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Jornalista discute a comunicação em Paraisópolis

Evento para alunos de pós graduação da Escola de Comunicações e Artes da USP recebeu Fran Rodrigues, coordenadora do G10 Favelas
Imagem de uma sala de aula com tr~es mulheres, estando duas sentadas e uma em pé.
Por Isabella Lopes (isabella.tomaz.lopes@usp.br) e Luiz Dias (lhp.dias11973@usp.br)

“Nós queremos mostrar o trabalho positivo e as potências da comunidade”. Foi assim que começou o bate-papo entre a jornalista Francisca Rodrigues, mais conhecida como Fran, e os pós-graduandos em Ciências da Comunicação da ECA-USP, no dia 8 de maio. Mediado pela professora doutora Mirian Meliani Nunes, o debate abordou  as possibilidades de adaptar a transmissão de informações em comunidades nos dias de hoje.

Fran Rodrigues tem como área de atuação — e grande paixão — o jornalismo periférico. Ela é diretora executiva da Agência Cria Brasil, projeto de comunicação e tecnologia formado por profissionais e aspirantes de Paraisópolis, com produções voltadas para a comunidade. Além disso, é uma das coordenadoras do G10 Favelas, bloco de líderes e empreendedores das favelas brasileiras.

G10 Favelas

O nome do projeto faz alusão aos grupos compostos por grandes economias, como o G20 (20 maiores do mundo) e o G7 (as sete nações mais industrializadas do planeta). O objetivo principal é fortalecer o empreendedorismo na comunidade e a comunicação das atividades desenvolvidas, como gastronomia, sustentabilidade e moda, por exemplo.

Para Fran, o trabalho do bloco vai além do incentivo ao comércio local e envolve a criação e ampliação do sentimento de pertencimento entre os moradores do local.

“A partir do momento em que você tem orgulho de dizer que mora em um lugar, mesmo com todos os problemas, você sente que precisa lutar para que esse lugar seja melhor.”

Fran Rodrigues

Também conhecido como o “Vale do Silício das favelas”, o G10 auxilia na desmistificação da ideia de que na favela só há criminalidade e pobreza por meio da comunicação. Para Fran, com a colaboração de diversos jornalistas periféricos, unidos mais intensamente a partir da pandemia de COVID-19, foi possível dar mais visibilidade para essas iniciativas locais.

O grupo funciona com três pilares: capacitação, assistencialismo e empregabilidade. Esses formatos promovem o desenvolvimento dos negócios regionais, de modo a tornar possível a circulação do dinheiro dentro da comunidade e, consequentemente, o potencial de consumo da população. 

O tema da palestra foi “Contratos comunicacionais e construção de comunidade”. Imagem: [Isabella Lopes/Arquivo pessoal]

Atuação na pandemia

Para superar as limitações de comunicação entre as organizações e a população durante a pandemia de Covid foram utilizadas diversas estratégias. Elas mesclaram as mídias digitais, como redes sociais e influenciadores, com meios analógicos de comunicação. Também foram usados mecanismos de tecnologia social, como carros de som e minidoors, outdoors em miniatura localizados em muros e paredes de casas pela comunidade. Na visão de Fran, esses  meios de comunicação estão adaptados ao contexto e condição socioeconômica dos moradores da região. 

Outro problema notado pela jornalista foi o aumento do e-commerce e a falta de acessibilidade dessa região pelas empresas de logística tradicionais. Segundo ela, isso aconteceu devido a problemas como residências sem endereço formalizado, números de endereço desordenados e a classificação como “área de risco” imposta  pela maior parte dos serviços de entrega e transporte. Essas questões dificultaram ou inviabilizaram o fornecimento de bens e produtos para uma parcela da população de Paraisópolis. 

“Quando a pessoa não tem endereço é como se ela não existisse.”

Fran Rodrigues

Para solucionar esse problema logístico, a G10 Favelas implementou o sistema “Presidente de Rua”. Nele, cada voluntário nomeado presidente de rua ficou responsável por cinquenta residências, fazendo o mapeamento geográfico da localidade e auxiliando na distribuição de marmitas, remédios e apoio social fornecido pelas diferentes organizações que atuavam na região.

A iniciativa de presidentes de rua deu origem à Favela Brasil Xpress, empresa de logística fundada pelo voluntário Givanildo “Giva” Pereira em conjunto com Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas. 

Outras iniciativas

Mais ações impulsionadas pelo grupo incluem o G10 Bank, banco digital que fornece contas e microcrédito para empreendedores, o Agrofavela Refazenda, voltado à produção agrícola em espaços dentro da comunidade, e o Emprega Comunidades, que oferece cursos de capacitação para a população local e realiza a comunicação com empresas para oferta de vagas. Outras dezenas de iniciativas e programas sociais também são ofertados e/ou impulsionados pelo G10.

Mais informações sobre as iniciativas podem ser encontradas no Instagram @g10favelas e no site g10favelas.com.br. Imagem: [Reprodução/Instagram G10 Favelas]

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