A POP MUSIC EMERGENCY IS UNDERWAY 911. Com um tweet, Lady Gaga dava início ao que parecia ser mais uma nova era de disputa entre seus fãs, os famosos “little monsters”, e os “katycats”, como são chamados os mais entusiasmados admiradores de Katy Perry. Apenas algumas horas antes, a californiana lançara “Roar” no iTunes, o primeiro single de seu novo álbum. Enquanto a primeira música de PRISM havia vazado no dia anterior, a madrugada também foi de ansiedade para quem não queria que mais trechos de “Applause” continuassem a aparecer em ótima qualidade. Programado para ser lançado apenas na semana seguinte, o debut do aguardado ARTPOP aconteceu sem que ninguém pudesse conter a vontade da novaiorquina de causar uma Terceira Guerra Mundial entre os fãs no Twitter e no Facebook.
Aliás, basta entrar em qualquer portal com uma pegada pop para ver que mesmo meses depois do lançamento das duas músicas que a rixa entre os fãs continua. Enquanto “Roar” tem um refrão que pede para ser repetido em voz alta, logo após o primeiro contato, e uma letra para aumentar a autoestima de qualquer um, “Applause” é uma prova de que ainda queremos apenas dançar com uma música feita do mais sincero pop despretensioso. De um lado, “little monsters” não cansam de proclamar a superioridade artística (performática, lírica, vocal e teatral) de Gaga, e “katycats” sabem que vale a pena lembrar que em termos de produção e aceitação das rádios, Katy sai na frente por não desapontar. Se enumerar as qualidades da diva preferida não é o suficiente para persuadir o outro lado, os fãs tem usado mão dos números para convencer quem é a melhor.

Entre um Grammy e outro, não podemos esquecer que a voz é importante, mesmo no pop. Nesse quesito, já vimos que Lady Gaga ao piano não decepciona, mas Katy Perry já provou que melhorou (e muito) sua habilidade vocal em atingir notas altas como nas versões de estúdio de suas músicas . Não é só de diferenças que vive a atual “disputa”, mas também de coincidências: além do lançamento dos singles no mesmo dia, os nomes de ambos os álbuns são escritos com letras maiúsculas. Pode parecer pouca coisa para quem aguentou Gaga insistir diversas vezes que escrever “Artpop” é errado, mas foi o suficiente para que os little monsters mais entedidos perceberem que o título se tornou “PRISM” somente algumas semanas antes do lançamento. Se estamos falando dos álbuns, Katy e Gaga também tiveram a mesma ideia e disponibilizaram uma edição limitada com detalhes metálicos nas capas dos discos. Percebendo o buzz diante das controvérsias, a série musical Glee lançou um episódio no qual os alunos do McKinley High tentaram descobrir suas personalidades como performers: “A Katy or a Gaga?”.

Ambas as cantoras já manifestaram ser contrárias a disputa que os fãs vem travado diariamente na internet. Diante dos inúmeros comentários de ódio dirigidos à ela no Twitter, Gaga criou até o slogan “STOP THE DRAMA. START THE MUSIC” (em português, “PARE COM O DRAMA. COMECE A MÚSICA”) e em diversas entrevistas declarou não entender a razão de tanta pressão pelo seu sucesso (ou fracasso) nas vendas. Se a culpa é da indústria do entretenimento ou dos próprios fãs, não há certeza, mas uma conclusão bastante óbvia dos últimos episódios do mundo pop é que o relacionamento entre o ídolo e seus admiradores mudou bastante.
Para Guilherme Jayme, da equipe de redação do Lady Gaga Brasil, principal site dedicado à cantora no país, a rixa entre as divas pop é totalmente criada pelos fãs e acontece porque as fanbases são muito competitivas,enxergando o seu ídolo como melhor do que os outros. “Isso sempre acontece quando os lançamentos são muito próximos, o que aconteceu em 2011 com Lady Gaga e Britney Spears, com “Born This Way” e “Femme Fatale”, esse ano foram os singles e clipes “Applause” e “Roar” e os álbuns “ARTPOP” e “PRISM”, ambas sem material novo a quase dois anos, então a expectativa do desempenho nos charts é muito grande e a briga acontece porque os fãs começam a argumentar cantando vitória antes da hora e humilhando com a intensão de diminuir a carreira do outro artista comparando com a do seu ídolo”, explica.
Segundo Guilherme, a função de um fã site é informar sobre tudo o que está acontecendo com o ídolo. “É uma tarefa muito complexa, uma vez que deve ser noticiado todas as vezes que o artista sai na rua em um país ou cidade diferente com uma roupa diferente, quando concede novas entrevistas e divulga novos projetos, alem das constantes atualizações dos charts e redes sociais”, diz. Em sua opinião, muitos portais entretenimento, moda e cultura pop, as notícias relacionadas à cantora são abordadas de maneira errônea ou tendenciosa, mas ele acredita “que somos formadores de opinião, logo o que escrevemos é de extrema responsabilidade, pois é interpretado pelos leitores como verdade absoluta”.

Por Fernando Souza