Por Luana Sales Riva (luanariva06@usp.br)
O filme Lilo & Stitch (2025) estreia nos cinemas nesta quinta-feira (22). Dirigido por Dean Fleischer Camp, indicado ao Oscar em 2023 na categoria de Melhor Filme de Animação por Marcel, a Concha com Sapatos (Marcel the Shell with Shoes On, 2021), e roteirizado por Chris Kekaniokalani Bright, conhecido pelo seu trabalho em Moana: um mar de aventuras (2016), a obra é um remake em live-action da animação Lilo & Stitch (2002), da Disney.
O longa traz a história de Lilo Pelekai (Maia Kealoha), uma pequena menina que perdeu os pais e vive com a irmã mais velha, Nani Pelekai (Sydney Agudong). Enquanto Nani luta para trabalhar e sustentá-las, Lilo se sente cada vez mais solitária e sem amigos, até que encontra Stitch, um bichinho azul, e o adota. Porém, Stitch, diferente do que Lilo imagina, não é um animal, mas sim um projeto alienígena de destruição que, por erro, caiu na Terra. Juntos, Lilo e Stitch descobrem o significado de família em meio ao caos, em uma narrativa repleta de comédia e emoção.

A começar pelo elenco, é impossível tratar da produção sem mencionar a semelhança dos atores com os personagens animados, excepcionalmente a protagonista Lilo com sua intérprete, Maia Kealoha. Se o telespectador tinha dúvidas de como seria Lilo fora da animação, a atriz trouxe a resposta. A escolha de Fleischer Camp foi certeira, pois, mesmo sendo o primeiro filme da garota, Maia conseguiu transmitir por completo a essência da personagem – uma menina brincalhona, divertida, bagunceira e que conta uma história à parte pelo olhar. Os momentos entre Lilo e Stitch emocionam e divertem ao público por trazerem uma real sintonia e amizade entre ambos. Em Stitch, a protagonista encontrou uma amizade pura, ponto que Maia traduziu muito bem para as telas. As cenas entre eles transparecem o significado de amizade, de amor, fazendo com que o telespectador também queira um Stitch para si.
Além de Maia, o restante do elenco também contribuiu para que os personagens do live-action se aproximassem da versão animada. Sydney Agudong, que interpreta a irmã mais velha de Lilo, trouxe para o filme a angústia de ter que lidar com um trauma (a perda dos pais) e precisar se reinventar e abandonar sonhos para seguir em frente, sentimento que foi captado pelo longa e é transmitido ao telespectador. Zack Galifianakis e Billy Magnussen, que dão a vida, respectivamente, à Jumba e Pleakley, os alienígenas que vão para a Terra em busca de Stitch, divertem o longa com a caótica relação entre eles.

A experiência de Lilo & Stitch vai além de apenas fazer um remake da animação. O filme emociona e carrega um peso identificável à ele, já que todos podem se ver como uma Lilo que se sente solitária e busca por uma amizade verdadeira, ou como uma Nani que se vê na dúvida entre cumprir com o que é esperado ou seguir seus sonhos. Para outros, podem, até mesmo, se verem como um Stitch, que se depara em um mundo novo e depois descobre o sentido de amizade.
Outro ponto que chama a atenção no longa é a qualidade dos efeitos visuais. O próprio Stitch é resultado desses elementos. A animação dele é feita pela técnica de pintura em aquarela, que proporciona um visual suave e aveludado, como se fosse um ursinho de pelúcia. Essa característica garante ao filme uma estética única e mais próxima da realidade, que combina com a proposta deste. A animação do personagem é tão encantadora que, mesmo sem pupilas, Stitch tem suas emoções transmitidas ao público apenas por sua linguagem corporal. É nítido, por exemplo, quando ele está arrependido de ter bagunçado o trabalho de Nani, quando se sente aconchegado nos braços de Lilo e quando se sente feliz por fazer parte de uma família.
Fora o Stitch, os elementos visuais também se aplicam às cenas em que os alienígenas aparecem. Os visuais de Jumba e Pleakley, por exemplo, assumem parte relevante no filme, uma vez que se assemelham fortemente à versão animada. Todos os momentos no longa em que não são atores físicos, os efeitos visuais cumprem com o fim de transmitir realidade e humanidade.

O live-action explora muito bem a versão da animação, porém não segue fielmente o roteiro dessa. Alguns acontecimentos, como o fato de Jumba e Presley, ao chegarem na Terra, se clonarem como humanos, diferem do filme original, em que eles apenas se disfarçam de humanos. Essas mudanças são feitas para concordar com o fato do filme ser feito por atores reais, entretanto podem cair na crítica.
A ideia de ohana, palavra havaiana que significa família e vem do original, permeia o filme. Os laços entre Lilo e Stitch se desdobram no decorrer da obra, ao passo que emociona o telespectador por tamanha pureza na relação. A solidão de Lilo se encontra com a estranheza de Stitch, e ali ambos encontram sua ohana, sua família, a qual prometem não abandonar e não esquecer.
No longa, a animação torna-se realidade com maestria, e é essa a parte fantástica do filme. A trilha sonora, composta por músicas do filme original e outras canções havaianas, propõe uma atmosfera imersiva no cenário familiar da obra. As cenas foram gravadas no Havaí, o que garante ainda mais aproximação com a versão animada.
Para aqueles que assistiram ao primeiro filme, Lilo & Stitch trará de volta a infância, as memórias e o encantamento da primeira vez; e para os que não assistiram, a produção de Fleischer Camp encantará por tamanha leveza, diversão e qualidade.

Lilo & Stitch já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer:
*Imagem da capa: Divulgação/Disney