
Com uma proposta de trama muito mais envolvente e original que a do filme anterior, Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018) faz jus à franquia que tinha começado nas mãos de Steven Spielberg. O diretor do primeiro filme, lançado em 1993, cede seu lugar para Juan Antonio Bayona — diretor do terror O Orfanato (El Orfanato, 2017) — que colocou seu tom sombrio no filme.
Após quatro anos da destruição do parque em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, 2015), a narrativa se concentra na ambição de Claire (Bryce Dallas) de salvar os dinossauros de uma extinção que viria a ocorrer, porque na Ilha Nublar um vulcão entrou em erupção e agora ameaça todos os seres vivos ali presentes. Claire, defensora dos dinossauros, pede ajuda à Owen (Chris Pratt) para resgatar os animais da ilha — também para salvar Blue, a velociraptor fêmea que foi treinada e cresceu com Owen — que por fim aceita em ajudar.

Para aqueles que estavam desacreditados na franquia, esse novo filme é muito diferente dos demais. Entre jogos de luzes, posicionamento de câmera e uma melhor intercalação entre CGI e dinossauros animatrônicos, Jurassic World: Reino Ameaçado faz o telespectador pular da cadeira, gritar para a tela e sentir aflição com cada — quase — mordida que um dinossauro dá nas personagens.
A partir da segunda metade, o cenário muda: agora estamos na casa de Lockwood ( cientista que ajudou na descoberta da clonagem de gene que culminou na criação de dinossauros). Ali, Claire e Owen tentam salvar os animais, além de outras coisas que estragariam a surpresa, pois os trailers não mostram a partir daí.

Chris Pratt volta colocando muito mais carisma em Owen — se é que isso é possível — e Bryce Dallas melhora sua atuação, dando mais vida e personalidade à Claire, que em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros era nem um pouco carismática e, consequentemente, se distanciava do público. Outras atuações que enriqueceram a narrativa foram as de Daniella Pineda e Justice Smith, que interpretaram Zia Rodriguez e Franklin, respectivamente. Ambos funcionam como o alívio cômico — e como funcionam. Entre momentos decisivos e paradas para piadas, esse novo leque de atores acrescentou muito para uma maior aproximação com o público, que já estava saturado da mesma fórmula explorada nos quatro filmes anteriores.
Mas uma atuação que merece destaque é a de Jeff Goldblum, que interpreta Ian Malcolm. O filme transita entre a história central e a narração da personagem, que está diante de um juiz e discursa sobre assuntos importantes que correlacionam dinossauros e humanos. Nesses momentos que as frases de efeito correm soltas: ele nos faz pensar no impacto que humanos têm no planeta, além de levantar a metáfora que humanos pensam que “podem brincar de Deus” e que a vida sempre acha um jeito de contornar as situações. Enfim, Jeff amarra o filme do começo ao fim com sua personagem e suas frases impactantes.

Apesar de todos os pontos altos que o filme possui, seu final não é impressionante e não deixa aquele gostinho de quero mais; ele é monótono e transparece uma preguiça de escrever que nenhum outro momento do filme tinha mostrado. Mesmo tendo uma cena — é pós-créditos, então fiquem até o final — que dá a entender que vai ter uma continuação, o modo como termina a narrativa é clichê e sem sal.
O final pode não ter sido um dos melhores, mas com certeza não é um motivo para não ir ao cinema conferir Jurassic World: Reino Ameaçado, que trás uma nova e criativa história com os velhos personagens que conhecemos e adoramos (além de ter direito a muitos outros que enriquecem a trama).
Jurassic World: Reino Ameaçado estreia dia 21 de junho. Confira o trailer:
por Gabrielle Yumi
gabrielleyumif@gmail.com