O Instituto Tomie Ohtake, Fundação Bienal de São Paulo e Fundação Pierre Verger apresentam a exposição Percursos e Memórias. Francês naturalizado brasileiro, Pierre Edouard Leopold Verger foi fotógrafo, etnógrafo, antropólogo e escritor. Seu acervo teve início em 1932, quando ele decidiu unir a paixão pela fotografia com sua vontade de viajar para conhecer e registrar outras pessoas e lugares com uma Rolleiflex. Anos depois, ele fundou, em 1934, a Alliance Photo, uma agência fotográfica.
Seu período no Brasil foi dedicado aos estudos e inserção na cultura negra da África e do Brasil, o que resultou em diversos livros e ensaios sobre a temática. Aqui, Verger foi professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA), foi peça chave no processo de fundação do Museu Afro-Brasileiro e viveu até seus últimos dias de vida.
Foi a partir de uma imersão em documentos, anotações e arquivos do acervo que os curadores Priscyla Gomes do Instituto Tomie Ohtake e Alex Baradel da Fundação Pierre Verger puderam compilar o material exposto, o qual reúne mais de 300 itens de viagens, que compõem documentos, anotações e, principalmente, fotografias entre os anos de 1932 e 1970. Os principais cliques se passam pela Europa, Ásia, América e Oceania, com enfoque no Nordeste brasileiro, na América Andina, África Ocidental, Polinésia, China e Japão.
A combinação entre imagem, escritos e uma extensa pesquisa resultou em um vasto panorama etnográfico e cultural dessas diferentes regiões, configurando o artista como pioneiro nas abordagens intimistas, que vão além do óbvio na representação de diferentes povos.
A exposição propõe relatar as diferentes viagens de Verger, utilizando esses percursos para narrar como o artista tornou-se pioneiro em muitas de suas abordagens sobre fotografia, no registro e investigação dos locais aos quais visitava e na sua forma de estabelecer diálogo com diferentes populações. O olhar humano e o zelo pela cultura das diferentes etnias é o que prevalece em toda a exposição.
Por fim, o destaque fica com o ano de chegada do fotógrafo no Brasil em 1946, que deu início à sua pesquisa afro-americanista e africanista e propiciou importantes desdobramentos na sua trajetória como fotógrafo e acadêmico. Foi a partir desse sincretismo que Verger passou a registrar também por escritos as informações coletadas em suas viagens entre o Brasil e a África e a desenvolver artigos acadêmicos que, posteriormente, renderiam o título de Doutor pela Universidade Sorbonne.
Com um acervo extenso e detalhado da obra de Pierre, a exposição teve início em 13 de agosto e se estenderá a 21 de novembro de 2021, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo – SP.