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Faltou ser punk, Roque

Qual pode ser o maior pecado de um documentário? Patinar num tema interessante e desperdiçar profundidade? Escolher entrevistados de alto calibre, mas perguntar só banalidades? Usar recursos visuais que lembram aqueles e-mails com PowerPoint? A arte de interpretar – a saga da novela Roque Santeiro (Idem. 2012.), de Lúcia Abreu, tem tudo isso e mais …

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Qual pode ser o maior pecado de um documentário? Patinar num tema interessante e desperdiçar profundidade? Escolher entrevistados de alto calibre, mas perguntar só banalidades? Usar recursos visuais que lembram aqueles e-mails com PowerPoint?

A arte de interpretar – a saga da novela Roque Santeiro (Idem. 2012.), de Lúcia Abreu, tem tudo isso e mais um pouco. Com depoimentos de José Wilker, Aguinaldo Silva, Regina Duarte, Lima Duarte e Boni, entre outros, o documentário, em cartaz na 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, tenta um novo olhar sobre o fenômeno de audiência dos anos 1980, mas no fundo é um longo extra de DVD, um making of.

Não faltam possíveis abordagens diferenciadas. A sinopse da novela é cáustica por si só: a cidade de Asa Branca vive da memória de um herói supostamente falecido, Roque Santeiro. Um dia, o homem misterioso volta e, a partir dessa “ressurreição”, a cidade inteira sofrerá com o abalo desse mito.

Concebida em 1975, Roque Santeiro sofreu com a censura e teve de esperar dez anos para ir ao ar. Reformulada, tornou-se um sucesso de audiência na Rede Globo. No documentário, os múltiplos enfoques interessantes acabam por reduzir-se a curiosidades de bastidores e a elogios e tapas nas costas mútuos da equipe e elenco.

A impressão é de que os realizadores se encantaram com os entrevistados famosos e não quiseram encostar ninguém na parede. Os assuntos polêmicos passam pela tela, acenam ao espectador e evaporam, enquanto ouvimos narrarem com detalhes como surgiu um bordão ou a dificuldade de colocar chifres no capô da limusine de um dos protagonistas.

Lima Duarte divulgando o documentário na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

As entrevistas foram muitíssimo bem filmadas, bem iluminadas, o áudio é bem captado. Mas para quê, se as transições são cafonas? Depois de documentários tão refinados visualmente como “Tropicália” e “Raul – o início, o fim e o meio”, as gambiarras na montagem gritam exigindo serem notadas.

O problema maior é o meio em que se assiste ao documentário.Estivéssemos em casa, controle remoto na mão e falta de ideias na cabeça, seria uma boa gastar uma hora e pouco nisso aqui. Talvez seja fascinante para quem comprou os DVDs e ficou horas pensando no quão difícil deve ter sido captar o som das pulseiras de Lima Duarte. Mas para quem vai ao cinema e escolhe esse ingresso em meio a tantas opções da Mostra, o que dá vontade mesmo é de sumir, feito Roque Santeiro.

Por Henrique Balbi
henriquebalbi92@gmail.com

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