Quem já viu A Princesa Prometida (The Princess Bride, 1987), o cenário é familiar. Um menino doente recebe a visita de seu avô, que, bastante empolgado, resolve contar uma história cheia de reviravoltas para seu neto, um jovem interpretado por Fred Savage. Mas, algumas coisas mudaram: Fred já é um adulto, e em vez de estar na cama por vontade própria, foi sequestrado por ninguém menos que Deadpool. Sua condição para poder escapar? Ouvir a história do herói mais irreverente da Marvel contado “pelo prisma da inocência infantil”.
Era uma vez um Deadpool (Once Upon a Deadpool, 2018), também dirigido por David Leitch, é em uma visão mais geral uma releitura de Deadpool 2.
Na essência, o enredo continua o mesmo. As mudanças são em prol de deixar um filme mais adequado para todos os públicos. A violência gratuita, principalmente o sangue jorrando para todos os lados, é contido. Algumas cenas foram cortadas do Deadpool 2 original, mas a melhor parte dessa nova versão certamente são as inserções, que o tornam algo além de uma reprise.
Aos que já conhecem Deadpool, sabem que a metalinguagem é um recurso utilizado largamente. Em vez do filme só ter as partes pesadas censuradas, ela própria passa a ser motivo de piada. E além disso, o filme que vemos é uma história que Deadpool conta a Fred, o que deu um leque de possibilidades de intervenções que foram muito bem utilizadas .
Um aspecto diferente dos demais filmes em geral é: Fred não é um personagem, e sim uma pessoa real. Então, nesse momento já há uma mescla de realidade e fantasia que deixa toda a situação ainda mais divertida. O absurdo, e até certo ponto bizarro, é uma das formas de humor mais exploradas em toda franquia de Deadpool.
Nas diversas inserções que há conversas entre Wade Wilson (Ryan Gosling) e Fred, é comum também ver diálogos sobre como o próprio filme foi feito. Há brincadeira com o fato do filme ser uma produção da Fox, opiniões de Fred sobre algumas partes do roteiro terem sido mal feitas. Enfim, Deadpool sendo Deadpool: indo além do próprio enredo e se metendo em questões da realidade (você pode conferir bons exemplos no final do texto, vendo o trailer do filme).
O grande mérito dessa nova versão é o humor. Se existem aspectos de alívio cômico em outras produções de super-heróis, esse filme se pauta em ser zoação o tempo todo. São muito raros momentos de seriedade, e até mesmo quando acontecem, há alguma intervenção para deixá-lo de alguma forma divertido.
E um aspecto também importante de se ressaltar, mas algo mais geral de todos os filmes dessa franquia, é a quantidade de referências utilizadas no filme. Quem não conhece X-Men, não sabe quem é Fred Savage, ou nunca ouviu falar nem mesmo Star Wars, irá acabar ‘boiando’ em várias piadas. É importante colocar a cultura geek em dia antes de assistir alguma produção de Deadpool.
Era uma vez um Deadpool surpreende aqueles com baixas expectativas. É um filme até mais divertido que seus antecessores e segue dando vida ao personagem da Marvel de forma certeira. É preciso entrar na cabeça sabendo que, pra quem viu Deadpool 2, a história não terá nenhuma novidade, e é uma versão mais condensada. É recomendável ter visto todos os filmes da franquia para ter uma experiência mais completa, mas independente disto, a diversão ainda é garantida da mesma maneira.
O filme chega aos cinemas no dia 27 de dezembro. Confira o trailer:
Por César Costa
cesar.o.costa98@gmail.com