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A Mula tem diversos problemas éticos

Há histórias que cativam e emocionam. Seja por seu enredo que prende o espectador, por personagens bem construídos que são capazes de fazer com que se sinta empatia ou por belíssimas atuações que provocam arrepios. Há outras, no entanto, que decepcionam. Por enredos que jogam informações sem sentido, personagens que não são capazes de transmitir …

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Há histórias que cativam e emocionam. Seja por seu enredo que prende o espectador, por personagens bem construídos que são capazes de fazer com que se sinta empatia ou por belíssimas atuações que provocam arrepios. Há outras, no entanto, que decepcionam. Por enredos que jogam informações sem sentido, personagens que não são capazes de transmitir o que deveriam ou atores que não se encaixam e nem desempenham bem o papel. Todo mundo, provavelmente, já se deparou com os dois tipos de filmes inúmeras vezes.

Não sei se minha visão crítica mudou e não enxergo com naturalidade piadas de mau gosto ou se a sétima arte se tornou uma piada com humor desagradável, para dizer o mínimo. Mas ultimamente tenho me deparado com filmes de cunho um tanto quanto preconceituosos. Este é o caso de A Mula (The Mule, 2019).

O personagem principal, Earl Stone (Clint Eastwood), se vê em momento de desespero: sua casa está hipotecada, precisa ajudar a bancar os custos do casamento de sua neta e seu negócio faliu. Além disso, o antigo floricultor perdeu sua família, já que dedicava todo o seu tempo ao trabalho. Nessa situação ele consegue um emprego de motorista e começa a carregar coisas que ele “não sabe o que são” de uma cidade para a outra, ganhando cada vez mais dinheiro por isso.

Aí surge o questionamento, alguém que lutou contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial não sabe mesmo o que dá tanto dinheiro e pode ser inocente a esse ponto? Minha crença é que não e a forma como o personagem foi construído dá a entender que ele é mau caráter mesmo.

Earl encontra policial durante uma de suas viagens [Copyright 2018 Warner Bros. Entertainment Inc.]
Os motivos por considerá-lo sem índole? Bem, ele perdeu o casamento da filha para ficar no bar com os amigos, o filme deixa claro que não foi porque esqueceu e sim por escolha, mostrando o quão egoísta Earl consegue ser. Além disso, em determinado momento ele decide abrir uma das malas e descobre drogas ilegais dentro delas. Bem, o que ele faz? Aumenta a quantidade transportada, não se preocupando com as futuras consequências de seus atos.

O enredo até tenta exaltá-lo como herói. Mas o fato é que ele optou pelo mundo do crime, independentemente, de suas motivações. Ele também tenta se mostrar como uma pessoa livre de preconceitos, fazendo piadas (em momentos mais do que inadequados) sobre sexualidade e raças. A realidade é um senhor, com cerca de 90 anos, que tenta ser descolado e se mostrar atual, mas falha miseravelmente, já que para início de conversa só consegue transportar tanta carga porque os policiais estão mais preocupados em parar mexicanos do que um senhor americano branco.

Que Eastwood é um ótimo ator não há dúvidas e sua dedicação ao personagem é perceptível do início ao fim. O desenrolar da história e questões técnicas do filme também são excepcionais. Quase sem trilha sonora, que só aparece em festas ou quando Earl dirige sozinho, A Mula conta com um elenco muito bom, com Bradley Cooper e Michael Peña, tendo como resultado atuações belíssimas de se ver. Só falhou mesmo em questões éticas, que ao menos fazem refletir sobre como estereótipos estão enraizados.  

O longa estreia no dia 14 de fevereiro. Veja o trailer:

por Thaislane Xavier
thaislanexavier@usp.br

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