Um dos grandes queridinhos da Netflix finalmente chegou ao fim. A Barraca do Beijo 3 (The Kissing Booth 3, 2021) marca o tão requisitado, por bem ou por mal, término da jornada de Elle (Joey King).
Depois de ser aceita em duas das melhores universidades dos Estados Unidos (com uma carta de motivação totalmente genérica, diga-se de passagem), Elle mantém a mentira de que na verdade ficou na lista de espera. Dividida entre ir para Berkeley ao lado de seu melhor amigo Lee (Joel Courtney) ou estudar e morar em Harvard com seu namorado Noah (Jacob Elordi), ela tenta ganhar tempo durante as férias de verão para tomar a sua decisão.
Após os pais de Noah e Lee terem dito que venderiam a sua casa de praia em poucas semanas, os meninos, Elle e Rachel (Meganne Young) decidem passar as férias ali, com o intuito de terem o melhor verão de todos antes de irem para a faculdade. Para isso, a protagonista e o seu melhor amigo tentam realizar todos os itens de uma lista que fizeram quando crianças.
Em vários pontos, A Barraca do Beijo 3 repete a fórmula dos dois primeiros da trilogia, e essa nova lista exemplifica bem isso. Com uma montagem de cenas que vão desde paraquedismo e nado com tubarões até competição de sumô, os personagens realizam feitos consideravelmente absurdos para cumprir o novo objetivo, mas dignos de uma comédia romântica adolescente.
Enquanto assistia, imaginei que o filme já estivesse acabando e levei um susto ao ver que ainda faltavam 50 minutos para o término, pois já haviam sido apresentadas questões suficientes para um longa-metragem completo. Não fazia ideia de como a história se desenvolveria a partir dali, já que o grande conflito de Elle em escolher qual universidade se matricular é resolvido logo ao início da história. Até mesmo as atividades que realiza com Lee para cumprir a lista não são muito bem exploradas (com exceção da cena em que estão em uma corrida de kart fantasiados como personagens de Mário, que é divertida).
Na verdade, o que acontece é uma sucessão de tramas paralelas que não acrescentam em muito e que inclusive tentam repetir os arcos das obras anteriores. O retorno de Marco (Taylor Perez) serve apenas para reviver o triângulo amoroso que envolve a protagonista, mas sem a mesma relevância de A Barraca do Beijo 2 (The Kissing Booth, 2020), e a volta de Chloe (Maisie Richardson-Sellers) não faz muita diferença mesmo com uma tentativa de aprofundar a personagem.
No entanto o filme ficou mais suportável e interessante ao explorar mais o processo, ainda que lento, de autoconhecimento e amadurecimento de Elle. Embora ainda lidasse com os mesmos conflitos de universidade, relacionamento, amizade e família, ela passa a não se comportar como uma criança birrenta de 8 anos, ao contrário de seu amigo Lee, e a não agir como uma namorada totalmente insegura e instável do mesmo jeito que Noah. Ainda que cometesse erros típicos de uma pessoa em processo de transição, afinal, não se pode exigir absoluta maturidade de alguém que acabou de sair do ensino médio, Elle se difere de seus amigos ao demonstrar o mínimo de noção de empatia e de reflexão sobre suas próprias atitudes.
Mesmo com toda a vergonha alheia e com o fortalecimento da ideia de que os recrutadores de universidades como Harvard, Berkeley e USC não são muito criteriosos quanto à seleção de alunos, A Barraca do Beijo 3 consegue, ainda que lentamente, conceder um desfecho razoável à trilogia. Poderia ser pior.
A Barraca do Beijo 3 está disponível para os assinantes da Netflix. Confira o trailer legendado:
*Imagem da capa: Divulgação/Netflix