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Catar 2022 | Em jogo de tempos distintos, Estados Unidos derrota Irã e se classifica para as oitavas de final da Copa do Mundo do Catar

Seleção iraniana jogava pelo empate, mas foi pouco criativa e viu os estadunidenses vencerem por 1 a 0, pondo fim ao sonho da classificação inédita do Irã em meio a tensões geopolíticas

Após 24 anos, Irã e Estados Unidos voltaram a se enfrentar em uma Copa do Mundo. Na última ocasião, na Copa do Mundo da França, em 1998, a seleção iraniana conquistou a sua primeira vitória em mundiais (2 a 1), enquanto a estadunidense amargurava sua pior participação em Copas do Mundo, com três derrotas em três jogos e a última posição na classificação geral. O Irã tinha, em seu elenco, o ídolo, camisa 10 e segundo maior artilheiro da história por uma seleção em partidas oficiais, Ali Daei. Já os Estados Unidos tinham Claudio Reyna, o Capitão América, pai do hoje jovem jogador da seleção, Giovanni Reyna. Hoje, os personagens são diferentes, mas o confronto foi tão aguardado quanto.

As tensões pré-jogo

Além de todo o histórico de tensões e confrontos entre Estados Unidos e Irã e da situação vivida pelo país asiático, com seu povo sofrendo a repressão do regime teocrático aos protestos a favor dos direitos humanos e das mulheres, os últimos dias trouxeram novos elementos para essa história. 

Na primeira rodada, antes da derrota por 6 a 2 pela Inglaterra, os jogadores da seleção iraniana não cantaram o hino nacional em forma de protesto contra o governo do país. No jogo seguinte, diante do País de Gales, e no de ontem (29), os atletas entoaram o hino sem entusiasmo. A CNN noticiou que essa mudança de atitude teria ocorrido devido às pressões internas do governo e da Guarda Revolucionária Iraniana, que acompanha a delegação e teria ameaçado os jogadores e suas famílias caso eles fizessem mais protestos. O treinador Carlos Queiroz, em sua segunda passagem pela seleção, saiu em defesa dos atletas após a estreia.

Mais recentemente, no dia 27, a Federação Iraniana de Futebol (FFIIRI) entrou com um pedido de exclusão da seleção estadunidense da Copa do Mundo do Catar devido a uma publicação realizada pelo Twitter da Seleção de Futebol dos Estados Unidos que, ao apresentar o Grupo B da Copa, mostrava a bandeira iraniana sem o emblema da República Islâmica ao centro. A ação foi movida pelo Irã no Comitê de Ética da Fifa pedindo 10 jogos de suspensão para a seleção americana, que afirma que o fato ocorreu em apoio às mulheres do Irã.

A polêmica publicação da conta oficial da seleção de futebol masculino dos Estados Unidos. [Foto: Reprodução/Twitter @nietzsche4speed]

Em entrevista no pré-jogo, o capitão americano Tyler Adams (23) foi criticado por um jornalista iraniano devido à pronúncia incorreta do nome de seu país, e posteriormente questionado pelo repórter à respeito de sua posição sobre o racismo e a discriminação em seu país. Adams, que é negro, reconheceu que esse é um problema não só dos EUA, como global, mas disse que vê sua nação em progresso.

Na mesma coletiva de imprensa, o treinador Gregg Berhalter disse que a partida da noite do dia 29, em Al Thumama, seria “somente mais um jogo de futebol”, evitou entrar nos assuntos políticos, e preferiu não comentar as declarações consideradas preconceituosas do ex-treinador da seleção Jürgen Klinsmann, que foi rebatido por Carlos Queiroz.

Antes da partida, um torcedor dos Estados Unidos foi detido pela polícia local por utilizar uma braçadeira de arco-íris em alusão à bandeira do movimento LGBTQIA+, que vem sofrendo uma série de proibições no Catar, país onde ser homossexual, por exemplo, é proibido. 

Brian Davies (destaque) faz parte do grupo American Outlaws (“Americanos fora da Lei”, em tradução livre), torcida que se manifestou nas redes sociais dizendo que Brian não foi o primeiro a ser detido. Ele foi liberado depois. [Foto: Reprodução/Twitter @belemtransito]

Primeiro tempo: domínio americano

O Irã, que repetiu a escalação da vitória contra Gales, até tentou ter mais a posse da bola nos primeiros 10 minutos, mas a iniciativa não durou muito tempo. Os Estados Unidos rapidamente encaixaram seu esquema com três jogadores muito móveis no meio-campo – com destaque para Adams, que defendia e armava com maestria – e passaram a municiar melhor o trio de atacantes, que é igualmente jovem e com alto potencial técnico e físico. 

Esse contraste, da segunda seleção mais jovem da Copa do Mundo, diante do elenco mais velho da competição, ficou claro na dificuldade do Irã em fazer a marcação. A linha defensiva, que a princípio teria quatro defensores, chegou a ter cinco e até mesmo seis dependendo da quantidade de estadunidenses atacando.

O jogo começou com poucas chances. O goleiro iraniano Beiranvand, recuperado da lesão que sofreu no jogo de estreia, fez duas defesas simples em tentativas de cabeça de Pulišić, aos 11’, e de Weah, aos 28’. Aos 33’, Weah finalizou para fora, após jogada pela direita. Os Estados Unidos seguiram  pressionando, e aos 38’ McKennie encontrou Dest, que tocou de cabeça para o meio da área. Pulišić se antecipou à marcação e mandou para as redes: 1 a 0. 

O camisa 10 sentiu uma lesão após a jogada e acabou tendo que ser substituído no intervalo. Ainda deu tempo de Weah marcar o segundo para os Yankees, mas o gol foi anulado por posição irregular do atacante.

Sob alerta. A seleção estadunidense disse que o “LeBron James do futebol” sofreu uma contusão pélvica, e que deverá ser reavaliado dia-a-dia. [Foto: Reprodução/Twitter @paisoltaram]

Segundo tempo: muita luta, pouco resultado.

A seleção iraniana voltou alterada para a segunda etapa. Carlos Queiroz tirou o artilheiro Azmoun para colocar Ghoddos, jogador de meio de campo. A intenção era clara: aumentar a criatividade de uma equipe que tinha dois atacantes de ótima qualidade, mas nenhum meia para servi-los. No início, pareceu funcionar, e Ghoddos teve duas oportunidades: aos 52’, após cruzamento de Rezaeian, cabeceou para fora, e aos 65’, em passe de Gholizadeh, pegou de primeira com a perna direita, e a bola passou raspando rente ao ângulo esquerdo do goleiro Turner.

O Irã seguia com dificuldades na criação, e as alternativas no banco eram escassas. Jahanbakhsh, que seria importante peça de velocidade pelos lados, não estava disponível por suspensão, restando a Queiroz colocar jogadores menos ofensivos na equipe. Foi só aos 78’ que Ansarifard, experiente centroavante e autor de gols decisivos pela seleção, foi colocado em campo, no lugar de Gholizadeh. Aos 93’, Rezaeian cobrou falta na primeira trave e Pouraliganji tocou para fora. Nos últimos lances, aos 98’, quase deu para o Irã: Taremi recebeu do alto e dividiu com o goleiro. Zimmerman afastou o perigo, mas a equipe iraniana ficou reclamando de um possível pênalti sobre seu camisa nove. Nada foi marcado.

Pelo fator geopolítico, pelo fator emocional e pela superação iraniana dentro e fora de campo, foi uma lástima que a classificação inédita não tenha vindo justamente contra um rival histórico e para quem o Team Melli jamais perdera até esta partida. Ainda assim, a garra dos jogadores precisa ser exaltada, e o povo iraniano deve se orgulhar de seus guerreiros.

Do lado dos Estados Unidos, as alterações de Gregg Berhalter foram quase todas protocolares. A equipe deve estar ainda mais bem preparada para a próxima Copa; afinal, será país-sede ao lado de Canadá e México, em 2026. 

Próximos passos

Os Estados Unidos estão classificados para as oitavas de final e vão enfrentar a Holanda, que venceu o Catar por 2 a 0 e garantiu o primeiro lugar do Grupo A, no sábado (3), ao meio-dia, em Doha. Os Yankees juntam-se, agora, à França, que se classificou graças à vitória contra a Dinamarca, na segunda rodada, ao Brasil, que conseguiu a vaga ao vencer a Suíça, e Portugal, que venceu o Uruguai e também se classificou com uma rodada de antecedência – além, é claro, da Inglaterra, primeira colocada do Grupo B, que joga contra Senegal no domingo (4), às 16h, em Al Khor.

*A programação está no Horário de Brasília (UTC/GMT – 03:00)

Ficha técnica:

Irã (4-4-1-1): Beiranvand; Rezaeian, Hosseini, Pouraliganji, Mohammadi (Karimi, 45’+3); Gholizadeh (Ansarifard, 78’), Ezatolahi, Nourollahi (Torabi, 71’), Hajsafi (Jajali, 72’); Taremi; Azmoun (Ghoddos, 46’). [Arte: Ricardo Thomé]

Estados Unidos (4-3-3): Turner; Dest (Moore, 82’), Carter-Vickers, Ream, Robinson; Musah, Adams, McKennie (Acosta, 65’); Weah (Zimmerman, 82’), Sargent (Wright, 77’), Pulišić (Aaronson, 46’). [Arte: Ricardo Thomé]

Gol: Christian Pulišić (38’), assistência de Sergiño Dest.

Cartões amarelos: Hossein Kanaani (banco), Majid Hosseini (77’) e Abolfazl Jajali (90+6’) – IRA / Tyler Adams (43’) – EUA

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