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Eleições 2012: candidatos excêntricos roubam a cena novamente

O grande número de candidatos com nomes e slogans inusitados coloca em dúvida a credibilidade do processo eleitoral Por Fernando Pivetti (fernandopivetti@gmail.com) Eleições chegando, e novamente o polêmico horário eleitoral invade os rádios e as televisões de todo o país. Entre promessas e debates ideológicos, candidaturas incomuns roubam a cena e tornam-se um dos grandes debates …

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O grande número de candidatos com nomes e slogans inusitados coloca em dúvida a credibilidade do processo eleitoral

Por Fernando Pivetti (fernandopivetti@gmail.com)

Eleições chegando, e novamente o polêmico horário eleitoral invade os rádios e as televisões de todo o país. Entre promessas e debates ideológicos, candidaturas incomuns roubam a cena e tornam-se um dos grandes debates políticos da atualidade.

As eleições de 2012 mal começaram e a mídia já fala sobre os candidatos mais excêntricos desse processo. Depois do “Fenômeno Tiririca”, o qual recebeu mais de 1,3 milhão de votos e tornou-se o deputado mais votado do país, essa situação parece que tende a se repetir no pleito desse ano. Muitos candidatos apostam em uma veia humorística para conquistar os votos dos eleitores. Frases de duplo sentido, o uso de fantasias, músicas populares do momento e personagens famosos são os métodos mais utilizados para chamar a atenção da população.

A aposta no vínculo dos candidatos com personagens de grande aceitação do público desponta como uma das estratégias mais utilizadas, ainda que sem garantias de sucesso, para conquistar votos. Muitos inclusive se expõem a situações constrangedoras, com frases que ironizam o cenário político atual, acreditando que ideias como essa possam ser suficientes para sua candidatura chegar ao conhecimento de todos. Dentre os que utilizam personagens e figuras famosas destacam-se os candidatos Bob Esponja, Geraldo Wolverine, Mario Bross, Michael Jackson cover, Odete Roitman, Bin Laden, Chapolin e Kiko, do seriado mexicano Chaves.

Outros candidatos buscam explorar suas campanhas por meio da profissão que exercem, transformando os pequenos bairros onde residem em redutos eleitorais. Esse é o caso do Sérgio do ônibus, do Julião do lanche, do Neto eletricista, do Carlos jardineiro, do Chico da farmácia e da Fátima do pão.

“Puxadores de votos”

Mesmo com todos esses nomes estranhos, as celebridades são as figuras que de fato roubam a cena eleitoral. Ainda que apresentem uma vitória questionável, tornam-se as apostas dos partidos para figurarem como os novos “puxadores de votos”. Desde funkeiras até jogadores de futebol, eles abandonaram as mídias e os espetáculos para disputar uma vaga nas câmaras de todo o país. Em 2012, destacam-se nesse grupo a Mulher Pêra (funkeira), Charles Henriquipedia (televisão), Kiko do KLB (cantor), Cumpadre Washington (cantor), Washington Coração Valente (futebol), Serginho do BBB (televisão), Dinei (futebol), Marquito (televisão), Roque Júnior (futebol) e até o filho do Tiririca, buscando alcançar a mesma popularidade obtida pelo pai dois anos atrás.

A importância dada aos “puxadores de voto” no processo eleitoral advém do método com que os deputados e vereadores são eleitos no Brasil. A definição de quem ocupa essas cadeiras do Legislativo é baseada no chamado quociente eleitoral, calculado por meio da divisão entre o total de votos válidos e o número de vagas nas Câmaras. Dessa forma, o quociente determina a quantidade de votos necessária para se conquistar uma vaga. Uma vez definido esse quociente, é somada a quantidade de votos de todos os candidatos do partido ou da coligação, descobrindo assim a quantidade de vagas que o partido tem direito a ocupar.

Se um candidato recebe uma quantidade muito maior de votos do que a apontada pelo quociente eleitoral, a parte excedente desses votos é automaticamente repassada a outros candidatos do partido, contribuindo para a eleição dos que conquistaram menos votos. É exatamente esse poder de conceder votos que estão “sobrando”, para que outras pessoas se elejam, que define o papel do puxador de voto.

E a maioria desses candidatos têm motivos para acreditar na própria vitória quando observam a realidade dos que conquistaram uma vaga nas últimas eleições. Sejam motivados inicialmente pelo cargo e os benefícios do poder, ou pelo desejo de melhorar a realidade do Brasil, a questão é que alguns dos deputados excêntricos eleitos em 2010 parecem obter, hoje, uma relativa aceitação. É o caso do deputado carioca Romário, que virou notícia quando apareceu como um dos menos faltosos às sessões de toda a Câmara. Já Tiririca, tem demonstrado certo domínio quando o assunto é separar o personagem do deputado, e a diminuição das críticas e piadas relativas à sua figura comprovam a consolidação dessa postura.

Protesto ou deboche?

A grande visibilidade de candidatos que trazem uma proposta alternativa de candidatura levanta questões a respeito do futuro do processo eleitoral brasileiro. O discurso de renovação da política e a ideia de que o cenário atual do governo chegou a um limite de deterioração parece convencer o eleitorado. As causas para essa aceitação ainda são pouco esclarecidas, oscilando entre a fadiga para com os atuais governantes e o simples ato de deboche frente ao processo eleitoral.

Para Edison Silva, professor universitário entrevistado pela J. Press, a população em geral vem se mostrando pouco interessada pela política. Segundo ele, grande parte dos eleitores enxerga o processo eleitoral como “uma obrigação imposta a eles a cada dois anos”. Edison destacou ainda que “existem diferentes perfis de ‘estranheza’ dos candidatos, e aqueles que apresentam uma imagem construída pela mídia (famosos) são os que estão mais próximos da vitória nas urnas, muitos deles sendo os grandes puxadores de votos para seus respectivos partidos”.

Edison não acredita que os votos concedidos a Tiririca nas últimas eleições foram motivados por um protesto generalizado da população. Segundo ele, as candidaturas que apostam numa proposta política menos convencional “sempre tiveram seu espaço nas eleições, desde os tempos do Enéas. Mas esse espaço vai permanecer limitado, com uma ou outra figura saindo vitoriosa”.

Esforços para um voto consciente

Nos tempos de constitucionalização da Lei da Ficha limpa, mais do que nunca, o eleitor deve estar atento aos candidatos a quem ele vai confiar o seu voto. Pesquisar o histórico do candidato e suas ações no passado ganhou tanta relevância no processo de escolha dos representantes quanto as propostas de governo. Para auxiliar nesse processo, diversos portais da internet disponibilizam informações sobre os gastos, os salários, as ações e a ficha dos políticos.

Dentre as principais páginas, destacam-se o novo site da Ficha Limpa, os portais da Transparência da Câmara dos Deputados e do Governo Federal. O último disponibiliza, inclusive, informações a respeito dos salários dos servidores públicos, dados responsáveis pelo aumento exponencial do número de acessos do portal.

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