Quatro amigas em Nova York. Não, não estamos falando do universo colorido de Sex And The City ou Gossip Girl. Hannah (Lena Dunham), Marnie (Allison Willians), Jessa (Jemima Kirke) e Shoshanna (Zozia Mamet) não têm empregos legais, não moram em bairros chiques e não têm carro. Elas têm uma vida amorosa difícil e famílias complicadas. Estão quase nos trinta anos e não sabem o que vão fazer da vida.
Elas são as protagonistas da série Girls, da HBO, que chega agora em sua quinta e penúltima temporada: o programa já está com o fim marcado para 2017. Mas nada de tristezas: a própria multitarefada criadora, roteirista e atriz do seriado, Lena Dunham, vê o momento como oportuno para parar.
Mesmo porque, longe de ser líder de audiência, a série podia parecer convencional nos primeiros episódios lá em 2012, mas logo revelou sua excentricidade. Um belo resumo disso é o título “Como Lena Dunham transformou uma vida de ansiedade, sexo ruim e inúmeros remédios psiquiátricos no programa mais engraçado da TV” que apareceu em uma matéria da revista Rolling Stone.
Não mais do que o esperado: a moça não tem medo de tabus. Trata abertamente de temas como sexo e crises emocionais, tira as roupas em frente às câmeras e virou uma espécie de “líder” feminista da atualidade. Recentemente, causou barulho ao criticar a revista “Tentaciones”, do jornal espanhol El País, por supostamente modificar o seu corpo na foto de capa e deixá-la mais magra.
Longe de ter um corpo de modelo e símbolo da libertação feminina, Lena posa em foto para o seu Instagram. Imagem: Instagram.
A atriz, inclusive, mistura realidade e ficção ao adicionar muito de sua autobiografia, compilada no livro “Não Sou Uma Dessas” (Not That Kind Of Girl), às telas da tevê. Nele ela relata, entre outras coisas, como é fazer uma cena de nudez e como é ser diretora no ambiente majoritariamente masculino de Hollywood. É ali onde ela também conta diversas das histórias que são reproduzidas pelos personagens nos episódios, e não faz nenhuma questão de esconder os detalhes constrangedores.
Desse modo, fica difícil desvincular o programa da imagem de sua criadora, que incorpora a ele muito de si. Para se ter uma ideia, Jemima Kirke, que interpreta a personagem Jessa, é uma colega de Lena do ensino médio. Dunham já se deixou ser tatuada por ela, como Jemima confirmou em entrevista para a Vanity Fair.
História louca? Talvez a série toda seja louca, ou – que tal?- humana demais. Por isso, é difícil escolher um personagem favorito e torcer por ele até o fim, pois alguma hora ele (ou ela) vai pisar na bola e magoar alguém, ser grosso ou apenas egoísta demais.
Ser inconstante, afinal, é uma característica do show, que conquistou dois Globos de Ouro em 2013, nas categorias de melhor atriz de seriado ou musical, para Lena Dunham, e melhor série ou musical do ano, além de um Emmy de melhor elenco de comédia, em 2012. Girls também projetou a carreira do ator Adam Driver, que ganhou o papel de Kylo Ren em Star Wars: O Despertar da Força (2015).
Agora, na quinta temporada, a ideia é que as meninas apareçam mais maduras em relação ao que eram quatro anos atrás, quando deram as caras pela primeira vez. Difícil de acreditar: agora você já deve ter lido o suficiente para saber que não será uma temporada livre de dramas. Apesar de tudo, só o que elas querem, no final, é se divertir. E pelo menos isso elas conseguem.
Por Helena Mega
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