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‘Cha Cha Real Smooth’: mais difícil do que ser é tornar-se adulto

O filme queridinho do Festival de Sundance de 2022 é uma história que emociona na mesma medida em que faz rir

Crescer é difícil. Esse é um fato estabelecido pelo cinema já há algum tempo, principalmente nos conhecidos filmes coming of age. Adolescentes têm que lidar com a transição entre o Ensino Médio e a faculdade, o que significa também lidar com a iminente adultez batendo à sua porta. O que os filmes muitas vezes ignoram é que, passada essa transição, a vida adulta continua batendo à porta e que, não importa quantas vezes atendamos ao chamado, o ideal de ser adulto nunca parece ser alcançado. Cha Cha Real Smooth – O Próximo Passo (2022) vem para explorar esse dilema.

Andrew (Cooper Raiff) é um jovem de 22 anos que se encontra perdido após terminar a faculdade, então decide voltar para sua cidade natal. Lá ele conhece a elusiva Domino (Dakota Johnson) e sua filha Lola (Vanessa Burghardt) e sua relação com as duas o ajudará a navegar por esse período de transição em sua vida. O filme é, assim, uma espécie de coming of age, tanto para a personagem de Raiff quanto para a de Johnson. A oposição entre os dois é, talvez, a parte mais interessante do filme, uma vez que, apesar de estarem em pontos diferentes de suas vidas, Domino e Andrew passam pelo mesmo processo de “tornarem-se adultos”, ainda que de maneiras diferentes.

Cooper Raiff e Dakota Johnson em cena de Cha Cha Real Smooth. [Imagem: Divulgação/Apple TV+ Press]
A dramédia estreou no Festival de Sundance em janeiro com aplausos e chegou mundialmente ao catálogo da Apple TV+ no dia 17. A aclamação da crítica não foi à toa. A obra navega com sensibilidade por temas como saúde mental, família e autismo e foge de maniqueísmos ao construir seus personagens, principalmente com a Domino de Dakota, atriz que, entre Cha Cha e A Filha Perdida (The Lost Daughter, 2021), já se tornou especialista em interpretar jovens mães misteriosas.

Dakota Johnson em A Filha Perdida, indicado a três Oscars em 2022. [Imagem: Divulgação/Netflix]
E não se pode falar de Cha Cha Real Smooth sem falar de Cooper Raiff. Seu DNA está espalhado por todo o filme: ele não só estrelou, como também dirigiu e roteirizou a obra. Esse é apenas o segundo longa de Raiff, que fez a sua estreia em 2020 com O Calouro (Shithouse), no qual ele também cumpria o papel tríplice de diretor, roteirista e protagonista. O jovem autor, intencionalmente ou não, não esconde sua pouca idade em suas obras – Raiff tem apenas 25 anos. Cha Cha traz uma perspectiva muito jovem à tela, o telespectador enxerga todos os outros personagens pelos olhos de Andrew – que, pelo teor tão autoral do projeto, pode ser confundido com seu intérprete. Nesse sentido, o público tende a ficar sempre do lado do protagonista, o que nos permite quebrar a cara junto com ele.

Outro destaque do filme é a representatividade para pessoas neurodivergentes. Lola tem autismo e a estreante Burghardt, que dá vida à personagem, também. Apesar de parecer óbvia, a escolha da atriz para o papel vai de encontro à tendência de Hollywood de elencar pessoas neurotípicas para papéis do tipo, o que, junto com a realista construção da personagem, torna Lola uma grata surpresa.

Cha Cha foi o primeiro filme de Vanessa Burghardt, que tem apenas 18 anos. [Imagem: Divulgação/Apple TV+ Press]
Assim, Cha Cha Real Smooth acerta em abraçar sua jovialidade sem medo de tratar temas importantes. Quem embarcar nessa jornada vai rir, chorar e terminar o filme com um quentinho no coração.

O filme está disponível para assistir no Apple TV+. Confira o trailer:

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