O Lollapalooza já virou um festival de música consagrado no país. Desde 2012, o evento cresce a cada ano, trazendo artistas renomados, reformulando seu line-up, atraindo um público cada vez mais diverso e trazendo novas atrações. Este ano, completando sua quinta versão, o festival investiu em uma programação diversificado, abriu espaço principalmente para o Rap e o Hip-Hop, e trouxe atrações divertidas como cama elástica, balão, tobogã e lojas.

Até nos headliners haviam diferentes gêneros musicais: o rock ficou por conta do ex-Oasis Noel Gallagher’s High Flying Birds e Tame Impala, o soul no vozeirão da Brittany Howard de Alabama Shakes, o pop pelas divas Marina and the Diamonds e Florence + The Machine, o indie pelo Mumford and Sons e Of Monsters and Man e o Rap por Eminem e Planet Hemp.
O primeiro dia
O sábado começou ensolarado com bandas brasileiras para a abertura do festival, como The Baggios, Dônica e Supercombo que disputaram o pós-almoço, porém, o festival só encheu por volta das 15h. Neste horário começou o show dos Eagles Of Death Metal no palco Ônix, sem o líder Josh Homme, mas com uma presença de palco incomparável do vocalista Jesse Hughes. Essa foi a primeira apresentação o grupo para um público grande desde o atentado no Bataclan, em Paris, e mesmo após o trauma, a banda pareceu voltar a ativa com muito vigor e entusiasmo. Jesse Hughes, que não parava de dançar e saltitar pelo palco, mostrou-se muito carinhoso, repetindo diversas vezes seu amor pelo Brasil. Com direito a cover de Save a Prayer do Duran Duran, batalha de solos de guitarras, solos de baixo e bateria, o show foi recheado de momentos íntimos entre a banda e o público.

A tarde o morro do palco Ônix ficou coberto por um público ansioso pela banda folk islandesa Of Monster and Man, que provou ter uma fã base forte no Brasil. Apesar de só terem lançado dois discos, o show foi cantado em coro pela plateia, encantando principalmente a vocalista Nanna Bryndís Hilmarsdóttir, que agradeceu todo o carinho com sua voz suave. O encerramento ficou por conta dos hits Little Talks e Six Weeks, cantados a plenos pulmões pelos fãs.
https://www.youtube.com/watch?v=S58biNlQHRg
Ao anoitecer, Tame Impala tomou conta do palco Skol com sua psicodelia característica. Kevin Parker e companhia já vieram outras vezes para o Brasil, mas esse foi o primeiro show em que eles tocaram músicas do seu novo disco, Currents, que dividiu opiniões a cerca do seu carácter pop. Mesmo assim, a banda tocou um total de seis faixas do álbum, mas sem deixar os clássicos Elephant e Feels Like We Only Go Backwards, esta última que com New Person, Same Old Mistakes, conhecida também na voz da Rihanna, fecharam um show recheado de efeitos psicodélicos e papel picado.

Concorrendo com o show do Mumford & Sons no palco Ônix, Die Antwoord fez um dos melhores concertos do festival no palco Axe. A banda sul-africana de rap assustou e surpreendeu o público com seu estilo esquisito, mas o delírio foi tanto que o líder NINJA se jogou e surfou pela plateia. Yo-Landi com sua voz fina e corpo pequeno fez seu próprio espetáculo, cantando e dançando suas canções. Um dos shows mais insanos do Lollapalooza, no bom sentido, marcado por maluquices, batidas eletrizantes pelo DJ Hi-Tek que se apresentou com uma máscara de macaco, cheio de singles como Ugly Boy, Fatty Boom Boom e o final ficou por conta de Enter The Ninja.

O encerramento do dia foi dividido entre os shows do rapper Eminem no palco Skol e da cantora pop Marina and The Diamonds no palco Axe. Ela que havia cancelado sua vinda para o festival em 2015, mas cumpriu sua promessa na noite do dia 12. O sábado finalizou no saldo positivo, com shows que agradaram os diversos públicos, desde o pop e o folk até o rock e o rap.
O segundo Dia
O domingo, 13 de março, começou nublado e a chuva que não havia caído no dia anterior, fez sua presença desde tarde até a noite. O dia começou com um incrível show da rapper Karol Conka, que atraiu um grande público para ouvir suas músicas empoderadoras e seus discursos feministas, que levaram a plateia feminina ao delírio. Com uma surpresa ao final, o espetáculo teve a presença da MC Carol que levou toda a galera a dançar até o chão.
https://www.youtube.com/watch?v=lHfSuvJmr7U
À tarde, o morro do palco Ônix voltou a se encher pelo show da banda Alabama Shakes, liderada pela vocalista Brittany Howard, que arrepiou a plateia com sua voz potente. Os singles dos dois álbuns da banda sacudiram o Autódromo de Interlagos, como Future People que abriu o show, Don’t Wanna Fight e Hold On.

Outro espetáculo que lotou o palco Skol foi o show do Noel Gallagher, que apesar de estar divulgando sua carreira solo, alegrou os corações dos fãs de Oasis e cantou cinco músicas da banda. O público era formado por alguns que apreciavam o trabalho dos dois discos da sua banda intitulado High Flying Birds, e outros mais fãs da antiga banda inglesa, porém os highlights ficaram por responsabilidade dos ‘covers’ de Oasis das canções Champagne Supernova, Listen Up, Digsy’s Dinner, Wonderwall e da que fechou o setlist, Don’t Look Back in Anger.
https://www.youtube.com/watch?v=3KI1nhLEAwA
Encaminhando para o encerramento, Jack U e Emicida disputaram horários, porém o duo dos DJ’s Skrillex e Diplo fizeram um show memorável para o público brasileiro: chamaram o MC Bin Laden para cantar o hit Tá Tranquilo, Tá Favorável, que sacudiu o festival.
Logo após, o palco Skol alocou uma obra de arte de espetáculo. Florence + The Machine mostrou toda a sua magia e sucesso num show memorável, que apesar da chuva e som baixo, não desanimou a plateia. Com uma carisma sem igual, a cantora emocionou os fãs e encantou aqueles que apenas a admiravam, ao cantar diversos singles como Ship To Wreck, What Kind a Men, Sweet Nothing, porém o ponto alto foi com o coro em Dog Days Are Over, canção que lançou a artista em 2009.

Seguindo a tradição, o Lollapalooza encerrou mais uma edição com um espetáculo de fogos de artifício que foram ínfimos perto dos shows memoráveis, principalmente daquele domingo, como da Florence + The Machine e do Noel Gallagher, ou do sábado, como Die Antwoord e Of Monsters and Man. A experiência que fica parece nostálgica e supera as expectativas do público que frequentou as outras edições, configurando-o com um verdadeiro festival de música contemporâneo, ao trazer tantos gêneros e artistas distintos.
Por Lidia Matos
lidiamcapitani@gmail.com