Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Austrália e Nova Zelândia 2023 | Espanha vence a Inglaterra e é campeã do mundo!

Na final da Copa do Mundo, o gol de Olga definiu o placar de 1 a 0 para as espanholas. Mas, na comemoração, não foram só felicidades

Por Davi Caldas (odavicaldas@usp.br)

No último domingo (20), ocorreu a tão esperada final da Copa do Mundo Feminina de 2023. A Espanha encontrou a Inglaterra em um confronto que definiria um título inédito, independente do resultado. Com apenas um gol na partida, a emoção seguiu até os minutos finais, com direito a uma defesa de pênalti e quinze minutos de acréscimo.

A partida marcou o segundo maior público de uma final de Copa do Mundo Feminina, com 75.784 pessoas, só não passando Estados Unidos e China em 1999, com 90.185 pessoas. A parte triste da final foi que, em meio às comemorações do título, o presidente da Federação Espanhola (RFEF), Luis Rubiales, cometeu assédio sexual contra a jogadora Jennifer Hermoso, após dar um beijo na boca da espanhola durante a cerimônia de premiação.

Caminho da Espanha

A Espanha vinha fazendo atuações crescentes nos últimos campeonatos, com uma melhora nos investimentos da modalidade e um consequente avanço nas suas campanhas, as jogadoras mostraram que poderiam chegar muito fortes no mundial.

Contudo, elas chegaram com algumas desconfianças. Um aparente clima ruim no vestiário tinha vindo à tona: em 2022, 15 jogadoras da seleção espanhola se recusaram a defender a equipe pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2023. O motivo era a manutenção do treinador Jorge Vilda no cargo. Algumas atletas não concordavam com os seus métodos de controle do grupo. Dentre elas, estavam Ona Batlle, Aitana Bonmatí e Mariona Caldentey, titulares na final e essenciais para o título espanhol.

Apesar disso tudo, a Espanha fez uma sólida Copa do Mundo. Na fase de grupos, venceu a Costa Rica e a Zâmbia por goleadas sem sofrer gols e, mesmo após uma grande derrota por 4 a 0 contra o Japão, a seleção se classificou em segundo lugar no grupo para as oitavas. Nela, venceu com facilidade a Suíça, com um placar de 5 a 1.

A verdadeira emoção começou nas quartas, já que o jogo foi para a prorrogação após um empate em 1 a 1. Com um gol de Salma Paralluelo, de apenas 19 anos – agora a mais jovem espanhola a fazer um gol em Copas do Mundo –, a Espanha venceu a partida por 2 a 1.

Na semifinal, a equipe enfrentou a Suécia em uma partida emocionante, com três gols saindo depois dos 80 minutos. Primeiro, Paralluelo voltou a marcar para abrir o placar; depois, veio o empate sueco para que, no minuto seguinte, Olga Carmona – que voltou a ser decisiva na final –, definisse o jogo em 2 a 1 e garantisse a Espanha na final.

Time espanhol comemorando a classificação para a final [Imagem: Reprodução/Instagram @sefutbolfem]

Caminho da Inglaterra

A Inglaterra era uma das seleções consideradas favoritas para vencer o torneio, já que vinham de dois títulos importantes: a Eurocopa de 2022, em cima da Alemanha na final, e a Finalíssima de 2023, contra o Brasil — os únicos títulos de sua história, sendo ambos comandados pela atual técnica Sarina Wiegman.

Na Copa, venceu os três jogos da fase de grupos, contra Haiti, Dinamarca e China. Nas oitavas, passou com dificuldade da Nigéria, após um empate sem gols e uma vitória por 4 a 2 nas penalidades.

Nas quartas de final, o time inglês enfrentou a seleção surpresa e destaque do campeonato, a Colômbia – que ajudou a eliminar a Alemanha ainda na fase de grupos. Após começar atrás no placar, a Inglaterra buscou a virada no início do segundo tempo e venceu a partida por 2 a 1.

Na semifinal, as Lionesses enfrentaram a Austrália, uma das sedes da Copa – junto com a Nova Zelândia. O jogo foi equilibrado e se manteve 2 a 1 para as inglesas até o final, quando elas ampliaram o placar final para 3 a 1 e se garantiram na final.

Time inglês comemorando a classificação para a final [Imagem: Reprodução/Instagram @lionesses]

História dos técnicos

Jorge Vilda fez a sua carreira profissional inteira como treinador da Espanha Feminina. Começou como assistente no sub-19, depois foi treinar o sub-17 e o sub-19 antes de chegar na seleção principal, em 2015.

Desde então, fez boas campanhas nas Eurocopas de 2017 e 2022, chegando até as quartas de final nas duas ocasiões, além da Copa do Mundo de 2019, em que passaram na fase de grupos pela primeira vez em sua história (apenas sua segunda participação no torneio, com a primeira em 2015), e foram eliminadas nas oitavas pelas campeãs da competição, os Estados Unidos, em um jogo parelho que terminou 2 a 1.

Em 2018, o treinador chegou a ficar na lista de candidatos a melhor treinador de futebol feminino do mundo pela FIFA e terminou na oitava colocação.

Nesta Copa, o técnico mostrou que não tem medo de arriscar e mudar suas certezas, já que trocou a goleira titular durante a competição e não ficou com receio de tirar Putellas, melhor do mundo, para dar espaço à jovem em ascensão Paralluelo na grande final. Além disso, manteve Olga como titular na última partida, já que ela entrou muito bem na semifinal quando Hernández estava suspensa. Assim, a lateral não só fez o gol da classificação para a final, como fez o gol do título espanhol.

Sarina Wiegman já é um nome renomado dentro do futebol feminino, já que mesmo antes de assumir a seleção inglesa, em setembro de 2021, a treinadora havia sido finalista da Copa do Mundo em 2019 com a Holanda.

Além dessa campanha, Wiegman ganhou as duas últimas Eurocopas, em 2017 com a Holanda e em 2022 com a própria Inglaterra. Também ganhou o prêmio da FIFA de melhor treinadora de futebol feminino do mundo em três oportunidades: 2017, 2020 e 2022.

Nesta Copa, porém, a equipe não pôde contar com a sua principal jogadora, a artilheira Beth Mead, lesionada. Durante a competição, o time também perdeu Lauren James por conta de um cartão vermelho e uma suspensão de dois jogos que a tiraram do restante do campeonato – ela pisou propositalmente em Michelle Alozie, jogadora da Nigéria, nas oitavas de final. James só pôde voltar a jogar na final, entrando no segundo tempo.

Mesmo com esses importantes desfalques, a técnica conseguiu mostrar a qualidade de seu time e de seu trabalho para levar a equipe até a final da Copa do Mundo de 2023.

Equipes da Espanha e Inglaterra entrando em campo na grande final [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Escalações e esquemas táticos

O time espanhol, treinado por Jorge Vilda, veio a campo em um 4-1-2-3, com Catalina Coll no gol; Olga Carmona, Laia Codina, Irene Paredes e Ona Batlle na defesa; Teresa Abelleira no meio-campo defensivo; Jennifer Hermoso e Aitana Bonmatí no meio-campo ofensivo; e Mariona Caldentey, Salma Paralluelo e Alba Redondo no ataque.

A equipe manteve o estilo dos últimos jogos, com as laterais avançadas em grande parte do tempo —  com o time mantendo a posse de bola e tentando jogar pensando no ataque durante todo o jogo. Dessa forma, a Espanha ficava somente com uma linha de dois na defesa, formada pelas duas zagueiras, enquanto que as laterais ficavam na mesma linha que Teresa e subiam em alguns momentos de ataque.

Assim, a seleção espanhola jogou em um 2-3-2-3 (tática conhecida como WW, pois as jogadoras formam um desenho em W na defesa e no ataque), mudando para um 4-1-4-1 quando tinham que se defender. A única mudança em relação aos últimos jogos foi que Hermoso jogou mais recuada, atuando no meio-campo, permitindo que Paralluelo, jovem destaque do time no campeonato, entrasse em seu lugar no ataque como titular.

Com o time defendendo, Paralluelo se mantinha mais avançada, enquanto as pontas recuavam para ficar na mesma linha que as meias-ofensivas. Em alguns momentos, Bonmatí também jogava mais recuada para formar um 4-2-3-1. Nos dois esquemas defensivos, Batlle ficava encarregada de buscar o bote um pouco mais avançada e, por isso, subia a sua linha de marcação em alguns momentos.

Outra mudança foi a saída de Alexia Putellas, eleita como a melhor jogadora do mundo nos últimos dois anos, do time titular. A saída da craque deu espaço para a entrada de Paralluelo, que vinha entrando muito bem nos últimos jogos, fazendo gol nas quartas e na semifinal, na equipe.

Escalação da Espanha [Imagem: Reprodução/Youtube/CazéTV]

O time inglês, treinado por Sarina Wiegman, foi a campo escalado em um 3-5-2, com Mary Earps no gol; Alex Greenwood, Millie Bright e Jess Carter na defesa; Rachel Daly, Ella Toone, Keira Walsh, Georgia Stanway e Lucy Bronze no meio-campo; e Lauren Hemp e Alessia Russo no ataque.

Como o time passou boa parte do jogo marcando a posse de bola espanhola, ele variava sua escalação entre uma defesa mais avançada (com o time espanhol trabalhando a bola ainda no seu campo de defesa) e uma defesa mais recuada (com a Espanha já no campo inglês).

No primeiro caso, o time se comportava de forma parecida com sua escalação inicial, mas com algumas meia-campistas mais recuadas – Walsh sempre ficava mais atrás, junto com mais uma ou duas jogadoras, que mudaram entre Daly, Stanway e Bronze, dependendo do lado em que a Espanha estava atacando e o nível de intensidade do ataque.

Um fato curioso é que, como Bronze também é uma defensora, em momentos em que a zaga estava mais desarrumada, ou Carter estava um pouco mais avançada, ela mesma recuava e completava a linha de três zagueiras.

No segundo caso, o time priorizava o 5-4-1, com as laterais Bronze e Daly recuando para formar uma única linha junto com as zagueiras, e Hemp ou Russo recuava um pouco para ajudar na marcação junto ao meio-campo. Normalmente, a atacante que recuava e Toone ficavam um pouco mais avançadas do que o resto do meio, que fazia uma marcação mais baixa.

No segundo tempo o time fez algumas mudanças e mudou seu estilo de jogo, criando jogadas e se lançando mais ao ataque. Sem a bola, jogou em um 4-4-2, com Carter fazendo a lateral esquerda e Bronze do lado direito. Com ela, as duas avançavam um pouco, se juntando à primeira linha do meio-campo, normalmente formada por Walsh, ou mesmo ocupando espaço em um meio-campo mais avançado.

Escalação da Inglaterra [Imagem: Reprodução/Youtube/CazéTV]

Primeiro tempo: o gol do título

Cata Coll trabalhou pela primeira vez aos 2’, mas apenas para interceptar um lançamento longo feito por Carter. Aos 5’, a goleira espanhola defendeu um chute de Hemp, e saiu bem do gol para segurar uma bola de um escanteio, aos 12’, criado após boa jogada de Russo. Aos 16’, a Inglaterra teve mais uma boa chance, em que Daly ajeitou a bola na entrada da área para Hemp fazer uma ótima finalização que parou no travessão.

A Espanha chegou pela primeira vez com perigo aos 17’: em um cruzamento de Olga, Paralluelo deu um toque para Redondo finalizar já dentro da pequena área, mas o chute foi em cima da goleira Earps, que fez grande defesa. Aos 20’, Cata Coll defendeu mais um chute de Hemp, mas que não levou perigo. 

Aos 29’, Lucy Bronze tentou subir com a bola, mas perdeu a sua posse ainda no meio do campo. No contra-ataque, Teresa vira o jogo, aproveitando o espaço deixado por Bronze, ao passar para Mariona, que dá um passe em profundidade para Olga chutar de primeira no gol e abrir o placar da final. A Espanha ainda teve outras chances, com Paredes aos 37’, além de uma bola na trave de Paralluelo aos 45+1’.

A FIFA já agiu no caso, suspendendo provisoriamente Rubiales por 90 dias e proibindo-o de contatar Hermoso ou pessoas próximas a ela. A Federação Espanhola, contudo, emitiu um comunicado afirmando que as alegações da atacante são falsas, ameaçou processar as 79 jogadoras que assinaram uma carta na qual se recusam a jogar pela Espanha enquanto Rubiales estiver lá e ameaçou sair da UEFA caso o presidente seja demitido.

Olga na comemoração do seu gol na final [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Segundo tempo: Earps mantém a esperança inglesa até o final

Para tentar uma reação, as Lionesses foram para o segundo tempo com duas mudanças no time: saíram Daly e Russo para a entrada de Chloe Kelly – autora do gol mais importante da história da seleção, que deu o título da Euro à Inglaterra em 2021 – e Lauren James – que vinha fazendo uma ótima Copa do Mundo até ter tomado uma expulsão contra a Nigéria que a tirou da competição até a final. Assim, Kelly tomou o lugar de Russo no ataque, deixando James flutuar mais no meio-campo.

Apesar das mudanças inglesas, a primeira chance de perigo na etapa foi espanhola, com um chute de Mariona, de fora da área, que obrigou Earps a fazer uma grande defesa para evitar o segundo gol das Rojas aos 50’.

Aos 54’ a Inglaterra teve uma boa chance, com um cruzamento de Kelly que Hemp finalizou de primeira, mas para fora. Aos 60’, Redondo saiu para a entrada de Hernández – titular como lateral nas quartas, ficou suspensa na semifinal e deu lugar à Olga, que fez o gol da classificação e o gol da final. A substituição foi, talvez, pensando nela para jogar invertida, na ponta direita, mas que auxilia mais na marcação do que a atacante.

Aos 61’, a equipe espanhola chegou com muito perigo após um belo chute de Bonmatí, de fora da área, que passou por cima do gol. Aos 64’, o time chegou mais uma vez no ataque após a finalização de uma boa jogada formada dentro da área, resultando em um chute travado de Paralluelo. Contudo, no meio do lance, houve um toque de mão de Walsh e, levando em conta a revisão do VAR, a árbitra Tori Penso marcou o pênalti.

Hermoso, que já havia perdido uma oportunidade de cobrança nessa Copa – desde 2015, cobrou oito penalidades pela Espanha e acertou sete, errando somente no seu primeiro jogo dessa Copa, contra a Costa Rica –, foi para a decisão aos 70’. A jogadora, que é a maior artilheira da história da seleção espanhola, com mais de cinquenta gols, não bateu bem e telegrafou o chute, permitindo a importante defesa de Earps, que encaixou a bola.

Earps defendeu o pênalti cobrado por Hermoso [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Aos 73’, Codina sentiu uma lesão e teve que deixar o gramado para a entrada de Andrés. Mas quem começou a aparecer foi uma das mudanças inglesas. Aos 76’, James recebeu uma bola no canto da área e deu uma ótima finalização para a defesa ainda melhor de Cata Coll. Do lado espanhol, Hermoso chegou bem no ataque aos 89’, mas Carter fez um corte crucial que impediu a bola de chegar no gol e, possivelmente, matar a partida.

Outras substituições ainda ocorreram, com a saída de Toone para a entrada de Bethany England na seleção inglesa aos 87’ – centroavante que, apesar de ser mais rústica, poderia se tornar uma grande chance de gol para o time nos minutos finais –, e a saída de Mariona para a entrada de Alexia Putellas na equipe espanhola aos 90’.

Nos 90+2’, a Espanha obrigou mais uma grande defesa de Earps, em uma bola chutada por Batlle e que foi desviada por Carter, dificultando mais ainda a defesa da goleira inglesa. Em mais um ataque espanhol, aos 90+8’, Bronze bloqueou um chute de Paralluelo. A Inglaterra tentou chegar ao ataque nos minutos finais, mas não conseguiu criar nenhuma boa jogada. Assim, após Cata Coll segurar uma bola vinda de uma escanteio, aos 90+15’, a árbitra apitou e encerrou a partida, assegurando a vitória espanhola por 1 a 0 o seu título inédito da Copa do Mundo.

A Espanha conquista o seu primeiro título de Copa do Mundo [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Análises estatísticas

Com 64% da posse de bola no primeiro tempo, a seleção espanhola dominou o meio-campo do jogo, o que a auxiliou nas criações de jogadas e, consequentemente, na formação do gol espanhol (originado após um roubo de bola no meio do campo).

A Inglaterra mudou as suas táticas para o segundo tempo e conseguiu manter mais a bola nos seus pés, com 51% da posse de bola no período. Assim, conseguiu criar mais boas jogadas do que na primeira etapa, mas também permitiu a chegada do ataque espanhol muitas vezes. Salvo pela goleira Earps em todos esses ataques, o time pressionou até o final na tentativa de um empate, mas sem sucesso.

No geral, a Espanha dominou as estatísticas da partida, com mais finalizações (totais – 13 espanholas contra 8 inglesas – e ao gol – 5 contra 3), mais passes trocados (485 contra 362), mais posse de bola (57% contra 43%), além de escanteios, dribles, interceptações e cortes.

Destaques do jogo

Do lado inglês, o grande destaque da partida foi a goleira Mary Earps. A inglesa foi decisiva ao defender um pênalti no segundo tempo, além de ter feito várias outras grandes defesas. No total, foram quatro defesas, sendo três de dentro da área, e quase todas elas sendo defesas difíceis. Lauren James também entrou muito bem na partida e criou algumas boas oportunidades.

Além delas, Lucy Bronze poderia ser citada como um destaque pela sua participação intensa na defesa, vencendo diversos duelos e aplicando vários desarmes. Contudo, a jogadora falhou no lance mais importante da partida, perdendo a bola na jogada que resultou no único gol espanhol.

Do lado espanhol, não poderia ser diferente: Olga Carmona foi o grande destaque. A lateral participou intensamente do jogo, com mais de cem toques na bola e apoiando o ataque sempre que possível, e foi essencial para a vitória espanhola, marcando o gol do título. Ao término do jogo, foi eleita como a melhor jogadora da final.

Olga Carmona recebeu o prêmio de Player of the Match (melhor jogadora da partida) [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Além da autora do gol, a goleira Cata Coll fez uma partida muito segura, fazendo três boas defesas. Ona Batlle também foi muito importante do lado direito do campo, pressionando na marcação para conseguir cortes, desarmes e interceptações – assim como a zagueira Irene Paredes –, e apoiando bem o time no ataque.

Para finalizar, Aitana Bonmatí fez uma partida excelente, acertando 95% de seus passes (42 certos) e sendo essencial nos duelos no chão. A espanhola também foi muito esperta no ataque, aproveitando os espaços cedidos pelo time inglês (principalmente nas laterais), atacando nas costas das laterais e colocando a bola na área.

Destaques da Copa

Na cerimônia de premiação da Copa do Mundo, foram anunciados os prêmios individuais da competição, que não saíram das finalistas.

Como destaque jovem da Copa, Salma Paralluelo, de 19 anos, foi quem levou o prêmio. Não foi surpresa: a jovem fez um excelente mata-mata, inclusive conquistando uma vaga de titular na grande final.

O prêmio de melhor goleira da Copa ficou com a inglesa Mary Earps, que tomou apenas quatro gols em sete jogos da competição e fez 17 defesas ao todo. Na final, teve uma atuação impressionante que mostrou o porquê de merecer vencer a premiação.

Aitana Bonmatí ficou com o prêmio de melhor jogadora da Copa. A espanhola foi essencial para o ataque da equipe, marcando três gols na competição, distribuindo duas assistências e mantendo médias impressionantes de duas grandes chances criadas por jogo, 87% de eficácia nos passes e 72 toques na bola por jogo, aparecendo em todos os bons lances da Espanha.

Assédio disfarçado de comemoração

Mas infelizmente a cerimônia de premiação não parou na festa e nas comemorações. A parte triste da linda final foi o caso de assédio sexual feito pelo presidente da Federação Espanhola (RFEF), Luis Rubiales, contra a jogadora Jennifer Hermoso. O ocorrido foi durante a premiação final, com Rubiales dando um beijo na boca da atacante.

Segundo ele, o beijo foi consentido, o que foi desmentido pela própria atleta. Várias pessoas defenderam a jogadora e condenaram a atitude do presidente da federação, como o próprio elenco espanhol, o elenco inglês, os membros técnicos do time (inicialmente sem o técnico, que se posicionou contra o caso posteriormente), o primeiro-ministro espanhol – Pedro Sánchez –, além de jogadores como Iniesta, Xavi e Casillas, e times como Barcelona, Real Madrid e Sevilla, entre vários outros clubes da La Liga que também se posicionaram sobre o caso.

Em uma assembleia realizada na última sexta-feira (25), o presidente afirmou que não irá renunciar ao cargo, dizendo ser uma vítima do “falso feminismo” e chegou a ser aplaudido pelo técnico do time feminino Jorge Vilda e por Luis de La Fuente, técnico da seleção masculina da Espanha. Além deles, o ex-técnico da seleção espanhola e do Barcelona Luis Enrique minimizou a situação.

Contudo, assim como de La Fuente, Vilda “voltou atrás” na sua posição do caso e condenou a atitude: “Lamento profundamente que a vitória do futebol feminino espanhol tenha sido prejudicada pelo comportamento inapropriado que o nosso líder máximo, Luis Rubiales, tem levado a cabo e que ele próprio reconheceu. […] Manchou uma vitória merecida”.

Em um primeiro momento, Rubiales tentou defender seu beijo como uma “brincadeira entre amigos”, mas depois da péssima repercussão mudou a estratégia e confirmou o erro, dizendo ter sido sem má intenção.

Como uma resposta ao seu discurso na assembleia, as jogadoras do elenco campeão do mundo afirmaram que não voltarão a atuar pela seleção espanhola enquanto os dirigentes atuais estiverem no cargo.

A FIFA já agiu no caso, suspendendo provisoriamente Rubiales por 90 dias e proibindo-o de contatar Hermoso ou pessoas próximas a ela. A Federação Espanhola, contudo, emitiu um comunicado afirmando que as alegações da atacante são falsas, ameaçou processar as 79 jogadoras que assinaram uma carta na qual se recusam a jogar pela Espanha enquanto Rubiales estiver lá e ameaçou sair da UEFA caso o presidente seja demitido.


*Foto capa [Imagem: Reprodução/Instagram @sefutbolfem]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima