobre uma balança social que nunca esteve em equilíbrio. Muito chama atenção a quase que completa ausência de um tremor inicial que dá pé a qualquer narrativa. No caso do filme, esse fio condutor indispensável existe, mas está intrinsecamente amarrado às próprias vidas das personagens, que por si só já se configuram como objetos anômicos.  

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Única presença adulta e masculina do longa, Felipe, ou ‘Negão’, como é chamado por Andréia, testa um colete a prova de balas que será usado nos conflitos do tráfico. Imagem: Divulgação

Fomentando e climatizando essas dissonâncias, a história se passa em uma comunidade periférica de Belo Horizonte onde vivem duas mulheres: Leid (Leidiane Ferreira) e Andreia (Andreia Pereira). Vizinhas, amigas e confidentes, juntas elas – que de fato são moradoras do bairro onde o filme foi rodado – compartilham suas vivências, medos e apreensões rodeadas por um ambiente em que o tráfico e a miséria são rotina. Enquanto a primeira espera pelo marido que está preso e vive para seus filhos, a segunda arquiteta planos para sair do bairro cada vez mais hostil e construir uma casa em Baronesa, lugar vizinho. Outro personagem que costura a história é Felipe (Felipe Rangel), um homem envolvido com o tráfico de drogas da comunidade e que, no filme, é a única figura masculina presente.

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Rodado na Vila Mariquinha, Periferia de Belo Horizonte, todas as personagens que aparecem no filme interpretam a si próprias. Imagem: Divulgação

Embora o cinema já tenha trabalhado essa pauta a exaustão, o que se vê de diferente dessa vez é o fato das narrativas individuais ganharem mais peso do que um panorama de  ações gerais ou pontos de partida; é como se o mero desvelar das particularidades de uma pessoa pudesse servir de espelho para refletir a vida, o meio e a amplitude de todo um grupo de mulheres que não está na obra em sua integridade, mas existe. Seja nas dificuldades que Leid encontra para criar seus filhos sem a presença paterna ou nos cálculos que Andreia faz para construir sua nova casa – que no final é erguida literalmente por suas próprias mãos –, Baronesa foge de muitos dos estereótipos que no cinema convencionalmente são atribuídos às mulheres negras e periféricas; não usa suas personagens como tipos sociais, mas como indivíduos de necessidades próprias e dores por vezes particulares, por outras coletivas.

Baronesa estreia no dia 14 de março. Confira o trailer:

por Matheus Oliveira
oliveiramatheus123@gmail.com

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