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O fim do jejum

Quase nove anos depois, o são paulino grita "é campeão"

*Imagem de Capa: Jogadores do São Paulo comemorando título do Paulistão 2021 [Rubens Chiri/saopaulofc.net]


Sentimento

O grito engasgado do torcedor tricolor, o grito que estava preso há tanto tempo, quase nove anos, voltou a surgir e com muita força. Para um torcedor do São Paulo que viveu décadas como as de 90 e 2000, um título paulista parece insignificante, mas dado o contexto atual, todos sabem a importância e o peso – ou melhor, a leveza – dessa conquista. Não só por premiar o time que, de modo geral, está fazendo um bom início de temporada pelas mãos do jovem treinador Hernán Crespo, mas também por encerrar uma grande seca de títulos da equipe do Morumbi. 

Assim, um peso enorme caiu por terra. É claro que não pode haver ingenuidade por parte da torcida e diretoria ao pensar que todos os problemas foram resolvidos, mas para um torcedor que já estava cansado das inúmeras eliminações vexatórias das últimas temporadas, que se iludiu tanto com bons times, bons inícios de temporadas e campeonatos liderados que, de forma desastrosa, culminaram no fracasso, uma pequena chama de esperança reacendeu na noite de domingo.


A seca de títulos

Após quase nove anos, a seca de títulos foi encerrada. Se considerarmos somente o campeonato paulista, foram 15 anos sem vencer.

Muito aconteceu no período posterior ao último título tricolor: não há nenhum jogador remanescente do elenco de 2012, o São Paulo teve mais de 10 treinadores e diversos jogadores renomados passaram pela equipe. Nada foi suficiente, e mesmo títulos que pareciam próximos foram perdidos – destaque para o último campeonato brasileiro, em que o time esteve com sobras na liderança, mas ainda sim deixou o título escapar. 

A conquista da Copa Sul-Americana acabou de maneira incomum, com o jogo encerrado pela metade, em uma situação que até o presente momento se faz confusa. Os torcedores mais supersticiosos sempre relataram esse fato quando questionados sobre o motivo do jejum. Mas, fazendo uma análise mais precisa, muitos erros foram cometidos, principalmente ligados à falta de planejamento e má gestão em diversos âmbitos, seja na contratação de jogadores, acumulação de dívidas ou confrontos políticos internos. 

Como diz a expressão: “O futebol é uma gangorra”. Todos os times passam por bons e maus momentos ao longo de sua história. Depois de praticamente 20 anos no topo, o São Paulo passou quase uma década escondido, gerando o questionamento: a conquista do paulista pode amenizar a pressão sobre a equipe e abrir as portas para outro momento de glórias do Tricolor?


O jogo

Após um primeiro jogo muito equilibrado, com as duas equipes muito bem montadas taticamente e poucas chances reais de gol, a partida decisiva começou um pouco mais elétrica em relação ao temperamento dos jogadores e à vontade dos dois times, mas em termos técnicos, pouca coisa mudou. Até que, após jogada pela esquerda, a bola sobrou na entrada da área pro volante do São Paulo, Luan, que finalizou para o gol, com desvio decisivo no Felipe Melo, para abrir o placar na decisão já na segunda metade do primeiro tempo. 

O segundo tempo foi um pouco mais aberto. Por estar em desvantagem, o Palmeiras buscou mais investidas, que, em suma, foram sem sucesso, o que acabou abrindo espaços para o time veloz do são paulo na transição, principalmente após a entrada de Luciano no ataque, que fez o segundo gol e sacramentou o título sem grandes sustos no Morumbi.


Crespo

O técnico Hernán Crespo sendo levantado pelos jogadores [Imagem: Miguel Schincariol/saopaulofc.net]
O técnico Crespo, apesar de ter sido um jogador excepcional, um dos maiores artilheiros da seleção argentina, jogado em grandes clubes do cenário mundial e conquistado títulos como a Libertadores da América , possui uma carreira muito curta como treinador. Mesmo que tenha sido campeão da última edição da Sul-Americana comandando o Defensa y Justicia, curiosamente o último título conquistado pelo São Paulo, chegou nas terras brasileiras com muita pressão por parte da imprensa e de uma parcela dos torcedores. Assim a conquista tende a amenizar esse peso. Em suma, ainda é cedo para se fazer uma análise concreta, entretanto, só de conquistar uma taça, junto do padrão de jogo apresentado pelo time na maioria dos jogos, o início do técnico é animador.


Jogadores

Hernanes e Igor Gomes abraçados depois do jogo [Imagem: Rubens Chiri/saopaulofc.net]
Um dos pontos fundamentais para a conquista foi a utilização dos jogadores advindos das categorias de base de Cotia. Nos últimos anos, diversos atletas vêm surgindo e sendo inseridos no elenco profissional. Alguns demonstraram oscilações, o que é natural no processo de transição de todo jovem, mas no geral, dão uma sustentação imprescindível para o elenco tricolor. Jogadores como Luan, Liziero, Sara, Nestor, Igor Gomes e tantos outros respondem bem quando exigidos e dão forma a esse modo de jogar praticado pela equipe treinada por Crespo. A personalidade desses garotos, aliada à experiência de nomes como Daniel Alves e Miranda, faz com que exista um ótimo casamento e equilíbrio no elenco do São Paulo,  com um ambiente mais adequado para o desenvolvimentos de tantas promessas, além da conquista do título que alivia um pouco a pressão desses garotos.


Torcedor

É uma pena que o Morumbi não esteve lotado na noite de domingo e os torcedores do São Paulo não puderam comemorar como gostariam – ou pelo menos não deveriam – após tantos anos na fila de títulos. Nos últimos anos, havia um sentimento de descrença, desapontamento dos torcedores mais velhos, muito por conta das décadas anteriores e momentos de glória vividos por eles. Enquanto nos mais jovens, havia uma incerteza, um desconhecimento sobre momentos bons vestindo a camisa vermelha, branca e preta. O torcedor que tantas vezes se iludiu, tantas vezes vibrou esperando momentos melhores e que tantas vezes chorou pela tristeza nas derrotas. Por falar em choro, o de Muricy, copioso, após a conquista é emocionante, marcante. Para alguém que já conquistou tanto pelo clube e viveu de perto momentos tão vencedores, um campeonato paulista parecia não poder tocá-lo de tal maneira. Mas, só quem é São Paulo entende as lágrimas do ídolo são paulino e deseja que esse tipo de lágrima, de amor, com sentimento, seja mais presente nos próximos anos.


Projeção

Após vencer seu 22° título paulista, o Tricolor do Morumbi visa alçar voos mais altos. Era necessário um título como esse para amenizar a pressão sobre o elenco, diretoria e clube de um modo geral. Essa conquista encerrou o jejum de praticamente nove anos sem troféus e mais de quinze sem ganhar o Paulistão. Contudo, ainda é muito pouco por toda a história e histórico de conquistas do São Paulo Futebol Clube, clube acostumado a vencer grandes competições e a figurar entre os principais times do país. Agora, esse título deve servir de impulso para um time que ainda tem a Libertadores da América, competição adorada pelos torcedores, o Campeonato Brasileiro, torneio que o clube não conquista desde 2008, e a Copa do Brasil, campeonato nunca conquistado pelo Tricolor . Sendo assim, há muito para ocorrer na temporada do São Paulo. “O passado é glorioso”, mas e o futuro, será vencedor?

5 comentários em “O fim do jejum”

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