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‘Do Universo de John Wick: Bailarina’: Ação, família e vingança em um filme a altura da franquia original

Obra competente e charmosa explora e faz jus ao complexo mundo desenvolvido em uma das sagas de ação mais amadas da atualidade
 Por Ana Carolina Mattos (a.carolinamattosn@usp.br)

Estreia nos cinemas nesta quinta-feira (05) o filme Do Universo de John Wick: Bailarina (From the Universe of John Wick: Ballerina, 2025). O longa se passa no mesmo universo da saga John Wick e mais precisamente, até no mesmo período que os filmes, com vários momentos se entrelaçando entre as produções ao longo da narrativa. 

Bailarina acompanha a trajetória de Eve Macarro (Ana de Armas), assassina treinada pela tradicional organização Ruska Roma, que busca respostas e principalmente, vingança pelo assassinato do pai que ocorreu quando era uma criança. 

O longa conta com direção de Len Wiseman, já familiar à ação no cinema. Wiseman trabalhou em filmes como Die Hard 4.0 – Viver ou Morrer (Live Free or Die Hard, 2007) e Desafio Total (Total Recall, 2012), além de ser roteirista e criador da saga de terror e ação, Underworld. Os principais nomes envolvidos com as produções de John Wick também estão presentes em Bailarina, com os produtores Basil Iwanyk e Erica Lee, os roteiristas Shay Hatten e Derek Kolstad  trabalhando juntos mais uma vez. Outro que também está presente é o diretor dos filmes de John Wick, Chad Stahelski, agora como produtor.

Uma novidade no longa é o envolvimento da atriz e roteirista Emerald Fennell, que ganhou destaque como cineasta com o filme Bela Vingança (Promising Young Woman, 2021), pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2022. Fennel foi responsável por adaptações e reescrita de parte do roteiro e, segundo Iwanyk, a escolha da roteirista para colaborar com a produção nasceu com objetivo de trabalhar a protagonista feminina de forma mais completa e complexa. 

Talvez justamente por envolver uma mesma equipe em ambos os filmes, Bailarina é uma produção tão respeitosa com a franquia John Wick. O longa se junta ao universo apresentado por Stahelski de maneira coesa, explorando ideias apresentadas nos filmes anteriores e atribuindo novas camadas para o complexo universo construído a passos calmos, mas consistentes ao longo da saga. 

O longa se passa entre John Wick 3 – Parabellum (John Wick: Chapter 3 – Parabellum, 2019) e John Wick 4: Baba Yaga (John Wick: Chapter 4, 2023). [Imagem: Divulgação/ Paris Filmes]

Com suas mais de duas horas de duração, o filme divide bem o tempo entre as cenas essenciais, para dar sentido a narrativa, e cenas de ação queridas e esperadas em um filme derivado das produções estreladas por Keanu Reeves. O diretor e o cinegrafista, Romain Lacourbas, trabalha bem as sequências de luta que, por meio de escolhas de ângulos criativos, jogos de câmera pertinentes e uma edição precisa, não tornam os combates exaustivos e pendentes.  

Como um filme do universo John Wick, Bailarina bebe constantemente dessa fonte. Não tem vergonha de se associar aos filmes, mas não se baseia unicamente nisso. O longa se desenvolve a partir da franquia original ao apresentar novas concepções sobre as complexas ordens e regras dos assassinos super treinados, contando também com uma protagonista complexa que carrega dilemas que a perseguem pela trama de maneira constante, o que contribui para a criação de uma personagem que consegue cativar o público.  

A produção abusa de cenas de ação violentas e eletrizantes, que apesar de muito bem coreografadas e editadas, quando somadas a uma trilha sonora não tão original e uma narrativa típica de vingança, segmentam o longa como um típico filme de ação, sem grandes destaques ou inovações para além do fato da conexão mais do que direta aos filmes da saga John Wick.

Ana de Armas em uma das sequências de ação iniciais de Bailarina. [Imagem: Divulgação/Paris Filmes]

Diferente da trajetória de John Wick, em que ao início do primeiro filme narrativa o protagonista já tem uma fama de assassino indestrutível e focado que o precede antes mesmo de que possa começar a agir, o público acompanha a personagem de Ana de Armas se desenvolvendo enquanto assassina, a parte mais curiosa e intrigante do filme. 

O longa começa a se debruçar sobre temas como trauma familiar, dilemas sobre o que se escolhe e o que se é condicionado, além de um debate filosófico sobre ser um assassino. Teria Eve nascido para matar? Seria matar uma predisposição e condição para sua existência? Apesar desses questionamentos interessantes, as ideias são apenas pinceladas ao longo do filme, com uma tentativa rasa de desenvolvê-las nos minutos finais do filme, que coloca em xeque um dos principais pontos negativos da produção. 

Em diversos momentos ao longo da narrativa, diálogos expositivos e cenas de flashback estão presentes de maneira exaustiva. Com isso, Bailarina se revela como um filme que não confia em seus narradores, relembrando o espectador constantemente do que já foi mostrado ou subentendido em tela.

Um ponto importante a ser elogiado é a forma como o filme lida com a protagonista feminina. Com uma ótima atuação por Ana de Armas, Eve é uma típica personagem de um filme de ação, parece uma pessoa contida e controlada, mas, nos momentos de ação, se mostra determinada, brutal e esperta. A protagonista não passa por sexualização ou glamourização, coisa comum em filmes de ação que contam com personagens femininas como importante ponto para a trama.

Parte do filme foi gravado em Praga, na República Checa. [Imagem: Divulgação/Paris Filmes]

Eve é simplesmente uma assassina competente e o longa faz questão de deixar isso evidente. A protagonista não é tratada como indestrutível e o filme apresenta seus defeitos e dificuldades, além das diversas formas que lida com as adversidades por meio de seus conhecimentos, não utilizando clichês comuns a personagens femininas em filmes de ação como a utilização de sua “natureza sedutora” e beleza para conquistar seus objetivos.

Apesar de hábil, Bailarina não passa de mais um clichê do gênero, que consegue cativar a audiência durante suas mais de duas horas de duração. Com cenas de ação que entretém e uma história simples, mas bem feita, o filme se beneficia muito por fazer parte de um universo já muito bem estabelecido e construído. Um spin-off a altura da franquia original, o longa é, sobretudo, uma experiência positiva e divertida, principalmente para aqueles já familiarizados e amantes de John Wick.

Bailarina já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer:

*Imagem da capa: [Divulgação/Paris Filmes]

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