Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel, 2019) é o tipo de filme que enche os olhos. Cheio de efeitos especiais a animação é linda, misturando o real e o computadorizado, fundindo os dois de maneira a te deixar com dúvidas sobre o que foi feito na maquina e o que é real. É de uma beleza única o que se assiste nas telas e impressiona na maior parte do tempo.
O longa é inspirado em um mangá japonês e tem como fundo um cenário pós-apocalíptico. Nessa visão futurística ciborgues e seres humanos convivem mutuamente e com naturalidade. É aí que o Doutor (Christoph Waltz), como é chamado ao longo da trama, encontra parte de uma ciborgue e decide remontá-la e criá-la como se fosse sua filha. No entanto, a garota não possui memórias e sabe apenas que é excelente lutadora, conhecendo artes marciais que poucos sabem.
Até aí o filme não decepciona. Porém, seus personagens são mal construídos e pouco se sabe sobre a vida deles antes do momento em que Alita (Roda Salazar) é encontrada ou porque tomaram certas decisões. A ex mulher do médico, por exemplo, começo a montar ciborgues que jogam MotorBall (jogo violento nos quais para se vencer tem que matar ou machucar muito seus concorrentes, o vencedor é aquele que passar maior tempo com a bola intacto), o mesmo tipo que matou sua filha, e não se tem nenhuma explicação dos motivos que a levaram a isso. O passado da personagem principal, apesar dela ter flashbacks, não é entendido por completo, deixando várias lacunas sobre a história da personagem.
Outro grande problema do longa é a construção das relações. A preocupação foi tanta em cenas de luta incríveis, diga-se de passagem, que faltou um pequeno detalhe: como os sentimentos se desenvolvem. Ao telespectador dá a entender que com pouco tempo de convivência e gestos que nem sempre significam muito os personagens já são capazes de sacrificar suas vidas por aqueles que os cercam.
Mas não é só de defeitos que o filme é feito. Os efeitos sonoros, além dos visuais, são incríveis, sendo colocados nos momentos apropriados e nada de utilizar aqueles clichês de tensão. Ao invés disso, explosões e momentos de drama e medo são acompanhados de uma trilha sonora que não deixa a desejar.
Alita também é uma personagem forte. A vontade de ser dona do seu próprio nariz às vezes não passa de rebeldia, porém a personagem se vira muito bem e não tem medo de encarar qualquer coisa que venha pela frente. O fato dela não ter medo de enfrentar as consequências de seus atos, nem de tomar decisões que considera válidas é incrível, tornando-a uma personalidade admirável.
Alita: Anjo de Combate divide opiniões. Os fãs do mangá dizem que não há comparações e que hollywood falhou, novamente, ao tentar imitar um clássico japonês. A falta de profundidade dos personagens e sua relação também é um problema. Mas o filme dá um show de efeitos especiais, empoderamento e boa trilha sonora. O final é sem dúvida um grande motivo para assistir o longa.
A estreia está prevista para 14 de fevereiro. Veja o trailer aqui:
por Thaislane Xavier
thaislanexavier@usp.br