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Mostra Internacional de SP: Gaivotas

por Flávio Ismerim flavio.ismerim@gmail.com Este filme faz parte da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para conferir a programação completa clique aqui Escalado na seção de Novos Diretores da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o drama Gaivotas (Chaiki, 2015) desponta como o primeiro longa filmado na distante república russa da Calmúquia em …

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por Flávio Ismerim
flavio.ismerim@gmail.com

Este filme faz parte da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para conferir a programação completa clique aqui

Escalado na seção de Novos Diretores da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o drama Gaivotas (Chaiki, 2015) desponta como o primeiro longa filmado na distante república russa da Calmúquia em 25 anos. E é justamente em cima das histórias e dos costumes daquela região às margens do Mar Cáspio que o enredo do filme se constitui.

A obra marca a estreia espetacular da diretora Ella Manzheeva e da premiada modelo Evgeniya Mandzhieva. E é de um requinte artístico quase tão espetacular quanto a atuação de Mandzhieva no papel de Elza, uma mulher insatisfeita com seu casamento e que cogita deixar o marido. Impedida pelas tamanhas incertezas de uma nova vida, vê seu marido Dzhiga (Sergey Adianov) sair para pescar na iminência de uma forte onda de frio.

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Os longos planos estáticos são uma marca forte do longa, causando até uma certa sensação de cotidiano quando Elza circula pelos cômodos da casa ou vai dar de comer ao cão e às galinhas. Seria tedioso, se não fosse a profunda carga dramática carregada pela protagonista e alinhavada pelo trabalho incrível de Alexander Kuznetsov como diretor de fotografia. Tudo no filme parecia combinar para significar a forte influência budista sobre a Calmúquia, de forma que os planos apresentavam sempre uma beleza leve mesmo diante de pontos de tensão no que diz respeito à trama.

Surge como exceção apenas o momento em que Elza se vê sem perspectiva de retorno do marido e não sente qualquer segurança no porvir. Ela, então, vai a um templo budista da cidade em busca de conforto espiritual. E somente nesse momento é que a câmera vacila, se deixa tremer e denuncia todo o caos em que se encontra a moça.

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O posicionamento da câmera certamente faz com o espectador se insira nas cenas de forma a tentar entender protagonista, nunca chegando a ser o ponto de vista de alguém. Nesse ponto, nós nos sentimos tão sozinhos e sofremos tanto quanto Elza. Os longos planos estáticos contribuem em muito, ao conferir realidade próxima à da câmera de segurança, para a criação de uma esfera separada da moça.

A trilha sonora também cumpre um papel vital na relação entre enredo e fotografia. Ela é extremamente seca – por vezes faltante – e contribui para conferir a secura que estrutura o drama da trama. A fotografia de Kunznetsov, como nos momentos em que o Elza anda de carro ou se locomove pela cidade, é de tamanho êxito que, por vezes, o som se vê obrigado a não aparecer e deixá-la brilhar.

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De recortes culturais bastante exatos, o filme nos brinda com os traços étnicos da região onde foi produzido. A convivência entre os hábitos consagrados como russos e os tidos como budistas permeia o filme. E, como se não fosse suficiente, o enredo lança mão de um elemento milenar do folclore acerca das gaivotas como forma de amarrar o filme. São as gaivotas que aparecem para levar os pescadores ao mar, voltam para avisar de suas mortes e dão um desfecho ao filme. São elas as almas dos pescadores; são elas que, simbolizam a transformação em Elza após a morte de seu marido. Afinal, “as gaivotas voando são as almas dos pescadores mortos”.

Confira o trailer:

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