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Você não pode correr, mas bem queria

Felipe Maia Sabe quando você senta numa cadeira, bem perto da ponta, balançando a perna e olhando pros lados? Pois então, você não se agüenta onde está e quer logo sair dali. Rec (Espanha, 2007) te deixa com a mesma sensação. Não porque é como aquela aula chata ou aquela conversa boçal — está bem …

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Felipe Maia

Sabe quando você senta numa cadeira, bem perto da ponta, balançando a perna e olhando pros lados? Pois então, você não se agüenta onde está e quer logo sair dali. Rec (Espanha, 2007) te deixa com a mesma sensação. Não porque é como aquela aula chata ou aquela conversa boçal — está bem longe disso. Em vez de sentar na ponta, o filme faz você afundar na cadeira do cinema e querer ir logo embora. E reze pra que ele acabe logo, porque você não consegue sair antes do fim.

recMuito da produção deve-se a clichês. Isto é, ao bom trabalho feito com todos eles. Geralmente encarados pejorativamente, os clichês são signos que atravessam nossa cultura e fazem-se necessário principalmente na arte. Em Rec, os chamados estereótipos já começam a ser quebrados antes da projeção: é uma fita espanhola de ficção. Afinal, dificilmente se vê um cinema fora de Holywood que não se atenha ao mundo real — em especial se for o mundo do terror, à exceção das recentes produções japonesas. No filme, uma equipe de televisão acompanha a noite de trabalho de um corpo de bombeiros. Ao atender um chamado aparentemente simples, o clima de programa da tarde vai abaixo e começa o show de horror.

A repórter Ângela Vidal (Manuela Velasco) e o cameraman Pablo Rosso (Pablo) são quem dão o título ao filme, pois em momento alguma a câmera é desligada. Aí mais um clichê muito bem aproveitado: o enquadramento é todo o tempo subjetivo, vindo da gravação de Pablo. Por vezes, parece que o rapaz (que não dá as caras) sofre de uma tremedeira compulsiva, o que não impede de o artifício usado trazer uma angústia e expectativa há muito não vista nos filmes de terror. Estes, ultimamente mais preocupados em tornarem-se almanaques de mil e uma maneiras de se matar uma pessoa. O cenário vertical dá um tom frenético à película, que ganha força com uma sonoplastia cuidadosa e uma correria justificável.

O roteiro bem amarrado vai se desenovelando aos poucos e os planos não poupam em sangue e carnificina. O conjunto enche um prato pra quem gosta do gênero. Ao sair da sala, além da sensação de alívio, fica na cabeça a prova de que os diretores e roteiristas Jaúme Balaguero e Paco Plaza são entendidos quando o assunto é terror. Acertaram até na trilha sonora: a única canção do filme é um ótimo psychobilly, o irmão siamês do horror quando se fala de música.

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