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Poderia ser dos sonhos

[A Casa dos Sonhos] Desde que li Terror em Amityville, casas com histórias macabras passaram a ter outro significado. Esse clássico (um tanto trash) conta a história de uma família que se muda para a sua casa dos sonhos, apenas para descobrir que a macabra história pregressa da residência deixara marcas indeléveis. A bem da …

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[A Casa dos Sonhos]

Desde que li Terror em Amityville, casas com histórias macabras passaram a ter outro significado. Esse clássico (um tanto trash) conta a história de uma família que se muda para a sua casa dos sonhos, apenas para descobrir que a macabra história pregressa da residência deixara marcas indeléveis.

A bem da verdade, a história toda é um tanto insossa, mas, transposto para a telona, compôs um terror clássico que envolve – desde que conte com a providencial colaboração do espectador.

Talvez seja isso que falte a A Casa dos Sonhos, do diretor Jim Sheridan, com a sempre magnífica Rachel Weisz. Ou o filme não encontrou seu leitor modelo, ou foi classificado no gênero errado. Afinal, a pecha de filme de terror não lhe cai bem.

Meio tumultuado, o filme conta a história de Will Atenton (Daniel Craig), um editor bem-sucedido que decide largar o emprego para aproveitar melhor o tempo com a família. Com a esposa (Weisz) e as duas filhas, muda-se para uma bonita casa em um subúrbio pacato, lugar ideal para criar a criançada e escrever um livro. Mas esses planos logo morrem quando uma série de acontecimentos suspeitos toma corpo, e a família descobre que seu lar-doce-lar foi palco de terríveis assassinatos. A vida de Will desanda, e arrasta o filme consigo.

Como que para aturdir, Sheridan lança uma série de mistérios para o espectador: quem é o assassino? Ele ainda está a solta? Will vê fantasmas? Ou será que enlouqueceu? A profusão de perguntas bem poderia engendrar uma trama intrigante, mas as respostas simplistas surgem quase imediatamente.

Incapaz de envolver a plateia, A Casa dos Sonhos acerta ao menos ao tentar dar um novo tratamento às histórias de fantasmas. Mas erra a mão na abordagem um tanto piegas. Mais espírita que propriamente um filme de horror, busca uma alternativa à fórmula “fantasmas maus, casas malditas, crianças possuídas”. Há algum mérito nisso e a história é engenhosa, embora mal conduzida. Mas não convence. Não à toa o filme estreou sem muito alarde nos EUA e teve desempenho modesto nas bilheterias. Corre o boato, inclusive, de que Sheridan (seis vezes indicado ao Oscar) quis tirar seu nome dos créditos, mas teve o pedido negado.

Enquanto isso, é oportuno lembrar que Amityville já ganhou três adaptações para o cinema. Sinal de que, boas ou nem tanto, velhas histórias de fantasma ainda funcionam. E vendem.

Por Rafael Ciscati
rafaelciscati@gmail.com

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