Olivia Rodrigo é a mais nova sensação da internet. Após o sucesso repentino de sua música All I Want, composta para a trilha sonora da série High School Musical: The Musical: The Series (2019-), foi apenas uma questão de tempo para a artista, de apenas 18 anos, assinar contrato com uma gravadora e iniciar a produção de seu primeiro álbum de estúdio, SOUR (2021). O projeto flutua entre o pop e o rock em canções que refletem a intensidade da adolescência.
Drivers license, single de estreia da cantora, encapsula a tristeza do fim de um relacionamento através de vocais emocionantes e uma ponte memorável, e conquistou o primeiro lugar nas paradas com apenas uma semana de seu lançamento. A música estabelece o tom para o restante do álbum, que traz a desilusão amorosa como tema recorrente entre suas onze faixas, bem amarradas e circulares, como se contassem uma história — um coming of age agridoce, ou até mesmo azedo, como o próprio título sugere.
Brutal, canção que abre o disco, é uma faixa catártica carregada de vocais raivosos, na qual o pop punk é utilizado como base para a cantora colocar para fora suas angústias e frustrações com a juventude. Essa não é a única música na qual a artista experimenta com o rock — good 4 u, terceiro single do álbum, foi muito comparado aos hinos emo de Paramore e Avril Lavigne. O clipe da canção também é recheado de referências à cultura pop dos anos 2000, com cenas inspiradas em filmes como O Diário da Princesa (2001) e o clássico cult Garota Infernal (2009). A faixa brinca com o estereótipo de “ex-namorada obcecada” de forma sarcástica e tempestuosa, e garantiu à Olivia, mais uma vez, o primeiro lugar nas paradas americanas.
Em seguida, traitor retrata as frustrações causadas por um relacionamento passado, assunto que é retomado nas músicas 1 step forward, 3 steps back — que conta com arranjos de New Year’s Day, canção de Taylor Swift — e enough for you. Ainda que as três faixas apresentem temas e sonoridades semelhantes, a carga emocional adicionada pelos vocais de Olivia, além da acertada produção de Dan Nigro, conseguem fazer com que SOUR não pareça repetitivo.

[Imagem: Reprodução/Instagram/@OliviaRodrigo]
Ainda que os singles sejam as faixas de maior destaque no álbum, o restante das músicas ganha força com os vocais impressionantes e letras pessoais e vulneráveis de Olivia, que explora várias facetas da desilusão amorosa e não vê problema em admitir seus erros, arrependimentos e dúvidas. Sua transparência é o que torna tão fácil ao público se identificar com suas músicas — a cantora consegue quebrar com o padrão de pop star perfeita e inalcançável, muito comum entre jovens astros até pouco tempo atrás, e permite que suas composições reflitam a tristeza, raiva e confusão típicas da adolescência. SOUR é uma estreia notável para a artista que, com certeza, ainda tem muito o que mostrar.
*Imagem de capa: Reprodução/iTunes