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Nova York representada em “Um dia na Broadway”

Um dia na Broadway é um espetáculo é metalinguístico: um musical sobre musicais. Conta a história de um casal do interior, Rita e Mário Jorge, que viaja para Nova York com os pais – a moça com o pai, um fazendeiro tradicional, e o rapaz com a mãe, uma senhora de meia-idade interessada em compras …

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Um dia na Broadway é um espetáculo é metalinguístico: um musical sobre musicais. Conta a história de um casal do interior, Rita e Mário Jorge, que viaja para Nova York com os pais – a moça com o pai, um fazendeiro tradicional, e o rapaz com a mãe, uma senhora de meia-idade interessada em compras e coisas “chiques”. Lá, exploram lugares famosos da cidade, como o metrô – comparado à Estação da Luz –, a Times Square, o Central Park, Wall Street e, é claro, a Broadway. 

Assim, é possível conhecer um pouco mais da metrópole sem precisar sair de São Paulo –  desde que se tenha dinheiro para pagar o ingresso, que, como a maioria das peças de teatro musical, não possui preço acessível. Além disso, como retrata uma cidade norte-americana, é preciso entender inglês, utilizado em muitas cenas. Caso contrário, pode-se perder, inclusive, momentos cômicos gerados pela incompreensão dos protagonistas ao idioma.

Como a família não possui familiaridade com a língua inglesa, procurando misturá-la com o português em falas como “nós estamos lost”, e tem dificuldades em se localizar, acaba se perdendo, eventualmente, na grande cidade. O casal vai para um canto e os pais, sempre discutindo, vão para outro. No meio do caminho, aparecem estereótipos nova iorquinos, como os lugares já mencionados, táxis, dançarinos de rua, o mercado financeiro e a vida noturna.

Ainda procurando os respectivos filhos, a mãe de Mário e o pai de Rita decidem ir ao teatro da Broadway para ver se o casal está lá e, claro, conhecer os musicais em exposição. Nessa cena, há um momento mais interativo com a plateia. Depois de dificuldades de diálogo com a funcionária do teatro, reforçando a imagem negativa que muitos estadunidenses têm dos brasileiros, eles finalmente se sentam nas poltronas para assistir ao espetáculo. Sentam-se junto ao público, que se sente como quem também participa da obra. 

A partir disso, são mostradas cenas de vários musicais famosos, algumas animadas e outras mais dramáticas e emocionantes. Com o intervalo, os atores saem de cena e, em outro momento, quem vai ao teatro é o casal, em busca dos pais. A interação com o público se repete. Há, também, outra forma de interagir com a plateia: em diferentes momentos da peça, confetes, notas falsas de dinheiro e bolhas de sabão caem nas pessoas, sendo inevitável a sensação de pertencer à história.

As peças mostradas no momento de união entre os atores e o público são Grease (1971), Cats (1980), Chicago (2002), Les misérables (1985), Phantom of the Opera (1986), Mary Poppins (2004), Beauty and the Beast (1993), Evita (1978) e Mamma Mia (1999).

Grease é apresentado sob o som de “Summer Nights”. [Imagem: Henrique Tarricone]
A cena de Grease representa o estereótipo norte-americano dos anos 50. Com a animada música Summer Nights, há, de um lado, garotos com trajes de motoqueiro e penteados de cabelo estilo Elvis Presley, num lugar que aparenta ser um banco do colégio. Do outro, há garotas com vestidos e maquiagens femininas numa sorveteria. A música é divertida, mas é pouco profunda  e parece reforçar padrões de gênero. Esse incômodo pode levar a plateia a se interessar pelo musical para conhecer toda a história e ver que o enredo vai além.

Uma representação do musical Chicago, com a música “All that Jazz”. [Imagem: Reprodução]
All that Jazz é a música que apresenta Chicago. Com todo o elenco vestido de preto, o figurino remetendo à década de 20 e a coreografia ousada, é possível perceber que se trata de algo mais profundo. No centro, a dançarina principal trata os homens  ao seu redor da forma como eles geralmente tratam as mulheres na sociedade – ou seja, como um objeto, um ser inferior. Mesmo sem conhecer o enredo – duas mulheres que assassinam seus parceiros por infidelidade e brigas –, sente-se um clima de vingança e empoderamento feminino.

O musical Les Misérables foi apresentado com uma mistura das principais músicas, como “Red and Black Song”, “Valjean Arrested, Valjean Forgiven” e “Master of the House”. [Imagem: Reprodução]
Os Miseráveis (Les Misérables) representa a importância do povo na luta por igualdade e direitos. É o momento mais emocionante, pois, ao misturar várias canções do musical, une as vozes de quem está no palco. Embora representem a população francesa do início do século XIX, podem também se referir a toda a humanidade. A mensagem é clara: quando as pessoas se unem, considerando suas diferenças, conseguem propor uma mudança positiva a todo mundo. A harmonia dessa cena, assim, não é apenas musical.

Mary Poppins canta “Supercalifragilisticexpialidocious”. [Imagem: Reprodução]
Mary Poppins aparece no palco com seu amigo Bert e alguns homens desconhecidos – não aparentam serem os limpadores de chaminé, pois suas roupas são muito coloridas. Cantam Supercalifragilisticexpialidocious, um neologismo que ajuda as pessoas a enfrentarem dificuldades. Mary mostra sua força feminina ao ser exemplo admirado pelas personagens.

Evita Perón, atriz e grande personalidade do peronismo argentino, canta “Don’t Cry For Me Argentina”. [Imagem: Reprodução]
Depois que Evita Perón canta Don’t Cry For Me Argentina, Rita comenta com Mário Jorge sobre como sempre a admirou por ser uma mulher forte e importante. De fato, sua relevância social vai muito além de ter sido casada com o ex-presidente da Argentina. Eva Perón foi atriz de rádio e líder política argentina, sendo declarada “líder espiritual da nação”. Defendeu direitos femininos e das classes menos favorecidas. Mas sua luta não durou muito: morreu de câncer cervical aos 33 anos.

Com todas essas cenas independentes, o enredo, em si, não é dos mais interessantes. Como se pode perceber, a história é aparentemente bem simples, mesmo com seus momentos de humor. O que mais chama atenção no espetáculo é a possibilidade de conhecer, embora brevemente, cenas de musicais famosos e características da cidade de Nova York. Os melhores momentos são exatamente esses. Surge, em quem assiste, um desejo de poder conhecer ao menos uma das peças na íntegra.

Apesar de os trechos dos musicais serem breves, são suficientes para induzir o público a refletir sobre os temas sociais abordados e se aprofundar no universo dos musicais. Como há uma pequena chance de se visitar a Broadway, devido ao alto custo do ingresso, da hospedagem e da passagem aérea, esse espetáculo possibilita conhecer a essência do universo musical nova iorquino.

Disponível entre os dias 4 de outubro e 3 de novembro no Teatro Bradesco, localizado no Shopping Bourbon. A peça possui entrada livre e 2h de duração.

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