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45ª Mostra Internacional de SP | ‘Sanguessugas – Uma Comédia Marxista sobre Vampiros’

Humor político critica o capitalismo com um cenário contemporâneo

A trama começa quando uma jovem burguesa e seu assistente pessoal encontram um russo de chapéu em uma praia da Alemanha no começo do século 20, enquanto um grupo de operários leem e discutem O Capital, de Karl Marx. A breve descrição da cena pode assustar o leitor, que também pode notar um navio cargueiro enorme, certamente do século 21, no horizonte da imagem de capa desta resenha e, com isso, se afastar ainda mais. Contudo, quem não se desligar e conseguir manter a curiosidade, que o título certamente causa em quem lê, a ponto de assistir ao filme não irá se decepcionar. Em Sanguessugas – uma Comédia Marxista sobre Vampiros, todas essas estranhezas são justificadas. 

Na história, o jovem Ljowushka (Aleksandre Koberidze) é um ator que interpretaria Leon Trotsky em um filme na União Soviética. Mas, quando Stalin expulsa da Rússia o verdadeiro Trotsky, acaba a curta carreira de Ljowushka, que sai de Moscou em direção a Hollywood. Enquanto está na Alemanha, encontra a burguesa Octavia (Lilith Stangenberg), que, com seu ajudante Jakob (Alexander Herbst), confundem o ator com um barão que estaria fugindo da revolução russa. 

 

Cena do filme Sanguessuga em que um homem descasca vegetais sentado de frente a uma mesa de madeira e uma mulher apoia o rosto na mão e o cotovelo na mesa, olhando espantada para ele. Os dois vestem roupas brancas.
Ljowushka trabalha enquanto Octavia observa espantada [Imagem: Reprodução/IMDb]
A mulher prontamente leva o suposto barão para sua mansão. Mesmo apaixonados, o refugiado russo e a burguesa alemã são sempre separados por questões de classe. A divisão entre os dois se agrava quando o filme revela que a suposta “gripe chinesa” que estaria cansando os trabalhadores da cidade são, na verdade, ricos vampiros donos de produção sugando o sangue de proletários.

O projeto independente não tem como objetivo ambientar o espectador no século 20. A fotografia não procura uma iluminação de época e a direção de arte se empenha em trazer elementos contemporâneos para a tela. Essa escolha traz humor e um tom atemporal para a obra, além de ser uma opção inteligente para um filme independente que não pode investir milhões recriando o passado.

 Em Sanguessugas, as atuações são sólidas, com destaque para Lilith Stangenberg, que toma conta de todas as cenas em que está presente e consegue cativar o público mesmo quando está sendo cruel e insensível com os outros personagens. Essa simpatia é importante para justificar as ações do refugiado russo.

São diversas as alegorias que o diretor Julian Radlmaier usa para, através de um humor absurdo, mostrar o horror do sistema de produção que vivemos. Sanguessugas ilustra também como os burgueses dividem a classe trabalhadora e como o capitalismo pode, rapidamente, evoluir para o fascismo.

Mesmo para quem discorda ideologicamente do filme, ele se sobressai com a arte ousada e estilo único.

Nota do Cinéfilo: 4,5 de 5. Ótimo!

 

Esse filme faz parte da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. Confira o trailer: 

*Imagem de Capa: Reprodução/IMDb

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