No nosso cotidiano, a vontade de controlar o tempo é enorme. Queremos tê-lo absolutamente em nossas mãos a todo momento, para passar rapidamente aqueles momentos de angústia e pressão, enquanto desaceleram os momentos de sentimentos felizes. Infelizmente não somos Cronos, deus da mitologia grega que controlava o tempo, e muito menos sabemos o que poderia acontecer se nossas vidas parassem no tempo por nossos atos egoístas. Esse é um dos dilemas centrais de O Anjo do Relógio (El Angél en el Reloj, 2017), um dos filmes que abriram a 26ª edição do Anima Mundi na capital paulista.
Amelia é uma garotinha revoltada com o tempo. Por causa da leucemia, não consegue frequentar a sua amada aula de dança, precisa fazer seu demorado tratamento e tomar uma quantidade indigesta de medicamentos. Ela vê seus pais se cobrarem e reclamarem a todo momento de nunca ter tempo suficiente, de modo que também queira seus momentos de alegria prolongados sem dar lugar às lembranças e momentos ruins. Tudo isso a leva à uma mania inusitada de retirar pilhas de todos os relógios de sua casa, até o momento que sua mãe precisa ir à uma loja de reparos. Vendo a curiosa revolta da menina e seus motivos, o relojoeiro a presenteia com um ponteiro mágico (que mostra sua importância ao longo do filme). A aventura tem início quando Amelia recebe a visita de Malachi, espécie de anjo que habita o relógio de seu quarto e a leva para o mundo mágico (e perigoso) entre as engrenagens da máquina de mostrar as horas.
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Nem tudo na dimensão encantada são flores. Enganada pelo vilão No Tiempo, Amelia acaba entregando sua “jóia do tempo”, acreditando que todos seus problemas serão resolvidos, mas com a consequência de todos os seres encantados e ela irão sumir para sempre. Nessa jornada também embarcam Aqui e Agora, duas fadas que tentam provar seus reais valores, Capitão Ponteiro, muito apegado ao passado e seu parceiro Torches a bordo do barco voador Astrolábio.
A explosão de cores e caracterização dos personagens mágicos consegue prender a atenção do público mais jovem durante toda a animação, mas é sua reflexão e dilema inserido em cada personagem que dá uma profundidade e qualidade à produção. Pesos do passado, presente e futuro (os períodos de tempo) são as metáforas utilizadas sobre a forma de lidarmos com a ansiedade e depressão, reunidas de uma forma que o espectador se sinta tocado, enxergando-se na personagem principal e, assim como Amelia, nunca desistir de lutar e ser valente.
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Além da produção mexicana, o 26ª Festival Internacional de Animação do Brasil, Anima Mundi apresenta também outros curtas e longas-metragens nacionais e internacionais. O festival já passou pelo Rio de Janeiro , passa por São Paulo (01 à 05 de agosto) e depois vai para Brasília (08 à 12 de agosto). Em algumas localidades, ainda é possível realizar oficinas de animação. Para saber mais, acesse o site do festival.
Por Beatriz Cristina
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