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Deu a louca nos tradutores zumbis – um subtítulo explicativo sobre traduções de títulos

O nome do filme é Airplane, Ok, certo. Aí ele chega ao Brasil e você acha que ele vai se chamar Avião, certo? Errado. Você sabe de qual filme estou falando? Dificilmente, porque a tradução não é nada fiel: Apertem os cintos… o piloto sumiu.  Vou confessar uma coisa, sempre que ouvia falar de A …

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O nome do filme é Airplane, Ok, certo. Aí ele chega ao Brasil e você acha que ele vai se chamar Avião, certo? Errado. Você sabe de qual filme estou falando? Dificilmente, porque a tradução não é nada fiel: Apertem os cintos… o piloto sumiu.  Vou confessar uma coisa, sempre que ouvia falar de A noviça rebelde, imaginava uma freira que revolucionava o convento. Aí eu fui ler a sinopse e descobri que estava enganada, assim como os tradutores: o título original é The Sound of Music (o som da música).

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 Quando nos deparamos com essas traduções, é inevitável a pergunta: de onde tiraram isso? Além, é claro, da vontade de certa revolta. Tradutor há 13 anos e autor do livro Perdidos na tradução, Iuri Abreu ressalta que a escolha dos títulos não fica a cargo do tradutor, e sim da distribuidora. “Sei de um caso, descrito em matéria do jornal A Gazeta, de Vitória-ES, em que a pessoa responsável chegava a fazer uma lista de 40 títulos para depois se reunir com outros colegas (do marketing) e decidir o título final. É uma escolha comercial, para vender mesmo”, esclareceu.

Ele explica que o título tem que ser atraente para o espectador e que não existem critérios estabelecidos. Essa mistura resulta na mistura também das traduções: tem títulos que ficam no original, como Toy Story; outros que recebem subtítulos, como Christine – o carro assassino; e também os que mudam completamente, como Giant (gigante), que virou Assim caminha a humanidade.

Giant

Mudanças radicais
As mudanças radicais podem dar super certo ou serem um tiro no pé. Como no começo citei as traduções nonsense, tenho, agora, a obrigação de mostrar o excelente trabalho que alguns tradutores que se arriscaram e se deram muito bem, obrigada.

“Têm casos em que existe uma referência cultural muito específica que não faria sentido para um brasileiro médio”, comenta Iuri. Nesses casos, a melhor opção é trocar a expressão por algo que tenha significado no país. Um bom exemplo é o filme Murder at 1600, que faz uma referência ao endereço da Casa Branca, em Washington. “No Brasil, ficou Assassinato na Casa Branca, e foi uma boa escolha”, avaliou o tradutor.

Outro exemplo clássico desse tipo de alteração é o mais clássico ainda Bonequinha de Luxo. O original, Breakfast at Tyffany’s (Café da manhã na Tiffany’s) faz referência à famosa loja norte-americana, que não é conhecida por todos os brasileiros.

 Bonequinha de luxo

Os subtítulos – benção ou maldição?
“Quando um título não diz muita coisa sobre o filme, o marqueteiro de plantão fica se coçando todo, dá um nervoso no pobre coitado, e ele não sossega enquanto não bolar um subtítulo que esclareça os espectadores ávidos por um título significativo”. Essa é uma sátira de Iuri a filmes com subtítulos que só faltam te contar o final da história.

 “Jennifer 8 deixa a gente curioso, é adequado para um suspense, não revela praticamente nada. Só sabemos que há uma personagem chamada Jennifer e que, por algum motivo que só descobriremos vendo o filme, o número 8 está associado a ela. Para quê entregar o jogo e explicitar que ela é a próxima vítima?”, completa indignado.

Mas não condenemos os subtítulos ao inferno. Alguns servem para deixar o título com um quê de mais interessante, como Forest Gump – o contador de histórias.

Ops, spoiler
Têm sempre aqueles títulos não dizem muita coisa sobre o filme e acabam desinteressantes. Mas dizer demais pode acabar em spoiler sobre a história. O americano The Watch (a vigilância), que tem todo um clima de suspense no ar, virou Vizinhos imediatos de terceiro grau. O filme Annie Hall também ganhou o nada enigmático título de Noivo neurótico, noiva nervosa, já que eles sequer são noivos na trama.

Outro fato recorrente nas traduções brasileiras é abusar de algumas palavras-chave, como “deu a louca”, “confusão” “a hora do/da”, e muitos outros clichês. “O que me irrita são as escolhas mal intencionadas, usando palavras da moda para atrair um público-alvo bem específico. Por exemplo, o recente Meu namorado é um zumbi entra na onda do sucesso da série The Walking Dead e usa a palavra mágica ‘zumbi’ para vender o filme. Mas o original é apenas Warm Bodies (corpos quentes)”, conta Abreu.

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Confira mais algumas traduções inusitadas:

Black Widow (viúva negra) – O mistério da viúva negra
Valentine’s Day (dia dos namorados) – Idas e vindas do amor
Vertigo (Vertigem) – Um corpo que cai
The Tuxedo  (o terno) – O Terno de 2 bilhões de dólares
Bus Stop (parada de ônibus) – Nunca fui santa
Memento ( lembrança) – Amnésia
All About Eve (tudo sobre Eva) – A malvada
Fear dot com (medo ponto com) – Medo.combr
Abre los ojos (abra os olhos) – Preso na escuridão

Um bônus pra essa seqüência, que traz no original o nome dos protagonistas. Já no Brasil:

Smokey & The Bandit – Agarra-me Se Puderes
Smokey & The Bandit 2 – Desta Vez Te Agarro
Smokey & The Bandit 3 –  Agora Você Não Escapa

por Thaís Matos
thais.matos.pinheiro@gmail.com

 

 

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