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White People Problems e a falta de comoção em O Estado das Coisas

Com a proposta de ser uma trama leve e divertida, sem a forte carga emotiva usual de um drama, o filme O Estado das Coisas (Brad’s Status, 2017) traz uma típica e clichê história de superação dos problemas e aceitação pessoal de um personagem que só é mal resolvido, segundo ele mesmo. Brad Sloan (Ben …

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Com a proposta de ser uma trama leve e divertida, sem a forte carga emotiva usual de um drama, o filme O Estado das Coisas (Brad’s Status, 2017) traz uma típica e clichê história de superação dos problemas e aceitação pessoal de um personagem que só é mal resolvido, segundo ele mesmo.

O estado das coisas
Imagem: reprodução

Brad Sloan (Ben Stiller) trabalha em uma ONG, é casado e tem um filho. Sua vida é aparentemente a de uma pessoa de classe média alta, mas ele não está satisfeito com o que tem. Ao ver uma matéria de revista sobre um de seus colegas de universidade – e a imensa e cara mansão que acabara de adquirir – Brad entra num questionamento incessante sobre seu modo de vida e como se sente fracassado perto de seus amigos bem-sucedidos.

Quando Troy (Austin Abrams), seu filho, precisa visitar as faculdades para as quais irá se inscrever em Boston, Brad reflete sobre o quão insatisfeito está com a sua vida, e como nada parece ter valido a pena. A viagem permite que pai e filho passem mais tempo juntos, o que faz com que o protagonista descubra alguns valores que realmente importam.

Em uma tentativa de fazer com que o espectador se emocione, o filme traz uma constante trilha sonora aliada ao monólogo do personagem principal, que faz alusão aos seus pensamentos durante a história. O problema é que são momentos longos, extremamente cansativos e repetitivos, e falham na missão de trazer comoção a quem está assistindo.

Porém, se a tentativa de Ben Stiller era fazer com que nós achássemos que seu personagem era um privilegiado homem branco, hétero e de meia idade, o papel foi cumprido com louvor. Como uma das personagens – Ananya (Shazi Raja), apresentada como amiga de Troy – pontua, Brad não passa do típico caso de white people problem, que não consegue enxergar nada além do próprio umbigo e das próprias ambições. Construído em cima de um perfil masculino fracassado, o personagem mostra até um mau caráter, quando, em uma das cenas, se imagina tendo inveja do filho caso este seja bem-sucedido.

Ao longo do filme, em uma conversa com um de seus amigos, este revela a Brad problemas que os outros colegas de universidade enfrentam na vida, numa tentativa de demonstrar que nem toda riqueza traz felicidade. Acerca disso, coloca-se a discussão da necessidade de sempre diminuir outras pessoas, para que, dessa forma, a personagem possa se encontrar em uma posição social melhor. Sempre numa comparação com o outro, com a vida do outro, com a fortuna do outro, que é o que realmente parece importar para Brad, que manifesta uma certa reação positiva ao saber das falhas de seus colegas.

o estado das coisas
Imagem: reprodução

Um ponto considerável do longa é a atuação de Austin Abrams, e a proposta por trás do personagem de Troy. Sem uma mega produção acerca da personagem, e até sem muito desenvolvimento, ele passa a impressão de ser uma pessoa real –  um garoto real de 17 anos. Não há, em O Estado das Coisas,  a ilusão ou a idealização comum aos filmes americanos que constroem fábulas sobre a  vida adolescente, ou do momento da entrada na faculdade. Troy é um adolescente, que escuta musica, briga com os pais, é tímido, e Austin nos contempla com uma bela atuação nesse papel.

Ao acompanhar o filho até Boston e passar algum tempo fora de seu trabalho, o protagonista conclui que possui em sua vida o que de fato importa para que ela faça sentido – uma boa esposa, um filho inteligente e a atenção e o amor dos dois – e decide aceitar seu cotidiano como o melhor possível para o seu estilo de vida.

Não saímos do cinema convencidos de que a aceitação dele com a condição em que vive é genuína, mas o filme acerta em fazer com que acreditemos nessa má índole de Brad. A impressão que fica é que a mudança de perspectiva do protagonista é um sentimento momentâneo causado pela emoção com o filho, pelos momentos que tiveram na viagem. Assim, sem saber nem qual é o destino universitário de Troy, o longa vende um final clichê de ‘para você mudar basta querer’ e não entrega o produto a que se propunha. O drama e a superação com o filho se tornam um monólogo chato e repetitivo que não envolve o espectador na história do personagem.
O Estado das Coisas estreia dia 2 de novembro nos cinemas. Veja aqui o trailer do filme:

por Bruna Arimathea
b.arimathea@gmail.com

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