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40ª Mostra Internacional de Cinema de SP: Las Plantas

Este filme faz parte da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui. Florencia (Violeta Castillo), uma jovem chilena de 17 anos, é a protagonista do filme Las Plantas, de Roberto Doveris. Quando descobre que terá que, agora sozinha, cuidar de seu irmão Sebastián, que se encontra em …

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Este filme faz parte da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui.

Florencia (Violeta Castillo), uma jovem chilena de 17 anos, é a protagonista do filme Las Plantas, de Roberto Doveris. Quando descobre que terá que, agora sozinha, cuidar de seu irmão Sebastián, que se encontra em estado vegetativo, a garota passa a viver dilemas que se intercalam com essa responsabilidade e sua vida de adolescente. O longa, que foi vencedor do prêmio de Melhor Filme outorgado pelo júri jovem do festival de Berlim, perpassa pelo cenário da vida cotidiana da personagem e como ela descobre, em meio às adversidades, sua sexualidade.  

Sem vitimizar a situação vivida pela protagonista, Roberto Doveris elabora uma metáfora com as histórias em quadrinho encontradas por Florencia, Las Plantas, o estado físico de Sebastián, e a vida sexual em seus primórdios adolescentes. Conforme mostrado ao decorrer do enredo, os quadrinhos contam como, à meia noite, as plantas, que seriam capazes de ver, pensar e ouvir (semelhante a Sebastián, assim como afirma seu diagnóstico médico), possuem corpos humanos para desvendar os prazeres do desejo sexual.

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A história apresentada no filme exige do espectador certa sensibilidade para entender o que, dentro daquela vida ao mesmo tempo pacata e difícil levada por Florencia, se coloca como fundamental. As próprias metáforas são sensíveis. É em meio a sites de relacionamento com conteúdos eróticos, danças de K-pop e Cosplay, que a protagonista vai se descobrindo e colocando o corpo masculino como um objeto, ao contrário do que se encontra em discursos circulantes mais comuns. Além disso, é na sexualidade que ela se expressa, sempre se travestindo, ou seja, assim como no Cosplay, não mostrando quem ela realmente é, até certo momento no filme, para “seu objeto de desejo”.

Por se tratar de um filme mais íntimo, que não possui um apelo para as cenas de ações mais contínuas, em meio a uma trilha sonora composta pela própria Violeta, a vida se passa como num despertar de uma rotina. A garota ensaia com mais dois amigos para uma apresentação de K-pop, visita a Comic Con chilena fazendo Cosplay da personagem Rei Ayanami, do anime Neon Genesis Evangelion (esta que, dentre outras características, é uma personagem carente de desejos), vai à escola, faz visitas periódicas a sua mãe que se encontra internada em um hospital, enfim, não possui dramas frequentes.

É somente no final que uma tensão é criada. O desenrolar de um encontro sexual que Florencia vivencia toma um rumo não calculado pela garota, mas que, de uma forma simples, dribla essa problemática tornando-a o desfecho singular e figurativamente poético do filme.

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Florencia, ao contrário de seu irmão, não se encontra como planta, ela quer participar ativamente da vida, e de um modo ingênuo proporcionado de certa forma pela idade, ela tenta se enquadrar e se descobrir nesse mundo dos sentidos sexuais. Sem deixar de possuir sua identidade, ela se modifica e se enquadra, dando espaço para que seu próprio corpo e seu próprio desejo ganhem sentido no mundo em que ela vive. Contudo, para que o filme se comunique com quem o assiste, ele deve ser compreendido dentro dos moldes das figuras de linguagem, sendo a metáfora a mais presente. Para quem está acostumado com o estilos dos filmes de festivais, vale a pena adentrar nesse episódio de uma vida problemática à procura da sexualidade.

por Camilla Freitas
camilla.freitasoares@gmail.com

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