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Diferentes abordagens para o amor ou, alternativamente, quando arte e ciência se colidem

Por Bruna Irala brunairala@usp.br Segundo a Interpretação de Muitos Mundos (IMM) do físico quântico Hugh Everett, para todo evento dentro do nível quântico, o universo atual é ramificado em múltiplos universos, ou seja, para cada ação sua, um número infinito de universos existem em que você fez uma escolha diferente. O Sol Também é uma …

Diferentes abordagens para o amor ou, alternativamente, quando arte e ciência se colidem Leia mais »

Por Bruna Irala
brunairala@usp.br

Segundo a Interpretação de Muitos Mundos (IMM) do físico quântico Hugh Everett, para todo evento dentro do nível quântico, o universo atual é ramificado em múltiplos universos, ou seja, para cada ação sua, um número infinito de universos existem em que você fez uma escolha diferente. O Sol Também é uma Estrela (The Sun Is Also a Star, 2019), adaptação do livro homônimo escrito pela autora jamaicano-americana Nicola Yoon, nos convida a parar por um momento e conhecer a história de duas pessoas que escolheram, por apenas um dia, abrir o coração para o destino.

Natasha Kingsley (Yara Shahidi) e Daniel Bae (Charles Melton) não poderiam ser mais diferentes: Natasha é uma jovem movida pela ciência que sonha em ser astrônoma e Daniel um poeta e como muitos poetas, imensamente romântico. Os dois se encontram pelo meio, Natasha tentando desesperadamente impedir que sua família seja deportada de volta  à Jamaica; Daniel no caminho da entrevista que vai decidir seu futuro e, de alguma forma, esse encontro que não é o começo muda completamente os rumos das narrativas de cada um.

Daniel acredita em amores e destinos, acredita no meant-to-be (está destinado a ser), em ser apaixonado, em coincidências que significam mais do que coincidências e quando vê Natasha pela primeira vez, sente, não amor à primeira vista, mas que algo está destinado a acontecer. Se deixando conhecer, ele a propõe um desafio: usar as 36 perguntas que levam alguém a se apaixonar para fazer com que ela se apaixone por ele em um dia. Mas Natasha não tem um dia, apenas uma hora. E correndo contra o tempo, os dois andam lentamente, quase que saboreando e sentindo cada momento, segundo e milissegundo que possuem juntos.

Daniel e Natasha se despedindo [Imagem: Copyright 2019 Warner Bros. Entertainment Inc. and Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc.]

Assim, o filme segue com uma narrativa que não se apressa. Eles se conhecem com caminhadas pelas ruas de Nova Iorque, com idas a lugares favoritos, passadas por cafeterias e karaokês e quase piqueniques em parques. E também se descobrem por dores e aflições compartilhadas, por vislumbres de situações familiares turbulentas e discussões sobre visões diferentes do mundo. Em um desses momentos, Natasha conhece a família de Daniel, imigrantes sul-coreanos que possuem um salão para cabelos afro, e enfrenta uma situação de racismo desencadeada pelo pai e pelo irmão do rapaz. Enquanto o evento é usado como gancho para uma discussão de identidade e problemas que relações inter-raciais de pessoas racializadas enfrentam, o filme ainda opera sobre as mesmas estruturas de Hollywood quando coloca para interpretar um filho de sul-coreanos, um ator mestiço com ascendência caucasiana. Em cenas futuras, o personagem de Charles Melton ainda luta com seu irmão, interpretado por Jake Choi, ator coreano-americano de ascendência coreana, após as falas racistas dele. O que leva a um questionamento do porquê da escolha de Melton para Daniel, que tem sua identidade marcada pelo fato de ser filho de imigrantes, quando tinha um ator que poderia interpretar o personagem presente.   

Apesar disso, a produção consegue trazer em visibilidade um elenco diverso e marcado por pessoas racializadas (negros, amarelos e hispânicos), um fato positivo e necessário para uma indústria que sempre busca ignorar ou silenciar vivências que vão além de uma história única sobre essas pessoas. É um romance e seria considerado um clichê também, se esses também não fossem narrativas que se banalizam por serem muito utilizadas. Mas não tem nada de clichê em contar cenas mundanas e dramas românticos sobre quem foi repetidamente privado disso.  

O Sol Também É uma Estrela não termina com o que seria um tradicional final feliz. Os momentos finais são marcados por sentimentos de dor e angústia perante a realidade material de cada um, mas não é uma história triste. A narrativa dá abertura para que o espectador se torne esperançoso acerca do que o futuro reserva para os protagonistas e, dessa forma, consegue satisfazer no que apresenta. O filme, por fim, diz, grita e reforça: “pare, olhe pra cima, perca tempo e, talvez, só talvez, algo bom saia disso”.

O longa tem estreia prevista para o dia 16 de maio no Brasil. Confira o trailer:

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