Por Letícia Longo (letlongo2006@usp.br)

Estreia nesta quinta-feira (22), Missão: Impossível – Acerto Final (Mission: Impossible – The Final Reckoning, 2025), o oitavo filme da franquia Missão:Impossível, uma das séries de filmes mais populares de todos os tempos.

Dirigido por Christopher McQuarrie, o longa se passa meses após os acontecimentos do último filme da série, Missão Impossível: Acerto de Contas (Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One, 2023). Após Ethan Hunt (Tom Cruise) fugir com a chave capaz de controlar a Entidade, uma inteligência artificial que planeja dominar o mundo e destruir todos que não se curvarem à ela, ele e a sua equipe, a Força Missão Impossível, precisam destruir a Inteligência Artificial (IA) antes dela controlar a humanidade.

Filmado para IMAX, Acerto Final vem sendo vendido como a despedida de Tom Cruise, agora com 62 anos,  da franquia Missão Impossível. A série de filmes foi responsável pela fama do ator de fazer cenas de ação intensas sem dublê, como pular de um penhasco, escalar um prédio ou se segurar em um avião em movimento.

Além de Cruise, o elenco também conta com Simon Pegg e Ving Rhames, nomes já recorrentes na franquia, assim como atores que só haviam marcado presença no último Missão:Impossível , a exemplo de  Esai Morales e Hayley Atwell.

Acerto Final foi feito para os fãs de longa data da franquia. Ao mostrar cenas de filmes anteriores, o longa relaciona de maneira afetuosa a história do filme a outros acontecimentos mais antigos da franquia. O roteiro assinado por Christopher McQuarrie, André Nemec, Josh Appelbaum e Erick Jendresen é eficaz ao se apropriar de elementos de filmes anteriores para a criação do filme mais inovador da franquia.

A obra é inventiva ao possuir um tom espiritual e onírico, refletido nas próprias cenas de ação. Em um mundo dominado pelo avanço da Entidade, que é também chamada no filme de“anti-deus”, a direção de McQuarrie é inteligente ao utilizar cenas de ação para traduzir a ansiedade sentida pelos personagens diante do momento de incerteza vivido.

O filme também encontra seu diferencial quanto a carga melodramática. Menos presente nos outros filmes da franquia dirigidos por McQuarrie, mas resgatada em Acerto Final, o filme é certeiro na escolha de um blockbuster com caráter mais sentimental que valoriza os conflitos existenciais e aflições dos personagens.

Tom Cruise entrega uma das suas melhores atuações como Ethan Hunt. Assombrado pelo passado e desesperançoso quanto ao futuro, o oitavo filme de Missão:Impossível apresenta uma face mais vulnerável de Hunt, ainda não vista nos filmes anteriores. O destaque também vai para Esai Morales, intérprete de Gabriel, aliado da Entidade e principal antagonista do longa, que traz o caráter “cafona” ,mas em um bom sentido, dos antigos longas de Missão:Impossível em uma performance carismática e agradável.

No entanto, Acerto Final sofre com problemas ao tentar conectar muitas ideias de uma vez só, com uma introdução contextualizadora sobrecarregada e cenas consideravelmente sem nexo. Ao mesmo tempo, o excesso de propostas fílmicas parece revelar o desejo carinhoso do filme em demonstrar os diferentes potenciais do cinema blockbuster. 

Por meio de distintas abordagens técnicas e estilísticas, como os excelentes jogos de câmera nas cenas de ação ou na consolidação de uma atmosfera a qual mescla o real com o imaginário nas tensas cenas de conflito direto entre Ethan Hunt e a Entidade, o longa prova que a sua desorganização pontual é fruto de uma experimentação válida e necessária para fugir do convencional.

Missão: Impossível – Acerto Final é saudoso, espiritual e um respiro ao mundo dos blockbusters. A despedida de Tom Cruise de uma das maiores franquias de ação de todos os tempos é uma mensagem aos fãs da franquia e aos do cinema de que, em meio a um futuro incerto quanto ao avanço das tecnologias, a humanidade (e os filmes) resistem. 

O filme já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer:

*Imagem da capa: Divulgação/Paramount Pictures