por Dado Nogueira
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Baseado em fatos reais, o longa Gênios do Crime (Masterminds, 2016) narra a história de David Ghantt (Zach Galifianakis), um segurança noturno e motorista na empresa de transporte de valores Loomis Fargo, e o roubo do qual participou à empresa em 1997, na Carolina do Norte. O roubo à empresa foi o segundo maior da história dos Estados Unidos, sendo roubados 17 milhões de dólares de uma só vez.
A rotina de David era monótona e sem graça, até que Kelly (Kristen Wiig) começa a trabalhar na empresa e passa a ser o ânimo que faltava na vida do segurança. Kelly, depois de uma discussão com o chefe, é demitida e vai para a casa de Steve Chambers (Owen Wilson), um velho amigo. Steve convence Kelly a ajudá-lo a roubar a Loomis Fargo e, para isso, Kelly se aproveita da queda de David por ela e o faz aceitar participar do roubo.
Após o sucesso do crime, David é enviado por Kelly e Steve para o México, com a promessa de Kelly acompanhá-lo dias depois e de Steve mandar-lhe dinheiro.
Utilizando-se de um clichê das comédias, o diretor Jared Hess inclui no filme o clássico personagem bobo, desastrado e manipulável, que escapa de uma maneira cômica e improvável de todos os problemas.
Basicamente, o longa se propõe a um humor que consiste em David sendo desastrado, derrubando coisas, atirando em si próprio por acidente e sendo feito de bobo por Steve e Kelly, além da clássica excentricidade dos personagens de Galifianakis. A proposta teria tudo para ter êxito, pois o diretor contava com um bom elenco de comédia que poderia fazer funcionar o humor torta na cara, mas durante todo o filme, o único momento engraçado são os sorrisos desajeitados e engraçados de David em uma sessão de fotos com sua noiva Jandice (Kate McKinnon) para o álbum de casamento, que aconteceria dali a um tempo.
Com cenas repetitivas e um humor um tanto quanto baixo, Hess falha no quesito fazer um longa engraçado. Como exemplo, tem-se a cena em que Kelly treina David para o roubo, utilizando tijolos para simular os sacos de dinheiro. Ele derruba os tijolos, joga-os fora da caçamba, desastrado como sempre e para complementar, Kelly o faz comer uma aranha morta, que expele líquidos e causa sensações de repulsa bem opostas ao riso. Pouco depois, na cena do roubo, ocorrem exatamente as mesmas ações. David pega as caixas com dinheiro e derruba-as no chão, joga pra fora do caminhão,tudo de forma quase idêntica à cena do treino.
O longa traça toda sua estratégia narrativa contando com recursos quase que exclusivamente da comédia. Poucas cenas com conteúdo dramático aparecem e quando, recebem uma abordagem pobre. Além de clichês, as poucas sequências melodramáticas destoam do resto do filme.
Outro ponto negativo é o modo como trata a população latino-americana. A polícia mexicana sempre um passo atrás, composta exclusivamente por três homens que são sempre enganados e retratados como idiotas sem preparo algum, enquanto o FBI é mostrado com uma grande equipe e aparato tecnológico. Além disso, há um diálogo extremamente problemático, no qual David, que iria fugir para o Brasil conversa com Mike McKinney (Jason Sudeikis), que faz um piada machista sobre a mulher brasileira. Nesse momento todo o pouquíssimo humor restava no filme se perdeu. A estereotipação racista e machista que o longa apresenta para tentar o humor causa incômodo. Não fosse o sorriso engraçado de Galifianakis, o filme não teria sido capaz de provocar nenhum único sorriso.
Confira o trailer:
Assisti hoje, no Netflix. Gostei bastante, recomendo 🙂
Gostei do filme, é uma comédia sim. Qual o problema? O cara é muito errado, só faz bobagem, ninguém quer uma lição, ver moral, é só pra rir. E não tem só uma cena engraçada. Não vai concorrer ao Oscar… Se você quer se divertir, eu recomendo o filme sim.