Kubo é um menino doce e inteligente que mora na falésia de uma antiga vila japonesa. Ele vive junto a sua mãe, uma mulher com poderes incríveis que sofre de momentos de inconsciência, por conta de sua tentativa de salvar o filho quando era bebê. O garoto sobrevive na ilha contando histórias para os moradores com seus bonecos de origami, que ganham vida pelo uso de um instrumento musical mágico: o shamisen. A tranquilidade de sua vida é transformada em uma épica jornada quando Kubo acaba invocando os malignos espíritos de suas tias, que o perseguem junto ao Rei Lua (Ralph Fiennes). Eles buscam o olho direito de Kubo, já que o outro fora roubado pelos mesmos na hora de seu nascimento.
Para conseguir se defender do Rei Lua e as As Irmãs (Rooney Mara), Kubo (dublado por Art Parkinson, de Game of Thrones) inicia uma aventura em busca da Armadura que Hanzo, o maior samurai de todos os tempos, buscou por anos: o Peitoral Impenetrável, a Espada Inquebrável e o Capacete Invulnerável. Ele é guiado pela Macaca, figura de personalidade forte e protetora, e o Besouro, um inseto samurai amaldiçoado.
Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings, 2016) é uma animação do estúdio LAIKA, criador de muitos outros filmes conhecidos: Coraline e o Mundo Secreto (2009), ParaNorman (2012) e Os Boxtrolls (2014). Apesar de possuir um repertório pequeno, todos os longas-metragens feitos pelo estúdio são de grande sucesso, todos indicados ao Oscar de Melhor Animação. O estúdio foi fundado em 2005 e reúne uma vasta equipe cinematográfica, com artistas, contadores de história, técnicos e inventores.
O que faz da LAIKA única é o uso de stop-motion, que consiste em fotografar o mesmo objeto em posições diferentes para criar a ilusão de movimento. A técnica traz mais realidade as personagens – criados com mais detalhes e sutilezas – e aos cenários grandiosos e belíssimos. Em Kubo e as Cordas Mágicas, a tecnologia foi levada ao extremo, sendo a obra de maior dificuldade da equipe, produzida por cerca de 5 anos.
O longa é recheado de referências ao Japão feudal, a época dos samurais. O entusiasmo de Travis Knight, diretor e produtor de Kubo, e fã assumido de Hayao Miyazaki, perante a cultura japonesa mobilizou toda a equipe a buscar fontes de criação. Pesquisas definiram os cenários, figurinos, costumes, festas, e incluíram também a lenda japonesa de Gashadokuro, um espírito em forma de um enorme esqueleto, e o Festival Obon, tudo para a história de Shannon Tindle se tornar o mais verídica possível.
A trilha sonora do filme foi produzida pelo italiano Dario Marianelli, compositor responsável pelas músicas de Pride and Prejudice (2005). Suas composições não deixam a desejar, e deram um ar mais épico ainda a história. Cada música se encaixa perfeitamente em sua parte do filme. A trilha também conta com um cover da música While My Guitar Gentle Weeps por Regina Spektor.
Apesar de todos os detalhes técnicos e as tradições japonesas, o filme centra-se, principalmente, no amor familiar e companheirismo entre os amigos. O grande sentimento de Kubo por sua mãe e pelo falecido pai, quem não chegou a conhecer, se revela em mais que admiração, mas reconhecimento e preocupação irremediável. Toda a narrativa se compõe em princípios universais da humanidade, nos tocando de forma diferente durante a história, o que nos faz criar uma empatia inexplicável por cada personagem, reconhecendo neles nossos próprios laços com entes queridos. Ninguém pode perder a oportunidade de se entrelaçar com Kubo e as Cordas Mágicas. É como o protagonista diz no início da animação: “se tiver que piscar, pisque agora”, e não durante o filme.
Confira o trailer:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=cfEUTvIrctg
por Laura Raffs
lauraraffsguerra@gmail.com