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‘Gloria’: a celebração do amor-próprio de Sam Smith

O álbum mostra a evolução pessoal de cantor, que, sem medo, exibe sua verdadeira face

No dia 27 de janeiro de 2023,  Sam Smith lançou seu quarto álbum de estúdio, intitulado Gloria (2023). A obra saúda o amor próprio, comenta desilusões amorosas e celebra a homossexualidade e a comunidade LGBTQIAPN+. Com 13 faixas, Gloria exprime, sem medo e censura, as verdade vivenciadas pelo cantor em sua descoberta e luta pela auto apreciação. 

Love Me More é bem colocada como a abertura do álbum, por já exprimir em seu título a temática principal de Gloria. Com os vocais já conhecidos e trabalhados pelo cantor, a faixa centraliza a importância do amor-próprio e o processo que envolve a sua conquista, tudo sendo entendido como um processo de enfrentamento das dores e do choro diários. É interessante observar que o nome da música pode indicar dois semblantes do amor: a insistência para que o outro te ame, ou a percepção de que deve-se amar a si mesmo. 

O cantor está vestido com um corset branco, luvas e chapéu de joais prateadas, além de outros acessórios em prata
Sam Smith se considera uma pessoa não-binária, ou seja, não se identifica nem com o gênero feminino e nem com o masculino. [Reprodução/ Instagram @samsmith]

No God é a faixa mais crítica do álbum,  ela retrata as dores de milhares de membros da comunidade LGBTQIAP+. Em síntese, sem muitas diferenças vocais, ao não ser em seus segundos finais, cantados mais fortes, porém abafados, a música apresenta os traumas que as palavras podem gerar aos seus receptores. Sam Smith mostra que elas possuem poder, mesmo que quem as pronuncie não apresente esse mesmo poderio. 

Hurting Interlude é o primeiro interlude do álbum. Com uma transição sutil entre essa faixa e a No God, o tom de Gloria abaixa — torna-se mais grave — e uma melodia mais melancólica se impõe entre as diversas sonoridades mais animadas exploradas na obra. A pequena faixa é seguida de Lose You, que relembra os tempos românticos retratados por Smith em seus antigos álbuns. É um momento da obra no qual se observa mais claramente que motivações de cunho emocional/afetivo também incentivaram a criação das letras das canções. 

Sam Smith está posando em uma foto polaroide com uma calça cintura alta e a parte de cima do seu corpo nua, apenas dois adesivos pretos, em formato de coração, tampam seus mamilos. Ele coloca as duas mãos ao lado da cabeça e utiliza brincos e um colar. O cenário da foto parece um quarto de hotel
Sam Smith recebeu o prêmio de Artista Revelação, no Grammys de 2015. [Reprodução/ Instagram @samsmith]

Perfect segue bem na direção em que Sam busca se guiar: a ausência de perfeição que existe no eu-lírico de Gloria. Nessa faixa, percebe-se que elu deseja tirar-se da responsabilidade que é a cobrança por perfeição. A quebra dessa expectativa se dá na próxima música. 

Unholy, traduzida como profano, já desmistifica a ideia de perfeição. Em parceria com Kim Petras, até o momento, a música foi a de maior êxito do álbum, sendo seu lead single. A canção quebra com toda a estética da  obra  e de Sam. Mesmo não sendo um interlude, a faixa, facilmente, divide o álbum em dois e foi premiada no Grammys 2023, como Melhor Performance de Duo/Grupo Pop.

O cantor e Kim Petras estão em um estúdio de fotos, sentados em troncos de cadeiras e posam para um fotográfo. Os dois utilizam moletons, calças e botas pretas. A foto está editada com desenhos em dourado em volta deles
Sam Smith recebeu o prêmio de Artista Revelação, no Grammys de 2015. [Reprodução/ Instagram @samsmith]

Com How to Cry, a honestidade de Gloria prevalece. Com apenas um violão no fundo, Sam flerta com a ideia de masculinidade frágil. Ao demonstrar sentimentos em um relacionamento, a perda do parceiro é inevitável. E cantor se coloca à disposição para ensinar quem o ama a expressar o que sente. 

Six Shots é uma faixa experimental que complementa bem as verdades vividas por Smith. Sam se coloca como uma bebida difícil de se engolir, mas com um doce findar. 

Gimme, em parceria com Koffeee e Jessie Reyes, se encontra como um pop mais genérico em contraste com o restante do álbum. Com batidas mais vibrantes é uma faixa dançante e leve, o que pouco se encontra em Gloria.

Doroty’s Interlude anuncia, com clareza, a parte mais Queer do álbum. A faixa abre alas para I’m Not Here To Make Friends, parceria com Jessie Reyes e Calvin Harris, que se inicia com a marcante fala de RuPaul em seu programa de competição de Drag Queens: “Se você não pode se amar, como amar outra pessoa?”. Gloria tem seu auge nessa música, que sintetiza bem toda a aura por trás da obra.

Sam Smith veste um vestido de plumas rosa que cobre todo o seu corpo e lembra um grande cobertor. Além disso, ele utiliza lucvas e um colar rosa. O cantor pousa na frente à um prédio antigo, similar as antigas universidades inglesas
Sam Smith se assumiu homossexual em 2014, após a publicação de um de seus videoclipes. Cinco anos depois, em 2019, Sam Smith assumiu-se não-binário. [Reprodução/ Instagram @samsmith]

Gloria é a próxima música e tem uma melodia lírica de caráter religioso. É uma quebra interessante, uma boa aposta para o nome do álbum. É a coroação de Sam, com vocais emocionantes e obscuros. 

Para encerrar o álbum, o cantor se junta a Ed Sheeran em uma música romântica, chamada Who We Love. Não é a canção mais surpreendente de Gloria , mas com certeza tem sua força ao juntar duas vozes potentes no que diz respeito ao amor.

Gloria é o renascer de Sam Smith. Elu conseguiu bem expressar toda sua dor, alegria e alívio em seu processo de autoconhecimento e amor próprio. O álbum tem gerado uma sensação contrastante no público. O cantor Sam se entende como uma pessoa não-binária, tem se tornado cada vez mais aberto sobre sua identidade e gênero e expressou isso em suas músicas. No entanto, a própria comunidade LGBTQIAPN+ tem sido uma das maiores críticas da nova era de Sam. Muitos internautas chegaram a dizer que Smith extrapolou e fizeram comentários negativos sobre seu corpo.

Tudo isso, tornou Gloria um hino LGBTQIAPN+ do começo ao fim e um sal na ferida dos preconceituosos de plantão.

O artista pousapara um retrato, no qual ele está com uma peruca loira com cachos, em formato de coque e que lembra as perucas da antiga realeza inglesa. Ele olha para cima como se observasse o cacho que cae em seu olho devido ao grande cabelo. Sam Smith usa um brico de pérola e um anel de flor, visível pois ele coloca a mão direita do lado da face
Sam Smith chegou a dizer em entrevista à ‘People’ que chegaram a cuspir nelu, enquanto caminhava pela rua, após assumir sua não binariedade. O preconceito chega a esferas absurdas, quanto mais dentro de si Sam Smith se aprofunda. [Reprodução/ Instagram @samsmith]

Foto de capa: Reprodução/ Instagram @vivoconcerti

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