Com uma proposta bastante inusitada, No Olho do Furacão (The Hurricane Heist, 2018) não consegue superar o fracasso inevitável, devido aos péssimos personagens, às atuações abaixo do medíocre e a um roteiro insustentável. O diretor Rob Cohen, conhecido por filmes de ação de peso como o primeiro Velozes e Furiosos (The Fast and the Furious, 2001) e Coração de Dragão (Dragonheart, 1996), consolida seu declínio com esse novo longa-metragem.
“Isso vai ser complicado!” diz Will (Toby Kebbell) a Casey (Meggy Grace), para preveni-la de uma forte colisão a fim de liquidar seus perseguidores. Porém, a parte mais complicada do filme é entender o roteiro repleto de buracos. No Olho do Furacão narra um assalto a banco, com um plano teoricamente infalível, pois uma grande tempestade tropical estaria de passagem pelo Alabama. Esse desastre seria o escudo perfeito dos assaltantes, graças a distração resultante do seu grande estardalhaço.
Embora os criminosos contassem com membros infiltrados na segurança do Tesouro, hackers bem preparados e suporte técnico de alguns membros da polícia, decididos por engordar seu pé de meia, não podiam esperar que Casey, a policial federal encarregada da proteção do cofre, estaria tão engajada. Contavam muito menos com a presença do meteorologista Will na cidade, que torna-se o principal assistente da agente federal, e a todo momento usa de seus conhecimentos para transformar o furacão em sua própria arma.
A agente Casey conta com a única atuação razoável do filme. A personagem, além disso, conta com uma destreza muito acima da média e sua convicção para defender sua missão é outro grande obstáculo para que o roubo aconteça. Sua vontade para cumprir o desígnio é motivada por uma frustração anterior, que resulta no grande impulso de Casey em não falhar.
Esse é um dos fatos usados no roteiro para unir os dois protagonistas: ambos perderam pessoas importantes, e estão a todo momento se esforçando para evitar uma nova frustração. No caso de Will, a decepção foi a perda de seu pai para o último grande furacão que passou pelo Alabama, e agora quer salvar seu irmão, Breeze (Ryan Kwanten), de um novo desastre a qualquer custo.
O drama, mesmo assim, é completamente raso, os personagens quase não têm profundidade emocional, não dando espaço nenhum para desenvolvimento de sentimentos. Pior ainda é a comédia nada natural que tenta se desenvolver no enredo, que torna muitos dos diálogos completamente desconexos. O grande triunfo da película é conseguir citar Mark Twain, célebre escritor norte-americano, e ao mesmo tempo ser mais esdrúxula do que Sharknado (2013), conhecido filme trash, que também trata de desastres naturais.
No Olho do Furacão estreia dia 7 de junho nos cinemas. Assista ao trailer abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=jh08ioq8YYo
por Pedro Teixeira
pedro.st.gyn@gmail.com