por Leticia Fuentes
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O novo filme da Warner Bros, Magic Mike XXL (Magic Mike XXL, 2015), que estreia no Brasil no dia 30 de julho, não promete aos espectadores muito a mais do que o filme anterior: um elenco cheio de homens bonitos e um enredo bobo que serve apenas de desculpa para que eles tirem a roupa o tempo todo.
A história por trás das performances acrobáticas que as personagens principais fazem para despir-se é, realmente, ridícula. Mike (Channing Tatum), que no primeiro filme juntara-se a um grupo de strippers, decide largar a profissão para abrir seu próprio negócio. Três anos depois, seus antigos companheiros, que também pensam em abandonar a carreira, convidam-no para um último show. E isso é tudo que acontece em uma hora e cinquenta minutos de filme.
Apesar disso, é possível perceber algumas características interessantes no longa, e talvez este seja o motivo pelo qual ele conseguiu, de certa forma, me surpreender. É notável que a maioria das produções cinematográficas que envolvem strippers como personagens principais sempre explora a figura feminina, o que não acontece no filme em questão. Todas as mulheres que aparecem são ou parte da plateia durante os shows – elas vão às casas de strip a procura de diversão e se sentem livres para viver aquele momento de excitação e desejo, sem medo ou pudor – ou administradoras poderosas, ricas e independentes, que também não têm medo de expressar suas vontades sexuais.
Além disso, o elenco escolhido é bem diversificado. Durante as apresentações do grupo, é possível ver na plateia mulheres gordas, magras, negras, brancas, mulatas, asiáticas e latinas. E isso, acompanhado do discurso predominante de que “todas as mulheres são lindas”, dá um tom mais democrático para o filme, diferentemente de tantos outros longas hollywoodianos em que apenas mulheres brancas e magras são vistas como ”desejáveis”. Nesse quesito, a atriz e cantora Jada Pinkett Smith brilha em seu papel como Rome, uma empresária bem-sucedida, dona de uma casa de prazer para mulheres.
O mesmo ocorre com o grupo de strippers. Nele há negros, brancos e latinos, com destaque para o rapper Donald Glover e atores Joe Manganiello e Adam Rodriguez – este último um descendente de porto-riquenhos e cubanos. Além deles, é claro, não poderíamos nos esquecer do ator protagonista, Channing Tatum, que ultimamente tem ganhado fama com personagens no estilo “galã bad boy” – na mesma linha de seu maior sucesso, Anjos da Lei (21 Jump Street, 2012). Apesar de não sair de sua “zona de conforto” em relação ao comportamento da personagem, ele se sai bem dançando em frente às câmeras.
É claro que o longa ainda está longe de atingir um nível revolucionário quando o assunto envolve questões de gênero e quebra de estereótipos, mas é verdade também que ele não está nem perto de ser o filme mais machista e preconceituoso já criado. Uma frase ou outra dita pelas personagens principais acaba soando contrária às observações aqui feitas, porém, no geral, não é algo predominante. À parte disso, para democratizar ainda mais o filme, poderiam ter optado, também, por incluir personagens homossexuais.
Apesar da história meia-boca e dessas pequenas falhas de roteiro, o filme é divertido e consegue entreter o espectador, mesmo que ele seja um homem heterossexual – ao contrário do que muitos pensam quando são convidados a assistir a um filme com vários homens sarados sem roupa. Não é um longa para se emocionar, nem para morrer de tanto rir, mas ele consegue arrancar algumas gargalhadas e fazer você se esquecer dos seus problemas do dia-a-dia.
A menos que você esteja interessado apenas em contemplar barrigas de tanquinho e homens de tanga, o filme talvez não deva ser a sua primeira opção. Se não tiver uma alternativa melhor, assista. Tampouco é um filme para se arrepender.
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