A fotojornalista Mônica Zarattini tem uma longa e significativa carreira dentro dessa área do jornalismo em nosso país. Tendo sido editora de fotografia de O Estado de S. Paulo por 9 anos (2006/2015), jornal onde trabalhou como repórter fotográfica por mais de 26 anos, hoje é doutoranda no programa de Estética e História da Arte na USP, desenvolvendo pesquisa acerca da fotografia contemporânea brasileira. Mônica estará no primeiro dia da 10ª Semana de Fotojornalismo (segunda-feira, 21), numa mesa que debaterá os impactos do fotojornalismo. Nesta pequena entrevista, ela nos conta um pouco sobre sua experiência na profissão e os novos desafios advindos dessa geração dependente da ampla divulgação de imagens, principalmente através redes sociais.
1. Como o fotojornalismo pode informar, impactar e atingir o leitor de forma única em relação aos outros meios de se fazer jornalismo?
O fotojornalismo mostra toda sua força quando consegue contar uma história relativa a um acontecimento numa imagem só. O leitor agradece a boa fotografia composta com uma boa manchete, uma boa legenda e um bom texto.
2. Qual foi sua experiência mais impactante como fotojornalista? Quais projetos mais gostou de se envolver? E quais foram os mais difíceis de realizar?
Muitas, mas a cobertura da mega rebelião em 2001 foi bem relevante pois o crime organizado mostrou força diante do governo do estado. Revelou-se o Primeiro Comando da Capital que aterrorizou o povo paulista. Sempre gostei de participar de grandes coberturas, tanto como repórter fotográfica quanto editora. O mais difícil foi a chegada a fazenda onde caiu um avião em São Félix do Xingú.

3. Quais são os maiores desafios da profissão?
Conseguir ter um olhar crítico sobre o papel da mídia nos processos políticos e sociais.
4. Como os tempos imagéticos em que vivemos, com a popularização de redes sociais que privilegiam as fotografias, impactam o fotojornalismo?
As redes sociais propiciaram surgimento de novas organizações como Midia Ninja , Jornalistas Livres e diversos sites e blogs não alinhados com os conglomerados da grande mídia que mostram lados das notícias subtraídos das telas e das primeiras páginas.
5. Quais são as expectativas para o fotojornalismo em meio à crise do modelo de negócio jornalístico?
Acredito que as alternativas virão das redes sociais e da internet. Os grupos midiáticos brasileiro não souberam fazer a migração das publicidades do papel para a web e hoje se encontram mergulhados numa crise. O fotojornalismo terá que se adaptar às condições de trabalho mais difíceis , mas com certeza seu papel será mais preponderante uma vez que vivemos a era das telas e a imagem está presente intrinsecamente no dia a dia de qualquer cidadão.
Por Ingrid Luisa
ingridluisaas@gmail.com