Jornalismo Júnior

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Relato da manifestação: o povo se uniu, e se desuniu de novo

Fui na manifestação de terça-feira da semana passada (11) e me impressionei com a de hoje (18). Não fiquei impressionada apenas pela bateria que tocava quando eu cheguei, nem ao menos apenas pela quantidade de gente, ou pelo grito uníssono de “vem pra rua, vem contra o aumento”. Não me impressionei apenas com meu quê …

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Fui na manifestação de terça-feira da semana passada (11) e me impressionei com a de hoje (18).

Não fiquei impressionada apenas pela bateria que tocava quando eu cheguei, nem ao menos apenas pela quantidade de gente, ou pelo grito uníssono de “vem pra rua, vem contra o aumento”. Não me impressionei apenas com meu quê de choro entalado na garganta, tanto pela vitória que foi estar lá, quanto por ver o povo unido daquele jeito.

Manifestação do dia 17. Foto Thiago Quadros

Eu também me impressionei com a paz, me impressionei com a diversidade etária (com idosos e adultos juntos, e não apenas jovens). Parece que o Brasil realmente se uniu. O que me deixou com um pouco de medo: não sei esta união se deu em vista de uma causa única. Apesar da maior parte do tempo, o que se ouvia eram os gritos contra o aumento da passagem – que desde o dia primeiro de junho, passou de R$ 3,00 para R$ 3,20; em São Paulo – mas também ouvi “o povo acordou”. O que nos remete aos inúmeros questionamentos levantados desde o início da semana e que abrangem muito, muito mais do que os 20 centavos da tarifa. Isso foi visível em muitos cartazes – que também falavam da tarifa, mas que concorriam o espaço com outros listando todos os problemas brasileiros.

E, infelizmente, também me impressionei com a organização da passeata. Ou melhor, com a falta dela. Saímos juntos, da Praça da Sé, mas chegando ao terminal de ônibus Parque D. Pedro II, a manifestação já tinha ficado esparsa e dividida. Esperamos, então, o resto dos manifestantes chegarem, e quando todo mundo se uniu… a gente se desuniu de novo. Metade das pessoas disseram que iriam para a Marginal Tietê, a outra, que iriam para a Prefeitura, e depois disso, fui embora do ato.

Quando cheguei em casa li notícias a respeito de vandalismo. Fiquei decepcionada: não somente porque esta não era a manifestação a qual eu tinha participado, como havia aumentado a cobertura em relação às ações. Era visível, entretanto, que estes eram tratados como uma parcela das 50.000 pessoas, que se manifestaram pacificamente.

Depois de hoje, eu torço para um pouco menos de violência, um pouco mais de imparcialidade no jornalismo – e que jornalistas possam trabalhar livremente -, um pouco mais de foco nas manifestações e um pouco mais de organização (e, convenhamos, um pouco menos de hashtags em cartazes também não faria mal). Mas também torço para o povo não se desmotivar, para continuar indo às ruas lutando por direitos, e, acima de tudo, por respeito.

Nota da redação: pouco se disse também da presença de policiais que não agiram na contenção dos excessos no centro de SP do dia 18 de junho. É evidente que o Blog da Jota não endossa de forma alguma os atos criminosos que ocorreram na última manifestação, mas segundo fontes que estiveram presentes no local, as tentativas de ataque à prefeitura tiveram que ser contidas pelos próprios manifestantes. Em tempo: no dia 17, no Palácio dos Bandeirantes, a polícia reagiu às primeiras tentativas com bombas de efeito moral e gás de pimenta.

por Stella Bonici
stebonici@gmail.com

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