Bruna Buzzo
Co-produção franco-romena, Como Eu Festejei o Fim do Mundo mostra a decadência e o declínio do regime comunista na Romênia. Sob uma ótica diferente dos filmes com essa mesma proposta, aqui a análise parte dos personagens, de seus desgostos e aflições pessoais provocadas e oriundas da política nacional.
Eva (Doroteea Petre) é uma estudante comum que, por culpa do namorado – e vizinho – Alex (Ionut Becheru), acaba sendo expulsa do colégio em que ambos estudam. Alex quebra um busto do presidente Nicolai Ceausescu no colégio e seu pai policial, contrariando pedidos do menino, não isenta Eva de punições.
Os pais da menina acreditam que ela não deveria desprezar Alex, pois sua relação com ele os ajuda, e condenam a filha quando ela começa a se envolver com Andrei (Cristian Vararu), um novo vizinho considerado capitalista e colega na nova escola, que mais poderia ser considerada um reformatório.
Este cenário cotidiano estrutura e apresenta o final dos anos 80 de modo escuro e sombrio: a fotografia foca as casas e os ambientes com pouca luz, a Romênia é mostrada aqui como um país nebuloso e triste. O roteiro nos fala de como essa neblina parece penetrar na alma dos personagens, influenciando e direcionando suas vidas. Eles ganham brilho na atuação dos jovens atores que formam o núcleo principal da trama.
A grande atração deste filme, porém, é o irmãozinho de Eva, Lali (assim apelidado pela irmã), que faz planos de derrubar o presidente Ceausescu, sonha com barcos e vive gripado. O menino – brilhantemente interpretado pelo novato Timotei Duma – reflete a indignação crescente da população para com o socialismo e a esperança de mudanças próximas. Por si só, já valeria a pena.