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Retrospectiva 2018: 10 dos melhores álbuns nacionais

Por Léo Lopes (leo.lopes@usp.br) Fazer listas é uma tarefa ingrata. Selecionar as melhores produções fonográficas do ano era muito mais fácil quando havia um cartel de gravadoras selecionando quando, como e o que seria escutado. Nunca se produziu tanta música e de forma tão democrática quanto hoje. Se até mesmo com áudios do WhatsApp é possível se …

Retrospectiva 2018: 10 dos melhores álbuns nacionais Leia mais »

Por Léo Lopes (leo.lopes@usp.br)

Fazer listas é uma tarefa ingrata. Selecionar as melhores produções fonográficas do ano era muito mais fácil quando havia um cartel de gravadoras selecionando quando, como e o que seria escutado. Nunca se produziu tanta música e de forma tão democrática quanto hoje. Se até mesmo com áudios do WhatsApp é possível se gravar um EP, escolher uma mísera dezena de discos nacionais entre a enxurrada de obras que 2018 proporcionou se torna tarefa árdua e inevitavelmente injusta.

O Brasil está em um momento maravilhoso de efervescência cultural. Do Rap ao MPB, do Pop ao Rock Instrumental, do Mainstream ao Underground. Nessa singela lista tentei fazer um recorte que apresentasse não somente alguns dos álbuns mais repercutidos ao longo do ano, mas que também escancarasse a pluralidade das produções que tivemos a sorte de presenciar.

Não é à toa que os grandes portais foram progressivamente aumentando o tamanho de suas listas de fim de ano, como por exemplo a Rolling Stone, que esse ano se estendeu a 50 discos. Foi doloroso deixar de fora artistas como BK, Maria Beraldo, Mulamba, Teto Preto, Edgar, Tuyo, Ana Cañas, Karol Conká, Lenine, Erasmo Carlos, Marcelo D2 e tantos outros que brilharam.

Enfim, fica aqui – em ordem alfabética – uma seleção de dez artistas que lançaram obras memoráveis em 2018:

Anelis Assumpção – Taurina

 

Um disco que não se ouve, degusta. Em seu terceiro álbum, Anelis Assumpção cria uma experiência sensorial carregada de cheiros, temperos, sabores e texturas. Logo na primeira faixa ela nos convida a um “Mergulho Interior” se apresentado aberta para expor seu âmago. A partir daí damos um passeio pela sua cozinha, onde através de construções metafóricas ela nos conta sobre suas angústias, prazeres e desejos. Com Taurina conhecemos a intimidade de Anelis através de sons que se traduzem em gostos.

Baco Exu do Blues – BLVESMAN

Ninguém esperava que levaria tão pouco tempo pro Baco jogar todos os holofotes para si mais uma vez depois do impacto de Esú ano passado. Dessa vez ele percorre um caminho diferente para nos atingir com tanta força – ou até mais – quanto em seu primeiro lançamento. Mesmo com a voz mais calma e melódica, a urgência em tudo que o Baco diz em BLVESMAN é palpável. As letras exploram desde temáticas que discutem questões de saúde mental, até a reivindicação de elementos negros apropriados pela cultura branca. Desde o Blues até Jesus.

Djonga – O Menino Que Queria Ser Deus

Outro que não ficou marcando tempo para lançar mais um tapa na cara foi o Djonga. Um ano depois de sair pro mundo com o Heresia, o mineiro volta para se consolidar como um dos maiores com o ambicioso O Menino Que Queria Ser Deus. Podemos ver esse álbum como o Djonga lapidando sua própria identidade musical. As letras carregadas de referências continuam, mas desta vez abordam também temas mais introspectivos. A agressividade aparentemente mais controlada ainda aparece nos momentos certos para botar o dedo na ferida. Djonga se expôs mais, só para nos confirmar a certeza de sua genialidade.

Duda Beat – Sinto Muito

 

Uma das mais gratas surpresas do ano foi o lançamento da recifense-carioca Duda Beat. Seu primeiro álbum é uma mescla autêntica de elementos brasileiros do tecnobrega e axé, com elementos do indie e pop embalados por letras que evocam o amor. Depois de participar dos últimos álbuns de Castello Branco e Letrux, com o lançamento de Sinto Muito ela foi colocada em destaque no cenário da música pop nacional. Um disco que mergulha na sofrência ao mesmo tempo em que inflama com beats empolgados.

Elza Soares – Deus é Mulher

Depois de três anos a rainha Elza Soares repetiu a parceria de sucesso com o produtor Guilherme Kastrup para um novo álbum de inéditas. O time que eles reuniram para assinar as canções é afiado: Kiko Dinucci, Tulipa Ruiz e Edgar para citar alguns. O álbum é inteiramente permeado por tabus e questões sociais: liberdade sexual, feminismo, preconceito religioso, tudo posto ali com a visceralidade da voz dessa mulher que é uma entidade divina na música brasileira. Com 33 álbuns e 88 anos nas costas, Elza nos mostra em Deus é Mulher que sua força e vitalidade para gritar pelo que é necessário estão intactas.

E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – Fundação

Depois de uma série de excelentes EP’s, os paulistas da EATNMPTD conseguiram dar um passo além com o lançamento de seu primeiro álbum. A banda veio progressivamente alargando os limites que comumente seriam condenados a uma banda de post rock instrumental no Brasil. A presença deles no Lollapalooza do ano que vem só atesta isso. No Fundação eles se atrevem a criar experimentações utilizando recursos eletrônicos, sem abandonar as guitarras reverberadas e levadas nervosas de bateria. Uma catarse coletiva de 40 minutos onde narrativas se constroem sem nenhuma palavra.

Gilberto Gil – OK OK OK

O primeiro disco da velhice de Gilberto Gil. Com a cobrança para que ele se posicione diante da situação semi-distópica que nossa sociedade acabou, Gil opta pela via do afeto como solução. Recuperado de complicações com a sua saúde, nesse álbum ele abusa da ternura para criar canções intimistas, em sua maioria dedicadas a pessoas próximas de sua convivência.

Em OK OK OK vemos que – para Gil – a saída do dilema nacional onde estacionamos só será propiciada pelo afeto, e é contemplando sua velhice com seus pares que ele nos mostra isso.

IZA – Dona de Mim

Depois de dois anos de gestação, estreando de cara pela Warner Music, IZA lançou seu primeiro álbum como sucesso instantâneo. Abarrotado de participações famosas como Thiaguinho, Rincon Sapiência e Gloria Groove, ela sustentaria o disco sozinha facilmente caso fosse necessário. Uma obra moldada com referências estéticas internacionais do R&B e Soul, mas com uma originalidade latina que rendeu até indicação ao Grammy. Dona de Mim serve para nos lembrar como também podemos encontrar novos artistas brilhantes no mainstream.

Maurício Pereira – Outono no Sudeste

O talento do Maurício Pereira como compositor não é algo novo a se exaltar. Em Outono no Sudeste ele apresenta mais uma vez as letras que relatam seu cotidiano das formas mais versáteis possíveis. Porém o que marcou tanto esse álbum foi a roupagem nova que ele deu às suas canções no auge dos seus 58 anos. Por intermédio do seu filho, Tim Bernardes, ele conheceu o Gustavo Ruiz, que veio a ser produtor do disco. Essa conexão nova trouxe um acabamento vintage charmoso às músicas que harmonizou de forma surpreendente. Fino.

Rubel – Casas

Cinco anos depois Rubel colocou no mundo o sucessor de Pearl, e a sonoridade tomou rumos totalmente diferentes do folk que apresentou em sua estreia. A melancolia se manteve, mas ganhou a companhia de momentos mais eufóricos, ambos flutuando sobre arranjos de cordas e metais grandiosos. Não bastasse a nova aventura com banda, Rubel abre espaço para absorver elementos eletrônicos e parcerias no rap com Emicida e Rincon Sapiência.

Casas dá continuidade ao que Rubel criou no seu lançamento, dessa vez mais seguro para ir além da voz/violão e se expressar através de novos elementos.

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