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A mitologia grega ganha mais um capítulo: Antetokounmpo leva o Bucks ao título

Ala-pivô tem atuações épicas e lidera a franquia de Milwaukee ao segundo troféu em sua história

*Imagem de capa: [Reprodução/Twitter @Bucks]

A NBA sabe escrever histórias. A final de 2021, entre Milwaukee Bucks e Phoenix Suns, foi dessa magnitude: um evento que fica para a eternidade do basquete. E teve todos elementos para isso: protagonistas, coadjuvantes, enredo recheado de clímax e reviravoltas, passagens grandiosas… Giannis Antetokounmpo, porém, transcende. Digamos aqui que ele é, simplesmente, o autor dessa história. Não tem como contar algo sobre esses jogos sem passar pelas mãos dele.

A conturbada temporada da liga estadunidense entregou duas equipes desacreditadas ao momento derradeiro: Bucks, depois de seguidos fracassos na pós-temporada, e Suns, apenas o 13º favorito ao título nas casas de apostas americanas, faziam a final mais extraordinária do século. Em todas as outras 20, Los Angeles Lakers, San Antonio Spurs, Miami Heat ou Golden State Warriors marcavam presença.

Ambos finalistas eram frutos de um trabalho paciente: Milwaukee não sabia o que era final há 50 anos e apostou em desenvolver o franzino Antetokounmpo, enquanto Phoenix não chegava sequer a pós-temporada há mais de uma década. Chegar ali, no posto de campeão de conferência, já seria uma vitória meramente aliviadora.

[Imagem: Reprodução/Twitter @Suns]
Contudo, como falei, foi um ano conturbado. Os Playoffs tiveram um triste recorde: nunca tantos all-stars — os jogadores selecionados para o “Jogo das Estrelas” — se lesionaram. No caminho do Suns, LeBron James e Anthony Davis chegavam longe da forma ideal com o Lakers, e Kawhi Leonard não pôde sequer pisar em quadra com o Los Angeles Clippers, sem falar do breve afastamento de Chris Paul por Covid-19.

No lado do Bucks, a série monumental contra o Brooklyn Nets poderia ter sido diferente com a presença de Kyrie Irving e James Harden em todos os jogos pelo time de Nova Iorque, além da lesão do líder do Atlanta Hawks, Trae Young, nas finais de conferência.

As finais iniciaram repetindo esse incômodo capítulo: Antetokounmpo, duas vezes o jogador mais valioso da temporada (MVP) da liga, era dúvida nas finais. Com uma hiperextensão no joelho na série anterior, alguns cravavam sua ausência para o resto do torneio. Um golpe duro para Milwaukee se ele fosse humano. Que bom que não é.

O grego retornou logo no primeiro jogo, mas nitidamente longe do seu 100%. O resultado foi um Suns sobrando em quadra e abrindo vantagem na série: 118 a 105. Chris Paul foi o maestro, junto a grandes atuações de Deandre Ayton e Devin Booker. Bucks tinha deficiências claras e precisava, antes de tudo, de Antetokounmpo saudável para corrigi-las.

[Imagem: Reprodução/Twitter @NBA]
No jogo seguinte, milagrosamente, não havia resquícios da lesão. O grego explodiu para 42 pontos, 12 rebotes e três tocos, insuficientes frente à inconsistência de seus companheiros — Khris Middleton e Jrue Holiday acertaram 12 de 37 arremessos. Mais uma vez, deu Suns: 118 a 108 e a confortável vantagem de dois a zero na série. As bolas de três foram o trunfo: 20 no total, sete delas saindo das mãos quentes de Booker. Nesse embate, ficava claro que nada mudaria na série caso o trio de Milwaukee não entrasse junto para o jogo, na mesma sintonia. Isso precisava mudar em casa.

Mais uma vez, o Bucks mudou. O trio Antetokounmpo (41 pontos), Holiday (21) e Middleton (18) somou dois terços dos pontos dos mandantes e ministraram a primeira vitória na série, com segurança: 120 a 100. Suns, em uma pavorosa noite de Booker — três acertos em 14 arremessos —, parou na boa defesa montada pelo técnico Mike Budenholzer.

Pela primeira vez, teriam que trazer mudanças para combater um Bucks adaptado a essa versatilidade ofensiva. Monty Williams, técnico de Phoenix, perdia nesse momento a série. Bucks atingiu uma superioridade irreversível, ditada por atuações históricas de Antetokounmpo.

Enterrada de Antetokounmpo, com uniforme verde
[Imagem: Reprodução/NBA.com]
O quarto jogo, em Milwaukee, foi para a prateleira dos grandes. Middleton, com 40 pontos, e Booker, com 42, travaram um duelo que perdurou até os minutos finais. Mas eu disse: nada passa aqui sem citar Antetokounmpo. Em uma ponte aérea que empataria o jogo, de Paul para Ayton, o grego executou um dos tocos de maior dificuldade e importância da história da liga. Uma enormidade. Uma “aberração”. Paul, em noite ruim, voltou a ter a bola para o empate, porém a perdeu para Holiday em um raro descuido na infiltração. Bucks novamente vencia e crescia de vez na série com o empate: 109 a 103.

Hora de jogo 5! De volta a Phoenix, Bucks e Suns protagonizaram um dos jogos mais grandiosos das finais na NBA. Os mandantes começaram avassaladores, e no segundo quarto os visitantes responderam à altura. Mais uma vez, o jogo chegava indefinido aos últimos momentos, graças a noite iluminada de Booker, com 40 pontos. O lance da série, inclusive, inicia em suas mãos. Com a chance de virar o jogo, o jovem ala-armador do Suns foi ao ataque. O protagonismo, porém, era nem tão inédito: Jrue Randall Holiday.

Defensor implacável, o armador mais uma vez roubou a bola, partiu para o contra-ataque e lançou para Antetokounmpo cravar em uma ponte aérea histórica! A derrota poderia vir por larga diferença ao Suns que não seria tão impactante quanto esse lance foi. O grego enterrou ali as chances de Phoenix retomar na série e sacramentou a virada, com 32 pontos: 123 a 119. Bucks estava a uma vitória do bicampeonato.

 

E ela poderia vir em casa! O jogo 6, em Milwaukee, trazia o embalado Bucks, com a fórmula de três vitórias consecutivas, para enfrentar o atordoado Suns. Mas, afinal, qual era essa fórmula? Nesse confronto, ela tem nome e sobrenome (que você quase não viu por aqui): Giannis Antetokounmpo.

Holiday e Middleton não tiveram uma boa atuação. O ala-pivô, por sua vez, teve apenas uma das maiores performances individuais da história da liga. 50 pontos, 14 rebotes, cinco tocos e 17 de 19 nos lances livres. Mais atenção para essa última estatística: um aumento repentino e decisivo de 34% no aproveitamento desses arremessos em comparação com o resto da pós-temporada. São esses números, em um jogo de título, que o elevam a outro patamar. Que justificam o apelido de aberração. Que dão a ele um posto entre os mitos e os gigantes do basquete, aos 26 anos. Antetokounmpo foi o Bucks e será lembrado por acabar com 50 anos de espera: 105 a 98 e, finalmente, anel no dedo!

Fui à coletiva pós-jogo. Antetokounmpo estava acompanhado: troféu Larry O’Brien (troféu de campeão) à direita, troféu Bill Russell (MVP das finais) à esquerda. No meio, o mesmo carisma de sempre. O único troféu que ele não recebeu foi o de novato do ano, e ele brincou: “O que eu mais quero agora é criar uma máquina do tempo para voltar ao meu primeiro ano e ganhar esse prêmio”. Falou até em ser trocado para outra equipe, no mesmo tom jocoso. Mas eu preferi extrair algo dessas falas: acabaram os desafios.

Antetokounmpo na entrevista coletiva
[Imagem: Reprodução/YouTube NBA]
O grego Giannis Antetokounmpo descobriu o basquete cinco anos antes de entrar na NBA. Ele, que era vendedor de rua na Grécia para ajudar a família, teve a maior evolução já vista de um jogador na NBA, tornando-se mitologia. Marcou seu nome na prateleira dos maiores. Isso tudo aos 26 anos. E é por isso que essa foi uma final extraordinária: quando veremos de novo tamanha enormidade individual, tanto pela superação quanto pela atuação, em uma final de NBA? Só Zeus sabe…

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