Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Amityville: o despertar de mais um pouco do mesmo

Ir assistir ao décimo filme de uma saga de terror com um pé atrás é quase natural. Principalmente quando se trata do assunto mais batido entre os terrores das telonas: a casa mal assombrada. Indo com um pé atrás, logo, há chances do espectador ser surpreendido positivamente. Afinal, não é que aquele “só mais um …

Amityville: o despertar de mais um pouco do mesmo Leia mais »

Ir assistir ao décimo filme de uma saga de terror com um pé atrás é quase natural. Principalmente quando se trata do assunto mais batido entre os terrores das telonas: a casa mal assombrada. Indo com um pé atrás, logo, há chances do espectador ser surpreendido positivamente. Afinal, não é que aquele “só mais um Amityville” acabou lhe pregando uns sustos? Conclusão fácil, e que provavelmente trará a Amityville: O Despertar (Amityville: The Awakening, 2017) um relativo sucesso de bilheterias mesmo após a estrondosa e recente estreia de It: A Coisa (It, 2017), que já lidera o ranking de faturamento no mundo do terror deste ano.

É uma conclusão, porém, que não eleva o filme a um patamar de qualidade considerável. Porque não é só de sustos que vive o terror, mas de uma série de outros fatores que não é necessário  elencar aqui, pois são os mesmos a qualquer outra categoria do cinema. O que mais irrita seriamente, aliás, é o terror que serve apenas para assustar, mandando outros recursos tão preciosos para o espaço e se limitando a incessantes jumpscares. O mais novo Amityville não é exceção. Ele é mais um dentre tantos com um roteiro previsível, personagens fracos, passagens bem cafonas, maquiagem exageradas. Uma produção insossa, insistindo na tentativa vã de dar sobrevida a uma série que já deu o que tinha que falar há tempos.

Vamos ao enredo: a história se passa 40 anos após o evento real que deu origem a toda a saga. Em 1974, um estranho assassinato acabou com seis integrantes da família DeFeo, todos mortos a tiros em suas respectivas camas, dentro de uma casa no vilarejo de Amityville. O único sobrevivente foi Ronald DeFeo Jr, o filho mais velho, que se entregou às autoridades como culpado e que até hoje pode ser encontrado detido na penitenciária de Green Haven. O assassinato envolve questões nunca respondidas com clareza, a exemplo: como alguém conseguiria matar a tiros seis pessoas, localizadas em cômodos distintos, sem sinais aparentes de reação e de sedação? Como não acordaram com o barulho, não se moveram? Por seus mistérios, a casa se popularizou como mal assombrada e virou um ícone do terror nas telas.

Na mais recente versão, uma família com mãe solteira e fatigada, filha pequena, outra mais velha de estilo gótico/muita sombra preta/temperamento complicado, e um filho em estado vegetativo, em coma já há dois anos, mudam-se para o local mal assombrado. Todos na cidade conhecem o histórico da casa e pouco demora para que Belle (Bella Thorne), a adolescente que no começo já se mostra protagonista, descubra sobre ele.

Desde o início, ouvem-se vozes em sussurros e a madeira ranger. Barulhos estão por todos os lados e Belle os enfrenta com estranheza e curiosidade. Em uma das primeiras madrugadas, ela já sai espreitando os cantos escuros com seu pijaminha sensual à moda Avril Lavigne, fechando janelas que se abrem sozinhas. Seu irmão, que há anos não demonstrava qualquer sinal de vida, começa a acordar, aparentando desde sua primeira aparição um poderoso chamariz de coisa ruim. Já é fácil imaginar o que virá a partir daí.

Apesar dos pesares — que a propósito são vários — o filme não é de todo ruim. Ele ganha pontinhos favoráveis com as referências cômicas que faz ao passado, quando os novos colegas da classe de Belle a apresentam à sequência de filmes já feitas sobre o seu novo lar em Amityville. Eles conversam sobre os longas como sendo meras ficções e até zombam do remake feito em 2008. Enquanto eles estão no plano real, as produções do passado são invenção, um passatempo para a madrugada numa reunião de amigos.

A trama vai desenrolando vagarosamente. Em meio a uns e outros sustos, perdemos a conta de quantas noites já se foram, rezando para que a última logo esteja por vir. Até que, quando menos se espera, um turbilhão de acontecimentos explodem na tela, como se alguém tivesse apertado o botão do controle remoto para acelerar os quadros. A impressão deixada é que não sobrou tempo para produzir um final no mesmo ritmo do começo, e que a preguiça em reeditar tudo falou mais alto. Um filme de resolução corrida, que acaba repentinamente e sem efeito algum. Assim como o interesse de um público que desligará a televisão ou sairá da sala de cinema antes dos créditos finais para fazer algo de maior relevância.

Assista ao trailer:

por Laura Molinari
lauratmolinari@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima